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90 minutos e uma trajetória: Mantuan completa primeira partida no Corinthians desde o Sub-17

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Mantuan vive grande momento no time profissional, mas teve uma longa trajetória até a titularidade com VP

Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

O Corinthians terminou o dia 7 de novembro de 2018 recolhendo os cacos de uma derrota para o Fluminense, na Copa do Brasil Sub-17 daquele ano que eliminou a categoria do torneio. O duelo tinha tudo para ser mais um na carreira do então promissor ponta Gustavo Mantuan, mas deixou uma marca superada apenas na última quarta-feira pelo jogador.

Hoje sensação do Timão e um dos preferidos do técnico Vítor Pereira nesse início de trabalho, Mantuan viveu uma montanha-russa de emoções e tinha aquela eliminação nas Laranjeiras como a última vez em que atuou durante os 90 minutos de uma partida oficial.

Três anos e meio, duas cirurgias e uma demonstração absurda de força mental depois, ele obteve o feito diante do Deportivo Cali, na Neo Química Arena, na última quarta-feira, na sua estreia como titular em uma Copa Libertadores da América.

Parece impressionante a constatação de que um jogador passou por toda a categoria Sub-20 e esteve duas temporadas no profissional sem iniciar e terminar uma partida, mas mais impressionante ainda é a dificuldade que Mantuan teve simplesmente para se estabelecer na profissão que sonhou.

Uma joia paciente

Ainda aos 18 anos, ele foi reserva da Copa São Paulo de 2019, meses depois daquele revés no Rio. Ele entrou em todos os jogos da campanha e, com personalidade, bateu e converteu o quinto pênalti na semifinal contra o Vasco. O time, porém, acabou eliminado na cobrança seguinte.

Tratado como joia, Mantuan ainda não havia sido titular nos juniores pela idade e pelo fato de ter rompido o ligamento cruzado do joelho direito em 2017. Ele seguiria como suplente podendo ganhar chances nos torneios nacionais da categoria, mas a competição para o seu desenvolvimento já estava certa: o Campeonato Paulista Sub-20.

Marcado para iniciar em abril de 2019, o torneio é normalmente usado para o Timão testar atletas mais jovens do Sub-20 por reunir adversários mais fracos do que os das competições nacionais. Mantuan entrou em todas as partidas da Copa do Brasil da categoria e, diante da Chapecoense, teria quase 40 minutos para mostrar seu futebol.

Com a classificação já decidida, entrou em campo aos sete minutos do segundo tempo. Aos 28, porém, sofreu uma dura falta no meio-campo e teve de sair de maca. O temor de todos presentes naquela tarde se confirmou no dia seguinte: nova ruptura dos ligamentos, dessa vez do joelho esquerdo.

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Reprodução/Twitter

"Por que comigo de novo? Por que?", escreveu o incrédulo atacante em seu Twitter. "Pra mim já deu", continuou ele, em publicação apagada posteriormente. A emoção externada naquela hora logo deu lugar à razão que guiou a trajetória dele e do irmão Guilherme, que observava e aconselhava já no profissional.

Mantuan enfrentou vários meses de fisioterapia e musculação, que o tiraram de todo o 2019 da base. A ausência fez com que ele naturalmente voltasse para trás na fila e fosse mais uma vez reserva na Copinha de 2020. Só entrou em um jogo, contra o Internacional, justamente a eliminação na semifinal do torneio.

Com calma, porém, a temporada dos juniores se iniciaria em março, Copa do Brasil, Paulista e Brasileiro para jogar. Seria, enfim, o ano de afirmação da grande joia corinthiana. Até que, mais arrebatadora que qualquer cirurgia no joelho, a pandemia da Covid-19 chegou ao Brasil e paralisou todos os campeonatos.

A academia virou um dos lugares mais frequentados por Mantuan

A academia virou um dos lugares mais frequentados por Mantuan

Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Esperar... de novo

Mais meses de espera e muita força para lidar com a ansiedade de entrar em campo. Quem sonhava com uma chance no travado time de Fábio Carille de 2019, talvez um dos que mais precisava de pontas com a sua característica, teria de saber aguardar mais um tempo até ter a sua chance. E ela veio.

Em meio ao caos no time profissional, Tiago Nunes foi demitido e Mantuan viu chegar ao cargo de técnico Dyego Coelho, talvez o comandante que mais conhecia seu futebol na base corinthiana. Relacionado para a reestreia do interino, contra o Bahia, fez seus cinco primeiro jogos no profissional com ele. Não havia torcida no estádio e o futebol passava pelos seus dias mais estranhos em um século, mas era isso: o sonho se realizou.

A partir do momento em que estreou, Mantuan passou a querer mais. Em um dos jogos com o interino, encantou o técnico do Atlético-GO, Vagner Mancini, pela capacidade de desarrumar a marcação adversária. Para sua sorte, foi justamente ele o escolhido para comandar o Timão após a interinidade de Coelho.

Lançado como titular pelo treinador, ele conseguiu anotar um importante gol sobre o Vasco, em São Januário, que tirava o Corinthians da zona de rebaixamento. A emoção foi enorme. "É um sentimento inexplicável. Estou no Corinthians desde os seis anos, é inexplicável fazer um gol. Mesmo em momento difícil, o grupo está unido, querendo colocar o Corinthians lá em cima, onde tem que estar", disse na saída do gramado.

Tudo parecia se encaixar. Mantuan serviria a Seleção Sub-20 em dois amistosos, um deles contra o Corinthians Sub-23, e voltaria para ajudar o Timão. Vagner Mancini chegou a dizer que ele seria titular se tivesse condições de atuar contra o Internacional, um dia depois do jogo do Brasil. Mas a espera ainda não tinha terminado.

Uma nova cirurgia

Colocado no segundo tempo do amistoso contra os aspirantes do Corinthians, Mantuan recebeu a bola na meia esquerda e preparou um movimento corriqueiro na vida do jogador: apoiar o pé esquerdo e cruzar a bola na área. Assim que bateu na bola, no entanto, veio o estalo mais temido dos últimos anos. O ligamento do joelho esquerdo, tratado com tanto afinco há tão pouco tempo, rompeu-se mais uma vez.

Se tem um lado bom de sofrer a mesma lesão por três vezes é saber duas coisas: o que fazer para se recuperar e ter certeza que é possível passar por isso. Foi assim que o atacante retomou o combo fisioterapia e musculação em outubro de 2020, tudo isso antes de completar 20 anos de idade.

Quase 11 meses e um diagnóstico positivo para Covid-19 depois, lá estava Mantuan no banco contra o Atlético Goianiense, pela abertura do returno do Brasileiro. Um então combalido Corinthians havia feito grandes contratações e ele pôde compartilhar aquela viagem simplesmente com o meia-atacante Willian, um ídolo de infância que retornava ao Parque São Jorge depois de brilhar na Europa.

Mantuan de volta aos treinos no profissional, em setembro do ano passado

Mantuan de volta aos treinos no profissional, em setembro do ano passado

Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Foram apenas 35 minutos em campo no ano passado, distribuídos em três jogos, mas o potencial e a dedicação nos treinos o fizeram voltar com força para 2022. Ele seria testado como centroavante por Sylvinho no início do Paulista e, enfim, voltaria a ser titular do Corinthians no profissional.

Ainda que não acompanhado de um grande desempenho, o experimento como 9 fez Mantuan voltar a ser presença constante na rotação corinthiana. Ele seguiu atuando com Fernando Lázaro e, bem recomendado, encontrou em Vítor Pereira um nome que gostou da potência despejada por ele dentro de campo.

A missão atual foi descobrir o melhor jeito de atuar pelo lado direito, por vezes até como ala. Desafios do alto nível do futebol à parte, porém, nada que abalasse a confiança de quem viveu a incerteza de um sonho durante tanto tempo. Agora, de preferência, sem precisar ser tão resiliente

Veja mais em: Gustavo Mantuan, História do Corinthians e Vítor Pereira.

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