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Corinthianas na Arena: as lutas delas pelo direito de torcer pelo Timão

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Elas dominaram a Arena Corinthians naquele 11 de julho. E têm muito a ensinar...

Elas dominaram a Arena Corinthians naquele 11 de julho. E têm muito a ensinar...

Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

Do último dia 7 de maio para cá, o Corinthians colocou mais de 36 mil pessoas na Arena Corinthians uma única vez: em seu último amistoso de intertemporada, diante do Cruzeiro, quando decidiu abrir as arquibancadas do estádio às mulheres e recebeu 36.830 torcedores e torcedoras – segundo o clube, 15 mil mulheres compareceram, representando 40% do total.

A opção de não cobrar ingresso ao público feminino, bastante elogiada nas redes sociais por corinthianos, imprensa e até torcedores de rivais, surtiu o efeito esperado, mas não soluciona todas as dificuldades enfrentadas por elas no momento em que decidem tirar o manto preto e branco do armário e ir a Itaquera torcer pelo clube do coração.

“Foi muito incrível ver 40% do estádio com mulheres. Nos cantos, as vozes delas muitas vezes se sobressaíam às dos homens. Queria que mais ações assim fossem feitas para nós, que nos sentimos tão sozinhas e desrespeitadas nesse ambiente tão masculino, muitas vezes até hostil e não muito acolhedor para as mulheres”, pede a corinthiana Renata Paes.

Naquela fria noite de quarta-feira, mesmo com a partida tendo início às 20h, milhares de alvinegras, também incentivadas pela gratuidade, lotaram as arquibancadas da Arena e transformaram o timbre da torcida, costumeiramente masculino. Confira no vídeo abaixo:

A voz delas na Arena Corinthians

As lutas delas pelo simples direito de torcer pelo Corinthians (ou por qualquer outra equipe de futebol) são inúmeras. Começam, por exemplo, na árdua missão de encontrar camisetas oficiais femininas à venda na internet. No caso do Timão, há algumas opções de produtos para elas na Shoptimao.com.br, loja online do clube.

Passam, também, pelo temor do assédio em um universo predominantemente masculino, pela cultura ancestral do “futebol é coisa de homem” e pelos poucos incentivos à modalidade feminina. Você, caro leitor, sabia que o Corinthians é o atual campeão da Copa Libertadores da América Feminina?

“Eu acredito que muitas daquelas 15 mil mulheres que foram ao jogo com o Cruzeiro não são sócio-torcedoras e agora devem estar pensando em ser e frequentar mais depois de verem como realmente é”, opina Lucilene Girondi.

O Meu Timão ouviu mulheres corinthianas para saber o que elas têm a dizer (e ensinar) a respeito do assunto. Dificuldades, anseios, experiências... Entenda como elas driblam o machismo e diversos outros obstáculos pelo amor ao Timão!

Barbara Mestre

Barbara Mestre

Arquivo pessoal

  • Gerente administrativa em uma rede de cinemas

Quando a gente frequenta mesmo o estádio e começa a conviver e reparar, vê que o número de meninas que vão é até considerável, mas com certeza poderiam ir muito mais. Uma das questões é a paixão pelo futebol, pela nossa torcida, pelo nosso time. Minhas amigas mesmo não gostam, eu devo ser uma em 100 (risos).

Então, acho que por ter sido free, foi um incentivo. Eu vi mais casais. Acho que o cara sempre vai ao estádio e foi uma oportunidade dele apresentar para a namorada ou esposa que talvez nem goste tanto de futebol. E isso acaba incentivando mais a nova geração, a mãe está no estádio, a criança também está... É bem legal.

Outras coisas que contam muito: ser ou não sócio-torcedor, a facilidade na compra do ingresso, a locomoção até o estádio, horário do jogo, valores. Como que uma menina vai até Itaquera às 21h45 da noite sozinha? A gente sabe que ali é longe. Tem que ter muito amor pelo time mesmo. E vontade!

Lucilene Girondi

Lucilene Girondi

Arquivo pessoal

  • Técnica em telecomunicações

Tem muita gente que fica surpresa quando falo que sou sócio-torcedora e que vou no estádio sozinha ou com minha mãe. Há muitas mulheres que desconhecem como é ir na Arena, ficam com medo e têm ‘N’ dúvidas.

Fiz meu Fiel Torcedor em 2015, no começo daquele ano. Antes, fui a alguns jogos no Pacaembu e somente um no Moisés Lucarelli. Minha mãe é minha dependente no Fiel Torcedor. E fui a todos os jogos da Copa na Arena.

Também ia na Arena durante as obras. Essa foto (acima) foi na noite anterior do aniversário do clube, quando colocaram as primeiras cadeiras na arquibancada Leste, escrevendo 1910. Na época, o engenheiro pediu para não compartilhar fotos porque era surpresa. Eu participava de um grupo que sempre visitava a obra.

Únicos setores em que não vi jogos ainda foram Oeste Inferior e Norte. Dá pra ir até levando as crianças. Eu vou de ônibus e depois pego o metrô. Na Arena deu pra trocar a fralda da minha sobrinha tranquilamente. E quanto a ir sozinha, acredito que quanto menos coisa levar, melhor. Eu sempre levo bolsa grande ou mochila e até já entrei com achocolatado e pacote de biscoitos fechados – não estavam escondidos nem nada do tipo, e não tive problemas na revista. Meus amigos falam que dou sorte ou porque sou mulher. Vai saber. Mas, de todo modo, ainda fica a dica do quanto menos levar, melhor, porque vai que sou eu que dou sorte mesmo, né?

Maithê Almeida

Maithe

Arquivo pessoal

  • Analista de sistemas de automação

O preço do ingresso da Arena Corinthians não é de longe o mais barato do futebol brasileiro, mas esse é um fato que impacta tanto os torcedores homens quanto as mulheres. Acho que o principal motivo de vermos uma maioria quase absoluta de homens nas arquibancadas é a questão cultural. Claro que existem mulheres que vão ao estádio e que são torcedoras fiéis, porém não há um incentivo dentro de casa.

Quando um menino nasce, uma das primeiras roupas que ele ganha é uma camisa do time do pai ou da mãe. Uma menina, por outro lado, não recebe o mesmo incentivo – lembrando, é claro, que existem exceções.

Eu, por exemplo, fui assistir ao meu primeiro jogo no Pacaembu só aos 17 anos, e não por incentivo dos meus pais. Eles não gostam da ideia de ir ao estádio por conta do perigo. E sim: uma mulher ir ao estádio sozinha é perigoso! Porém, é tão perigoso quanto sair sozinha à noite. Não é algo que pertence ao mundo do futebol, e sim um problema de segurança nacional.

Renata Paes

Renata Paes

Arquivo pessoal

  • Nutricionista

Nunca tive problema, inclusive já fui sozinha, e no final foi tranquilo. Mas o medo existe e sei que essa não é a realidade para todas. Espero e acredito que esse seja o começo de uma nova era, e que a nossa presença seja cada vez maior – e o respeito também.

Camisas às vezes são bem difíceis de achar, ou simplesmente não existem no modelo feminino. Tanto as de jogo como as comemorativas e réplicas.

Veja mais em: Torcida do Corinthians, Arena Corinthians, Ações sociais do Corinthians e Especiais do Meu Timão.

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