Mesmo com a indefinição de um retorno do futebol, o Corinthians vem trabalhando para retomar as atividades da melhor maneira possível quando for tudo normalizado. Preocupados não só com o físico, mas também com o psicológico dos atletas, o clube têm mantido contato com os jogadores.

Em entrevista à Rádio Transamérica, o médico do Corinthians, Ivan Grava, contou que, apesar do futebol não ter uma data de retorno prevista, o clube está se preparando para quando as atividades voltarem. Preocupado com o psicológico dos jogadores, o clube enviou um questionário para saber como eles estão durante essa pausa na modalidade.

"Pensamos muito nisso, é muito importante (o psicológico). Mandamos um questionário para saber como eles estão, e quando estivermos mais próximos da volta, que não sei quando será, e ninguém tem como dizer, nós vamos entrar em contato novamente, conversar com eles. Eu conversei com alguns para passar informações, explicar, e, desses que conversei, nenhum tinha medo de voltar, só estavam preocupados por não saber quando e nem em que momento voltaria. Essa preocupação com o psicológico nós temos sempre, tanto agora como em outras situações, como em contusão, situações de recuperação... nós sabemos que o fator psicológico é muito importante. Cada jogador vai reagir de um jeito. Nos preocupamos com isso, conversamos individualmente com vários deles", revelou o médico.

Diante dessa situação, o Corinthians recebeu o protocolo da Confederação Brasileira de Futebol e criou, também, um protocolo próprio, com o auxílio de profissionais, indicando como tudo deve ser feito quando a bola puder voltar a rolar. Uma das possibilidades levantadas era de manter os jogadores concentrados durante todo o período de treinos e jogos, mas o clube descartou essa situação e Grava explicou o motivo.

"Nós determinamos vários protocolos vendo o de outras federações também, trazendo para nossa realidade, que é diferente dos outros países, e até aqui no Brasil cada time tem sua realidade. Nós fizemos estudos, um grupo de estudos com os quatro médicos do profissional, o auxílio de uma médica infectologista e de um médico imunologista para determinarmos o que seria melhor. Buscamos o conhecimento com esses profissionais, para termos um embasamento melhor para o protocolo da nossa realidade. O nosso protocolo é muito semelhante ao da CBF, com algumas diferenças pequenas, trazendo para nossa realidade. Com relação a deixar todos os atletas concentrados... não seriam só eles que ficariam concentrados, seria também a comissão técnica, funcionários... é muita gente para você deixar concentrado, seria impossível, na nossa realidade, fazer essa 'bolha'", disse.

"Primeiro porque você tem a janela imunológica, que pode eventualmente testar todo mundo, e alguém estar nesse período de incubação do vírus e não sair no diagnóstico, então, eventualmente, alguém pode estar contaminado e não aparecer no exame, e ele acaba transmitindo depois. O futebol, vocês sabem bem, não é só jogadores, tem todo o staff, e a partir dai, você teria que fazer teste em todo mundo e além desse perigo da janela imunológica, ninguém poderia entrar nem sair. Fica inviável, praticamente impossível, fazer isso. Como você vai prender 70 pessoas, sem ninguém sair em nenhum momento? É muito difícil isso. E outra, você vai estar fazendo uma coisa que não deve, que é a aglomeração. Na minha visão, e na dos médicos que busquei mais conhecimento, isso é praticamente impossível", completou o médico.

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Para definir o retornou ou não de jogos e treinos, representantes dos clubes que disputam a primeira divisão do Paulista e a própria Federação Paulista de Futebol têm feito reuniões - nesta segunda-feira, inclusive, o encontro definiu que as atividades devem seguir paradas. Nelas, o responsável médico da FPP tira dúvidas e instrui os médicos dos clubes sobre os protocolos a serem seguidos.

"O Doutor Moisés é presidente do comitê médico da Federação e há uma quatro semanas ele vem conversando com os médicos, fazendo reuniões... nós tivemos a oportunidade de fazer duas reuniões com todos os médicos dos times e foi muito bom para determinarmos protocolos, medidas de ação... inclusive teve uma reunião com a presença do Doutor Davi Uip, para tirar todas as nossas dúvidas e ele explicou melhor sobre testes, o que a gente deveria fazer, cuidados, então estamos em excelentes mãos com o Doutor Moisés. Ele sempre esteve do nosso lado, dos médicos, e sempre fez o melhor para nos ajudar em tudo que foi necessário", contou Ivan.

Pensando não só no futebol, o médico do Corinthians falou sobre a situação delicada que vive a área da saúde e garantiu que todos os cuidados necessários serão tomados para que o menor número de pessoas seja infectado.

"É uma preocupação muito grande que temos, na área da saúde, de promover a saúde de todos. Então é muito complicado, passamos horas do dia pensando e trabalhando nisso. Temos que aguardar a autorização das autoridades para retornar. O que a gente pode fazer, como médico, é tentar com que, quando for voltar, seja da maneira mais segura possível, tentando evitar que mais gente pegue a doença. É um momento muito delicado, muito complicado, onde temos incertezas, até porque a cada dia essa doença muda, mas a gente já está se preparando para voltar da melhor maneira quando puder voltar. É um desafio muito grande", finalizou.

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