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15% dos técnicos da Série A são negros. Dyego Coelho é um deles e fala sobre racismo

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Por Meu Timão

Dyego Coelho durante empate contra o Internacional, na Arena Corinthians

Danilo Fernandes/ Meu Timão

O Corinthians não deixou passar em branco o Dia da Consciência Negra. Neste 20 de novembro, o clube publicou em seu site oficial uma entrevista com o técnico Dyego Coelho, que está interinamente no comando da equipe profissional do Timão até o fim do Brasileirão.

"O racismo está dentro da nossa sociedade. Cansei de ir a restaurantes, por exemplo, e ser observado dos pés à cabeça por ser negro", diz Dyego Coelho.

Um dado alarmante repercutido pelo ex-lateral e hoje funcionário do Corinthians é a presença de apenas três treinadores negros na Série A do Campeonato Brasileiro. Além dele próprio, também comandam times de elite do futebol brasileiro Roger Machado e Marcão.

Corinthians, Bahia e Fluminense, portanto, representam os 15% de uma estatística que assusta. Assusta porque negros (pretos e pardos) são mais da metade da população brasileira e, mesmo assim, aparecem tão pouco representados nos cargos de liderança do esporte mais popular do país.

"É mais um passo de uma caminhada bem longa. O mundo ideal é aquele em que a cor da pele não inferioriza ou superioriza ninguém. Eu não posso ser considerado bom ou ruim por ser negro. Eu tenho que ser considerado bom ou ruim pelo meu trabalho", comenta Coelho.

Questionado sobre como decidiu ser treinador de futebol diante da dificuldade que técnicos negros têm para se consolidar no futebol brasileiro, destacou seu sentimento pelo esporte e reforçou a baixa presença de treinadores pretos ou pardos nos principais clubes do país.

"Foi a minha paixão pelo futebol que me fez querer ser técnico. Só de ter tomado esta decisão, já sabia que não seria fácil. Afinal, se formos pegar as Séries A e B, são apenas 40 pessoas que têm este cargo. Se juntarmos só os negros, este número diminui ainda mais", comenta. "Mas é como disse na coletiva após o jogo contra o Inter: pouco a pouco, estamos conquistando o nosso espaço", completa.

Ainda que o espaço esteja sendo conquistado (Marcão e Coelho, por exemplo, assumiram os comandos de Fluminense e Corinthians somente nas últimas semanas), há muita luta pela frente. Somente neste mês de novembro, casos de racismo no futebol foram registrados no Brasil e no exterior.

Em solo nacional, um torcedor do Atlético-MG foi flagrado disparando gritos racistas contra um segurança que trabalhava no Mineirão. Na Europa, durante jogo na Ucrânia, os brasileiros Dentinho e Taison foram alvo de racismo da torcida do Dynamo de Kiev.

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"A reação vai muito de cada um e não me sinto capaz de julgar alguém que reage mais veementemente, como o Taison ou o Balotelli fizeram. Cada um sabe a dor que sente e, muitas vezes, há gente querendo ditar demais o sentimento dos outros", relata Coelho.

Também foi solicitado ao treinador corinthiano para opinar sobre o porquê de casos como os citados acima ainda serem recorrentes no futebol.

"O fato de o racismo estar dentro da nossa sociedade desde sempre. As pessoas cresceram escutando piadas racistas e acham que isso é normal. Pouco a pouco, isto está mudando, mas, a cada caso que vemos no esporte, fica claro que o caminho a ser percorrido é muito longo", decreta Coelho.

Por fim, especificamente sobre a data de 20 de novembro, na qual se comemora o Dia da Consciência Negra, Coelho entende se tratar de um recado: o racismo está com os dias contados.

"Nós estamos procurando o nosso espaço e nós vamos chegar lá. De uma maneira ou de outra. A gente tem que fazer por onde. Fazer com que as coisas funcionem independentemente da cor. Não é uma situação fácil, como nunca foi historicamente, mas nós temos condições de mudar este cenário", finaliza o técnico do Timão.

Que o preto e branco que tão perfeitamente se combinam no Corinthians também sejam uma só bandeira no futebol e na sociedade como um todo.

Veja mais em: Dyego Coelho.

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