Ainda falta Corinthians a este Corinthians
Opinião de Walter Falceta
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Reto e claro: o Timão é sangue “nozóio”, aquele mesmo sangue valioso cuja coleta incentivamos em nosso manto sagrado. E isso vale especialmente para os clássicos.
Em tempos recentes, no entanto, essa característica parece adormecida. Já são quatro jogos sem vitória contra o Palmeiras. Contra o Santos, o retrospecto recente também não nos é favorável.
Neste 3 de Abril, mais uma vez, os palestrinos entraram em campo como se disputassem uma final de campeonato, marcando duramente a saída de bola mosqueteira.
O “matusalém” Zé Roberto esbanjava vigor ao impedir a saída de bola dos jovens alvinegros. Elias, ainda fora de forma, tinha dificuldade para fazer fluir o jogo. Bruno Henrique, com suas limitações, pouco fazia para desafogar a meia cancha.
Na frente, Lucca, sofrendo marcação dupla, pouco evoluía. Giovanni Augusto, amarrado na marcação, não era capaz de estabelecer o jogo criativo. Pouco se via de Guilherme em campo, mais uma vez.
Houve quem comparasse a peleja a um jogo de xadrez. Talvez, mas com ânimo maior do time verde, que superava pela vontade a evidente inferioridade técnica. Não havia sido diferente em outros embates recentes do Derby.
Em casa, depois de empate em 2 a 2, perdemos nos pênaltis a classificação à final do Paulista de 2015. No Brasileiro, o mesmo adversário nos impôs 0 a 2 em lotada Arena Corinthians.
Se tratamos dos tiros da pinta de cal, convém marcar a negativa surpresa. Foram dois desperdiçados, em Itaquera, contra a Ponte Preta.
Hoje, constituímos igual oportunidade no pênalti sofrido por Giovanni Augusto. Mais uma vez, no entanto, assistimos à cobrança assustada, boba e previsível: o chute fofo à meia altura, ideal para fazer heróis entre os guarda-metas adversários.
Em geral, erros dessa natureza inflamam o time beneficiado. E, dito e feito, em lance na sequência foi a equipe palestrina vencer a cidadela de Cassio, em lance de validade discutível segundo os entendidos do apito.
Cabe notar, em mais esta derrota para o arquirrival, que faltou a necessária compactação ao meio de campo, onde flutuava artisticamente, no ano passado, o triângulo composto por Elias, Jadson e Renato Augusto; por vezes, um losango, cujo vértice de frente exibia um Love ou Luciano.
Tite certamente saberá aprimorar esta formação. Porém, necessitará de muito empenho e boa prosa. Bruno Henrique precisa daquela cabeça erguida do formidável Ralf. De Guilherme, exige-se que se ofereça ao embate, que produza a sinergia necessária ao pensamento coletivo do jogo.
No caso de André, o trabalho se apresenta como mais árduo. Falta-lhe energia e explosão para o lance final, do que não parece carecer o adversário Dudu.
Quase sempre emparedado pela zaga adversária, nosso homem de frente parte vagaroso para as bolas cavadas de diagonal encomendadas pelo treinador a seus meias.
No caso de Lucca, o que lhe falta é a visualização do ponto futuro. É jogar o “xadrez”, intuindo o que vira depois da interação com os parceiros de ataque. E, sim, botar sangue “nozóio” para decidir a partida quando a chance lhe é oferecida.
Não há desespero e o time do afável gaúcho Tite tem créditos, ainda mais se considerarmos a liquidação R$ 1,99 de atletas ao fim do certame nacional.
Mas há decepção, sim. Os magnatas atletas precisam ouvir mais sobre Neco, Teleco, Idário e Wladimir, e saber com que garra e seriedade enfrentavam o Palmeiras.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.