Após três anos, Justiça interroga réus por mortes na Arena Corinthians
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Por Meu Timão
Três anos após o acidente na Arena Corinthians que culminou na morte de duas pessoas, a Justiça de São Paulo dará andamento ao processo a fim de apontar os culpados pelo ocorrido. Mediante à nomeação de seis responsáveis pelo acidente, ambos serão interrogados e, consequentemente, julgados a partir da apuração dos fatos, segundo noticiado pelo Portal G1.
O fato que repercutiu negativamente o nome da casa corinthiana ocorreu no dia 27 de novembro de 2013, a partir de um acidente com um dos guindastes presentes na obra. Com a falha, o motorista e operador do caminhão-guindastes Fábio Luiz Pereira (41 anos), além do montador de cadeiras Ronaldo Oliveira dos Santos (43 anos), foram atingidos e não resistiram aos ferimentos.
Conforme definido pelo Ministério Público Estadual (MPE), o erro que custou a vida de dois operários em Itaquera teve como causa principal um afundamento no terreno. Na sequência, o guindaste tombou e soltou um dos módulos que seriam instalados na estrutura da cobertura do estádio - pesando aproximadamente 420 toneladas -, que atingiu os trabalhadores.
A partir da denúncia executada pelo promotor de Justiça Joacil da Silva Cambuim, a ausência de responsabilidade fica explícita no caso. “Os funcionários da empresa Odebrecht agiram com culpa, na modalidade imperícia, ao deixar de tomar todas as cautelas para que a área por onde se movimentaria o guindaste fosse corretamente compactada. A operação era reconhecidamente de alto risco e, por isso mesmo, os cuidados deveriam ser redobrados."
Até o momento, por parte da Odebrecht, os dois engenheiros Frederico Marcos de Almeida Horta Barbosa e Márcio Prado Wermelinge, o encarregado geral Valentim Valeretto, além do técnico especializado Gilson Guardia, compõem a relação dos acusados da construtora. Já o operador de guindaste José Walter Joaquim e o supervisor de equipamentos Leanderson Breder Dias, funcionários da empresa Locar - que operava o guindaste -, completam a lista de réus.
Acusados pelo crime culposo, que não configura a intenção nas mortes, os seis serão interrogados a partir da próxima quarta-feira, dia 30, Vara Criminal do Foro Regional de Itaquera.
Em contrapartida, a Locar, através de sua assessoria de imprensa, se manifestou sobre o caso. "Em relação ao posicionamento do Ministério Público do Estado de São Paulo, lembramos que os laudos técnicos do Instituto de Criminalística e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) são conclusivos quanto às causas do acidente: o afundamento do solo. Assim, a responsabilidade não foi relativa à operação do equipamento, isentando, assim, os colaboradores da Locar."
Também almejando a defesa e isenção de culpa em seus funcionários, a Odebrecht se manifestou por meio de nota, solicitando a liberdade dos mesmos. "Está devidamente demonstrado nos autos da Ação Penal, por inúmeros laudos especializados, elaborados pelos mais renomados experts do país, depoimentos e documentos juntados, que os funcionários da Construtora Norberto Odebrecht não tiveram qualquer responsabilidade pessoal na causação do acidente."
Vale lembrar que, pouco mais de quatro meses depois, outro óbito voltou a ocorrer na Arena Corinthians. No dia 29 de março de 2014, o ajudante-geral Fábio Hamilton da Cruz, de apenas 23 anos, caiu de uma das arquibancadas provisórias do estádio - instaladas ao longo da Copa do Mundo -, e acabou falecendo, não resistindo aos ferimentos na queda de aproximadamente nove metros.
Entretanto, ao contrário do episódio do guindaste, o Ministério Público classificou o ocorrido como de responsabilidade única do operário, que não utilizou os equipamentos necessários de trabalho. Sendo assim, arquivou o inquérito policial.