Como fala de Carille em 2019 pode 'explicar' oscilação do Corinthians e por que isso seria patético
Opinião de Tomás Rosolino
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O Corinthians viveu anos de glória e, historicamente, o futebol brasileiro reserva um período razoável de intervalo até uma equipe voltar a dominar o seu cenário. Isso não dá ao elenco corinthiano, porém, o direito de "relaxar" em campo por ter conseguido a óbvia obrigação de se livrar do rebaixamento à Série B.
É natural que um time não consiga sempre ser campeão brasileiro ano sim, ano não, emplacar Libertadores e Mundial, ganhar quatro Paulistas, um contra cada rival, sendo dois como visitante... Até entendo que um grupo "relaxe" por um tempo pelo dever cumprido pois o desgaste emocional de estar sempre no topo é enorme, que surja um ano atípico de baixa. A meta, porém, nunca pode ser fugir do rebaixamento - e relaxar depois disso.
Isso vale tanto para o time atual quanto para o do ano passado, que teve desempenho pífio depois de alcançar 41 pontos ainda na 22ª rodada com Fábio Carille. Depois daquilo foram três vitórias, seis empates e sete derrotas no Brasileiro, um aproveitamento na casa dos 30% dos pontos disputados.
"Depois que a gente atingiu 41 pontos, que já não corria riscos, chamou atenção a concentração dos atletas e falei para eles. Isso está sendo um desafio para mim de motivar esses jogadores. O nível de atenção caiu bastante", disse Carille em novembro de 2019 após ser derrotado pelo CSA. Ele cairia dois depois ao perder para o Flamengo.
Neste ano não houve sinalização verbal do técnico de relaxamento por causa do fato de a equipe se livrar do rebaixamento, mas o desempenho é talvez tão errante quanto. Desde os 42 pontos estabelecidos contra o Fluminense, foram três derrotas e apenas uma vitória da equipe.
A oscilação agora está no limite do aceitável para um ano tão atípico, já que envolveu vexame em Dérbi, derrota em casa e outro revés diante de um time que havia vencido apenas um dos seus últimos 11 jogos.
Por jogar no Corinthians, o elenco nunca poderia pensar assim. Estar ou ao menos passar o torneio todo brigando entre os cinco primeiros pelo que ganha o clube com receita deveria ser algo que ocorre quase na inércia, vide o exemplo de times como Flamengo, Grêmio e Palmeiras nos últimos anos. Isso é a obrigação, o mínimo que se espera. O título, não.
Indo além da grandeza da camisa que defendem, é só olhar para o time que tem entrado em campo que ficará claro que sair do rebaixamento é muito pouco para uma reunião de nomes como Cássio, Fagner, Gil, Jemerson, Fábio Santos, Cantillo, Cazares, Otero, Luan e Jô, todos com passagens relevantes por suas respectivas seleções nacionais.
O bom elenco corinthiano, que pode e deve jogar mais do que apresentou nos últimos jogos, agora terá partidas de um campeonato à parte, como reforçou meu amigo Marco Bello, para mostrar que ambição corinthiana não foi reduzida ao ridículo.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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