Coroado com a conquista do Campeonato Brasileiro, o treinador Fábio Carille não teve vida fácil nesta temporada. Logo após o título, o técnico desabafou sobre algumas duras críticas que recebeu no início do ano. Se ele sente, seus pais não teriam como sair imunes desse período de desconfiança. Muito humildes, Dona Vanda e Seu Joaquim falaram sobre o sentimento ao ler e ouvir tudo que foi dito de seu filho assim que ele foi efetivado pela diretoria alvinegra.

"No começo eu fiquei muito sentida com os comentários, a gente ouvia muita coisa. Que ele não era competente para comandar um time como o Corinthians e essas coisas. A gente sente muito, mas agora já me pediram desculpas, já fiz amizades com todo mundo. Estou feliz, não tenho mais o que falar de ninguém. Está uma maravilha. Eu deitei três horas da manhã. Mas dormir foi muito pouco. Muita emoção, alegria. Quis ficar vendo todo noticiário", explicou a mãe do treinador, em entrevista concedida à ESPN.

"O que nós, família e amigos, ficamos muito sentidos no começo, é que muita gente deu pedrada sem conhecer ele como treinador. Poxa, dá uma oportunidade, um mês, dois meses. Todos temos de ter oportunidades. Isso nos deixou muito sentidos. Eu também já fui gestor de pessoa, trabalhei em empresa 28 anos, então eu acho que se você não der uma chance, não pode criticar. Agora, durante a queda, a gente estava esperando, porque o elenco do Corinthians não é ruim, mas é pequeno. Então eles iam sentir isso com contusão, cartão e outras coisas", completou Seu Joaquim, que marcou presença na Arena nesta quarta.

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Apesar da alegria, Dona Vanda não esconde que, de início, não gostou da ideia de ver seu filho a frente de um time tão grande quanto o Corinthians. Sabendo que sua mãe ficaria preocupada, Carille só revelou do que se tratava uma viagem a São Paulo poucas horas antes de se reunir com a diretoria do clube para acertar sua efetivação. Mesmo preocupada, a mãe apoiou a escolha do filho, assim como o pai do treinador.

"Ele saiu daqui de Sertãozinho já sabendo que ia acertar para ser treinador. Fui junto com ele. Chegou em São Paulo, ele correu tomar um banho, pediu uma camisa e eu sem entender. Quando ele estava para sair, me disse que ia ver se dava certo para assumir o time do Corinthians. Perguntei se ele não tinha medo, porque o time não estava bem e era algo de muita responsabilidade. Mas ele falou 'mãe, fica calma, se não der certo a gente parte para outra'. Mas graças a Deus deu certo e estamos muito felizes com ele", disse Vanda.

"No começo, quando a mãe dele achava que não daria certo, eu apoiei a ideia dele de assumir o Corinthians. Eu perguntei se ele tinha coragem, ele disse que tinha. Não adiantava ir contra. Mesmo agora, conversamos por acaso. Ele não me procura para tirar dúvidas. Ele tinha convicções, como sempre diz", afirmou Seu Joaquim.

Rodrigo Vessoni/Meu Timão

Embora o momento seja de orgulho pelo técnico Fábio Carille, a maior alegria do casal, que ainda mora em Sertãozinho, é o filho Fábio. Desde pequeno, o atual comandante do Timão nunca foi de dar problemas e sempre chamou atenção pelo companheirismo. Além disso, se destaca pelo estilo brincalhão, pouco visto nas sérias entrevistas concedidas durante a temporada.

"Ele é muito brincalhão, é da 'zoeira'. Só que é um cara que nunca bebeu, nunca fumou, nunca teve problema com treinador. Era sempre o capitão da equipe. Como dizem os treinadores dele, ele ia com a turma para a festa e era o responsável por trazer todo mundo de volta. Ele é pontual, ao extremo, chega a ser chato. Ele nunca chegava no horário, achava que já tinha que estar lá antes disso. Queria que todos pudessem um dia acompanhar ele com os amigos de Sertãozinho, para ver quem ele realmente é", disse Joaquim.

"Para ser sincera, nunca tivemos problema com o Fábio. Sempre calmo, muito educado, respeitando todo mundo. O problema era só jogar bola, acabava com minhas plantas. Mas como criança, pessoa, foi um excelente filho, não tem o que falar dele não. O Fábio sempre foi uma pessoa muito amiga, de toda turma. Quando ele estava no Sertãozinho, ele ia de bicicleta. Depois do treino, no almoço, ele ia levando todos os amigos que encontrava para almoçar lá em casa. Chegando, as vezes a gente nem tinha comida para todo mundo, mas a gente dava jeito", concluiu a mãe do treinador.

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