A Fiel deixou de ser fiel?
Opinião de Roberto Gomes Zanin
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Cerca de 12 mil torcedores assistiram à suada vitória contra o Novorizontino, com um golaço de Pablo (que impulsão, hein?)
O público na Arena vem caindo desde o ano passado e muitos perguntam: a Fiel deixou de ser fiel? Lembram que nos anos de fila a torcida perseverou, ano após ano, lotando os estádios até o abençoado 13 de outubro de 1977. Além disso, há os que dizem que o torcedor do nosso estadio é diferente daquele do Pacaembu. Em Itaquera, seria mais impaciente; no Paulo Machado de Carvalho, apoiava os 90 minutos.
Noves fora a mudança do perfil do torcedor corinthiano mais jovem, que se acostumou a ver o time campeão, o principal motivo da equação queda de público + torcida impaciente é o fato de termos vivido 400 dias de más notícias. Parece nome de filme, mas é a realidade.
Desde o apito final do Brasileirão 2015, temos tido só notícias ruins. Que terríveis os dias do início de 2016. Ralf (o monstro), R.Augusto, Jadson (ainda bem que voltou), Gil (nosso xerife), Love, Malcom, todos escorrendo pelos dedos, sob o olhar perplexo do nosso “querido” presidente: “não tem o que fazer. Pagou a multa, leva”, dizia. E que multas baixinhas, hein, seu Andrade?
Sem dinheiro (um dia saberemos realmente por que), teriam que ser cirúrgicos na reposição. Não foram. Contrataram jogadores medianos (alguns abaixo disso, como André Balada) gastando muito. Os nomes vocês já conhecem. A esperança era que Tite tirasse leite de pedra. Apesar da covarde atuação contra o Nacional, no Uruguai, poderíamos ter avançado na Libertadores, caso Romero não perdesse aquele gol feito aos 88 minutos, na Arena.
Então veio mais uma má notícia. Os chefões da CBF viram em Tite a salvação de suas peles e a solução de todos os seus problemas. Perdemos Adenor para a seleção, como já perdemos Luxa, Parreira e Mano. E o pior: nosso genial presidente contratou Cristóvão Sem Curriculum Borges; sai Borges, fica Carille; sai Carille, vem Oswaldo. Que final de ano! Vimos um time sem alma, sem garra, sem nada. Conseguiram ficar de fora das quatrocentas vagas para a Libertadores.
A esperança veio com 2017. Quem sabe um milagre faria nossos cartolas acordarem. Veio o factóide Drogba: mais uma decepção, cuja cereja do bolo foi a humilhante nota agradecendo o africano por nada. E as contratações, a meu ver, ficaram aquém do necessário. Pablo é bom zagueiro, Gabriel pode ser útil (mas precisa de alguém ao seu lado, não dá para cobrir a zaga sozinho) e Jadson promete elevar o nível do time.
Mas são 400 dias de más notícias (Jadson foi a única boa) e, para piorar, vemos os outros se reforçando bem. Nesse quadro, o torcedor, que é feito de carne e osso, prefere não gastar seu suado dinheiro. Quando vai a campo, vai com os nervos à flor da pele. Sejamos realistas. Não nos iludamos. Precisamos qualificar nosso elenco. Não temos jogadores “desequilibrantes”. Será que Jadson dará conta sozinho? Jô vai ressuscitar? Conforme escrevi semana passada, nossa esperança reside na base. Espero que os jovens tenham chance.
ATUALIZAÇÂO: Amigos leitores: vocês estão de parabéns pelo alto nível dos comentários que li até agora. Muito legal a maneira com que debatem as questões deste artigo. Espero que a diretoria do Corinhians leia o que vocês estão argumentando. Grande contribuição. Abraço.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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