Três pilares que podem fazer o Corinthians ganhar o bi da Libertadores
Opinião de Ana Paula Araújo
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Nesta quarta-feira, o Corinthians deu um passo importante na busca para a classificação para a Libertadores, e me lembrei que, passeando pelo Fórum do Meu Timão no último sábado, vi um tópico questionando a "fórmula para ganhar a Libertadores".
Comecei a pensar sobre o que faria uma equipe ter mais chances que outra de ganhar o torneio e cheguei à óbvia conclusão de que não há fórmula mágica para ser campeão da Libertadores, mas há um caminho que - se percorrido corretamente - aumenta muito as chances de levantar o caneco da competição.
Alguns pregam que apenas disputar com frequência é suficiente, mas não é. Para vencer a Libertadores, precisamos de três pilares e todos cerceiam o mesmo ponto comum: planejamento.
Qualificação
Quando falamos em elenco qualificado, muitos confundem com elenco caro. E não é verdade.
Os dados do Transfermakt nos permitem fazer uma comparação entre os valores de mercado dos dois finalistas da Libertadores e do Corinthians.
Corinthians | 79,90 M€ |
Palmeiras | 95,50 M€ |
Santos | 54,78 M€ |
O Santos tem um valor bem baixo se comparado ao Corinthians - que não ganhou nada essa temporada e nem está em alguma final.
Alguns não sabem como a equipe da Vila Belmiro chegou à decisão, mas a maioria esquece que ela foi vice campeã do Brasileirão 2019. Em meio às crises política e financeira, o clube conseguiu se reorganizar contando com pratas da casa.
Lucas Braga, Kaio Jorge e Marcos Leonardo são exemplos claros de que nas categorias de base existem jogadores que estão mais que aptos a disputarem torneios profissionais. É só aprender a usá-los. O Santos sabe e não é de hoje.
O mérito aqui da equipe do litoral foi buscar solução caseira.
O Palmeiras é um representante claro de elenco bem qualificado. Teve investimento e soube utilizá-lo. Conta com jogadores pontuais que fazem a diferença. Contrata bem e, por isso, se mantém no topo sempre disputando títulos.
De 2019 para 2020 não houve debandada no elenco palmeirense, pelo contrário.
Rony reforça isso. Foi caro e teve um começo difícil no clube, mas insistiu e foi um dos destaques da competição continental.
Muita gente credita o sucesso do rival palestrino apenas ao patrocínio da Crefisa e sim, é claro que é devido a isso também, entretanto não adianta receber rios de dinheiro se não souber gerir com eficiência.
O Corinthians contrata em quantidade e não em qualidade. O elenco é mais caro que o do Santos e, ainda assim, perdeu para a equipe do litoral.
Gasto excessivo não é garantia de retorno.
Manter o plantel
Depois de montar uma equipe qualificada vem algo muito importante e que não é praticado pelo Corinthians há algum tempo: manter o elenco.
Em 2012, a equipe só se sagrou campeã porque segurou o time vencedor de 2011 e ainda trouxe reforços.
Vejam quem estava na equipe campeão brasileira: Júlio Cesar, Alessandro, Paulo André, Leandro Castán, Fábio Santos, Paulinho, Danilo, Ralf, Wallace, Alex, Willian, Chicão, Jorge Henrique, Sheik, Adriano e Liedson.
Para 2012 ainda contamos com as chegadas de Cássio, Edenílson, Romarinho, Douglas e Paolo Guerrero.
O time perdeu apenas Castán, que foi vendido.
Não vender todo mundo - muito menos por preço de banana - mantêm a qualidade e o entrosamento.
O Palmeiras fez isso bem e e hoje ostenta o título da Libertadores, mais uma vez.
Frequência
Claro que quanto mais o clube disputar uma competição, mais chances de vencer. É a lógica. Porém, nas últimas dez edições, vamos ver quem se classificou mais vezes para a disputa da Taça Libertadores.
Corinthians | 7 vezes |
Palmeiras | 6 vezes |
Santos | 5 vezes |
O Corinthians esteve na competição em sete oportunidades e foi para uma final. Palmeiras em seis classificações também foi para uma finalíssima e, Santos, em cinco, decidiu duas.
Então, por que o Corinthians não teve mais títulos?
Porque infringiu as duas outras variáveis. Não manteve um plantel qualificado, pelo contrário, sempre que foi campeão - com exceção de 2011/2012/2013 - desmanchou todo o elenco vencedor e entrou na disputa com uma equipe que mal se conhecia.
2011 manteve e foi campeão na temporada seguinte (2012).
2012 manteve e não ganhou em 2013.*
50% de aproveitamento, está mais que bom, está ótimo!
*O ano de 2013 foi uma exceção, visto que houve planejamento, manutenção da base campeã e ainda bons reforços.
O jogo contra o Boca Jrs é um ponto fora da curva. Mas não credito a saída precoce da Libertadores apenas à arbitragem pífia de Amarilla e seus colegas. Perdeu o primeiro jogo e, na volta, desperdiçou até gol embaixo das traves.
Futebol tem disso, depende do julgamento humano e este é passível de falhas.
Não há algo milagroso para se sagrar vencedor da Libertadores, mas há meios que possibilitam que o título seja algo real. Um roteiro que, se seguido, aumentam as chances de vencer e se manter entre os cabeças do torneio.
O Palmeiras é quem melhor representa o sucesso de tudo que citei: se qualifica, mantém elenco e disputa com frequência. Mereceu vencer por todo o planejamento ao longo desses anos. O Santos, para mim, é exceção à regra. Havia equipes que mereciam estar na final mais que a equipe de Cuca.
Se o Corinthians quiser ganhar de novo, tem que se organizar, planejar e seguir esse caminho.
2011, 2012 e 2013 foram temporadas que mostraram que vale a pena investir nesse método. É difícil pensar nisso? Não precisei nem sair do óbvio para chegar a essa conclusão.
O Timão já teve a chance de colocar essa fórmula em prática por temporadas subsequentes, deixou passar. Agora é começar tudo de novo, do zero.
Por enquanto, a torcida sofre por conta de que o Corinthians não tem o tratamento que merece por parte de sua diretoria e não ocupa o lugar que lhe é de direito: sendo favorito em todo e qualquer título que dispute.
Assistir a não só um, mas dois rivais numa final de Libertadores, é o preço que se paga pela incompetência dos maiores responsáveis pela crise: aqueles que sentam atrás da mesa e decidem o futuro do clube.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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