Janderson, Neymar e o que realmente precisa de atenção no futebol
Opinião de Mayara Munhoz
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Eu amo futebol. Desde que me entendo por gente, gosto de futebol. Meu pai me levava aqui no Jayme Cintra, em Jundiaí, desde antes de eu conseguir ter alguma noção de que aquilo ali não era apenas um monte de gente correndo atrás de uma bola.
E o amor pelo futebol vai muito além do amor por um único clube. Claro que isso vem acima, não tem o que fazer. Mas eu gosto de ver futebol de qualquer jeito. Tem final de semana que vejo cinco, seis jogos de diferentes países e ligas - além, óbvio, das partidas do Corinthians.
E para uma pessoa como eu, esses últimos dias foram tristes. Não sou totalmente contra a modernidade que vem tomando conta do esporte nos últimos tempos. Me julguem, mas até gosto do VAR. Claro, do VAR bem aplicado, rápido e que não deixa mais dúvidas do que soluções - que, como todos sabem, não é o que rola aqui no Brasil.
Acho que tem ainda muita coisa que pode ser melhorada no futebol. Aliás, que precisa. Mas, caros, não acabem com as coisas mais simples e prazerosas desse esporte que deixa tanta gente apaixonada.
Esse final de semana, dois lances ficaram muito marcados e foram muito comentados. Um envolve diretamente o Corinthians. O outro não, mas é tão revoltante quanto.
Janderson, 20 anos, em fase de afirmação na equipe titular do Corinthians. Faz o gol que praticamente sela a vitória em um clássico, dentro de uma Arena Corinthians com mais de 40 mil pessoas e extravasa. Vai para os braços da Fiel. Vai comemorar com aqueles que são parte do time que ele veste a camisa todos os dias.
Ele já tinha cartão amarelo e é expulso. Sim, está nas regras da CBF e da FIFA. Ele até assumiu depois que errou ao não lembrar. Então, não vou criticar o árbitro. O problema é mais em cima: precisam reavaliar isso. Acho que, claro, existem casos que ir até a torcida pode gerar algum tipo de insegurança mesmo. Mas não é o caso em uma escada, dentro da Arena, com torcida única. Poderia ser um dos casos de interpretação do árbitro, já que existem tantos que são permitidos.
O outro lance, acho que todos sabem qual é. Neymar, lá no PSG, na França, dá um drible e é questionado pelo árbitro do jogo. Um drible. Eu nem vou me alongar nesse ponto porque é tão absurdo um drible ser contestado que não preciso falar sobre.
E, veja bem, eu não vou encerrar esse texto apenas dizendo que quero que devolvam meu futebol ou que acredito que vai ser difícil fazer meus filhos amarem tanto esse esporte como eu amo. Isso é bem verdade.
Mas, acho que o principal ponto de tudo não é Janderson não poder comemorar sem ser advertido. Ou Neymar não poder dar um drible. A discussão deveria ser apontada para os tantos problemas do futebol que não são resolvidos. Enquanto o árbitro se preocupa com quem tira a camisa ou quem vai até a torcida comemorar, existem milhares de lances que não penalizados.
Um exemplo disso aconteceu também no clássico contra o Santos. No primeiro tempo, Fagner deu uma entrada mais dura e não levou cartão amarelo (amarelo, ok? Não acho que era caso de expulsão como estão dizendo por aí). Já perdi as contas de quantos lances em jogos pelo mundo todo (e não só no Brasil) tiveram lances que o jogador erra na força, entra mais duro ou algo do tipo e não é punido. Lance de jogo.
Ou seja: comemorar com a torcida não pode, mas bater no jogador adversário pode. É isso?
É por isso que repito: os problemas do futebol são muito maiores que esses dois lances que geraram tanta revolta no final de semana. E as entidades responsáveis precisam urgentemente dar atenção ao que realmente precisa de atenção. Aos erros da arbitragem, aos problemas com o VAR, aos lances perigosos não punidos...
As comemorações? Os dribles? Isso não!
Isso faz parte da mágica do futebol. Isso é o futebol.
Não estraguem isso, por favor.
Uma observação que nada tem ligação com o texto acima. Na sexta passada, eu completei cinco anos de Meu Timão. Gostaria de aproveitar o espaço para agradecer a todos que acompanham o site, que comentam, que criticam e que fazem parte dessa comunidade incrível. É um prazer enorme levar o Corinthians para mais perto de tanta gente.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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