Torcedor que acusou racismo de argentino reclama de falta de ajuda do clube; Timão se posiciona
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Por Meu Timão
O torcedor que foi fundamental na apreensão do argentino acusado de injúria racial no jogo entre Corinthians e Boca Juniors foi encontrado. O auxiliar de cozinha Felipe Cruz, de 23 anos, se dispôs a prestar uma queixa formal contra Leonardo Pozzo, de 43 anos, que fez gestos de macaco direcionados ao grupo no qual ele se encontrava, na Neo Química Arena.
Caso ele não tivesse aberto mão de assistir ao jogo, pelo qual pagou R$ 120, a polícia não poderia retirar Pozzo da arquibancada nem denunciá-lo pelo crime de injúria racial. O torcedor, no entanto, reclamou de não ter qualquer suporte do clube do Parque São Jorge mesmo agindo em prol da causa antirracista.
"Cadê que o Corinthians veio falar comigo? Não quero que me venha pedir desculpa, só que eu queria ter um respaldo lá na hora. Meu, não deram água pra gente. Me senti tratado que nem um lixo", contou Felipe ao repórter Luis Adorno, da TV Record, responsável por reproduzir as aspas.
Em contato posterior com a reportagem do Meu Timão, Felipe pediu para deixar claro que sua reclamação foi pelo fato de o Corinthians saber do caso e, ainda assim, não contatá-lo. "O policial me falou que um advogado do clube tinha meu número, mas ninguém me procurou para dar suporte mesmo sabendo do que ocorreu. Nunca pedi nada para o Corinthians nem quero nada em troca, não", esclareceu Felipe.
"É uma coisa que já aconteceu comigo, vai acontecer e, infelizmente, é um fardo que vou carregar. Pode não mudar nada, mas eu nunca vou me calar", continuou o corinthiano, morador da Zona Leste, em entrevista reproduzida pela emissora. Um vídeo mostra Felipe respondendo argentinos na frente da torcida do Boca enquanto acompanha os policiais.
Um corintiano lutou, sozinho, contra o torcedor racista do @BocaJrsOficial que imitou um macaco, na noite de terça-feira (26), na @NeoQuimicaArena. O nome dele é Felipe Cruz, um auxiliar de cozinha de 23 anos, preto e morador da ZL. Bolamos ideia com ele... pic.twitter.com/7Cawjiq623
— Luís Adorno (@LuisAdorno) April 28, 2022
No momento em que deixou a arquibancada Leste do estádio, o torcedor se encaminhou para um posto policial, onde ficou frente a frente com o acusado. Naquele momento, o argentino não apresentou a mesma desenvoltura do vídeo.
"Ele começou a falar um espanhol enrolado que eu não estava entendendo nada. Dizia que não era ele, que não tinha feito isso. Só que a imagem é clara", explicou Felipe. Pozzo teve a fiança paga pelo Consulado da Argentina no Brasil e foi liberado para responder em liberdade.
Depois de se dispor a ir até a delegacia, o jovem não viu mais nada do jogo. O segundo tento, anotado também por Maycon, lhe foi mostrado por um dos policiais que estava de plantão no Dope (Departamento de Operações Estratégicas) da Polícia Civil, no Centro de São Paulo.
Ao comentar o caso, pouco após o jogo, o Corinthians agradeceu a ação da Polícia Militar, mas não citou o torcedor. O Boca Juniors, por sua vez, disse repudiar a ação do seu torcedor em solo brasileiro.
Depois dos depoimentos dados por Felipe, o Corinthians voltou a se posicionar sobre o caso. Em nota oficial, o clube refez o passo a passo das atitudes tomadas naquela noite, afirmou ter oferecido todo amparo aos torcedores que estiveram envolvidos no caso e lamentou a veiculação das falas de Felipe sem uma nova consulta ao clube - veja a nota completa abaixo.
Confira a nota oficial publicada pelo Corinthians após as declarações de Felipe
A respeito da operação realizada na última terça-feira (26) em caso de injúria racial cometida por torcedor do Boca Juniors na Neo Química Arena, o Sport Club Corinthians Paulista esclarece que:
1) O Corinthians acompanhou e monitorou em tempo real toda a situação junto ao comandante do policiamento do jogo. O clube tinha conhecimento de tudo que estava sendo feito junto aos torcedores do Corinthians que, por iniciativa própria, decidiram ajudar e prestar queixa.
2) O Corinthians enviou um advogado ao Jecrim (Juizado Especial Criminal) da Neo Química Arena no momento da ocorrência. Naquele momento, segundo informações da PM, os torcedores acompanhavam a partida na beira do campo enquanto os trâmites necessários eram encaminhados.
3) O advogado do Corinthians verificou que os procedimentos eram conduzidos pela Polícia Militar e que as testemunhas não necessitavam de apoio jurídico – uma vez que eram testemunhas, e não partes acusadas.
4) O prosseguimento do processo foi conduzido pela Polícia Militar. O Corinthians continuou acompanhando os movimentos, em um trabalho conjunto com a PM. Vale ressaltar que o sistema de monitoramento da Neo Química Arena permitiu a identificação do torcedor argentino.
5) Posteriormente, um terceiro torcedor do Corinthians se apresentou e se voluntariou para também ser testemunha. Todos foram, então, ao Departamento de Operações Policiais Estratégicas – este terceiro torcedor, em veículo próprio.
6) Os torcedores receberam todo o amparo ao longo da operação, que o Corinthians acompanhou até o fim, já na madrugada de quarta-feira (27), em contato constante com a PM. Os dois torcedores que primeiro fizeram a denúncia foram levados às suas residências pela Polícia Militar.
7) O Corinthians lamenta que as reportagens já veiculadas sobre o assunto não tenham procurado o clube sobre tudo que foi e será feito com respeito aos três torcedores.
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Esta matéria foi atualizada às 17h40 do dia 28 de abril, após o posicionamento oficial do Corinthians.