A Arena Corinthians representa hoje um tema muito contraditório entre os torcedores corintianos, que vêm nela o motivo principal de nossas dificuldades financeiras.De fato ela representa hoje dentro do orçamento do clube, algo equivalente à Previdência nas contas públicas - endividamento crescente sem contrapartida em aumento de receitas.

Vários aspectos que envolvem a construção e financiamento da obra são mantidos de forma injustificada fora das discussões.

O torneio FIFA 2014, foi um projeto do Estado Brasileiro como forma de inserção e promoção junto à comunidade internacional.

Das 12 sedes definidas, somente 3 tinham caráter privado - Arena da Baixada, Beira-Rio a serem reformadas, e a Arena Corinthians a ser inteiramente construída.

Todas estão com problemas.

No caso da Arena Corinthians, obra orçada em 800 milhões que seriam financiados - 400 milhões por empréstimo do BNDES e 400 milhões pela Prefeitura de São Paulo através das CID - e que acabou custando 1,2 bilhões de reais.

O dinheiro que deveria ter sido liberado em 2011 pois financiaria a construção, só teve a primeira parcela de 260 milhões liberada em março de 2014, e o restante depois da copa.

O resultado disso foi que a construção foi sendo feita com empréstimos ponte que acabaram encarecendo a obra.

As CID, outra fonte do financiamento, foram tendo suas emissões postergadas por conveniência política do prefeito da hora, fato que também agravou o custo total da obra. O atual prefeito autorizou a inclusão de 40 milhões em CID no orçamento deste ano.

É óbvio que cabia ao Estado Brasileiro a partir do seu envolvimento direto no processo de escolha do país sede, dar as garantias para o sucesso do evento, algo que de fato aconteceu. Estavam presentes em Zurich, sede da FIFA, o presidente à época Lula e mais doze governadores de estado.

Era ou não um evento do Estado Brasileiro?

Cabia também ao Estado, criar as condições para que os clubes que estivessem participando pudessem honrar os compromissos que estavam assumindo de forma solidária. Ao invés disso só criou dificuldades e insegurança.

A CBF, outra envolvida no evento até a raiz dos cabelos e cujos dirigentes enriqueceram no processo, age como se não tivesse nada com isso, e se acha ainda no direito de cobrar taxas das arrecadações nas arenas.

Hoje não sabemos quanto da dívida da Arena paga juros subsidiados e quanto paga juros de mercado.

Não sabemos se as parcelas mensais pagas à CEF que comportam juros e principal se referem somente ao empréstimo do BNDES, ou se há parte dos empréstimos ponte contraídos pela Odebrecht embutido nelas.

Não sabemos como as CID são comercializadas e abatidas do principal.

A única coisa evidente é que após inúmeras auditorias o assunto já deveria ter sido levado à justiça pois com tantos envolvidos, e tanta lambança, será necessária uma arbitragem judicial para redefinição de obrigações e responsabilidades.

Só não entendo como a atual gestão ficou quieta esse tempo todo.