Especialista financeiro elogia acordo do Corinthians com a Caixa; veja explicação e ressalvas
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Por Tomás Rosolino
O Corinthians acertou um novo acordo de pagamento com Caixa Econômica Federal e conseguiu fôlego para o pagamento da Neo Química Arena. Mais do que isso, começará a ganhar dinheiro com o seu estádio a partir do ano que vem, ainda que a preço de um longo parcelamento - veja um resumo no vídeo acima.
A avaliação é do especialista em gestão e finanças do esporte, Cesar Grafietti, economista consultado pelo Meu Timão para tratar do assunto que dominou o noticiário alvinegro desde o fim da tarde de quinta. Veja abaixo, em tópicos, o que ele pensa.
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Linhas gerais
"Do que eu li o acordo foi bastante bom para o clube. Alongou a dívida por 20 anos, casou parte do pagamento com o fluxo de pagamentos do naming rights e agora ganha um fôlego de 2 anos. Além disso, pelo que li a parcela máxima não pode ultrapassar R$ 38 milhões anuais, o que faz com que toda receita que ultrapassar este valor possa ser usada pelo clube. Essa é a parte positiva, que é um ajuste muito bom para o clube".
Fôlego para o caixa do Corinthians
"O mais importante é que a dívida foi alongada num prazo compatível com a capacidade de pagamento da arena. Ou seja, dentro do fluxo de caixa. Se os contratos de naming rights e da dívida estiverem na mesma base de correção (monetária) e as receitas de bilheteria se mantiverem nos níveis pré-pandemia, então a conta tende a fechar, o que além de evitar saída de caixa do clube ainda gera uma entrada, mesmo que pequena".
Carência pode "corrigir" déficit em 2021
"Há outro ponto importante que é a carência de dois anos. Isso alivia bem o caixa do clube nesse momento de endividamento elevado. São cerca de R$ 50 milhões anuais que passam a compor o caixa do clube (até 2022)".
O déficit do exercício de 2020 até setembro era de R$ 6 milhões.
Ressalva 1 - parcela obrigatória alta
"Tem uma segunda parte não tão positiva que é a questão dos R$ 38 milhões. Veja, o estádio deve ter anualmente uma receita da ordem de R$ 75/80 milhões, com um custo de cerca de R$ 20/25 milhões. Então, descontando ainda os R$ 38 milhões de pagamento, sobrará algo perto de R$ 10 milhões. É melhor que hoje, mas não chega a ser um valor que muda substancialmente a vida do clube".
Obs: o clube conta com R$ 15 milhões anuais de naming rights para o pagamento, o que deve aumentar o montante entrando no caixa para a faixa dos R$ 25 mi anuais.
Ressalva 2 - modelo de pagamento do excedente
"Só não ficou claro pra mim se caso a parcela exceder R$ 38 milhões o valor seria acumulado para as próximas parcelas, o que costuma ser praxe nesses financiamentos. O normal é repassar para os anos seguintes. Mas tem que ver qual o modelo de amortização, se os juros são sobre o saldo devedor ou sobre a parcela, se é SAC ou Price. Enfim, a informação que importa é essa dos R$ 38 milhões. Mas vale averiguar quando o contrato for efetivamente assinado".