Análise: Corinthians joga como visitante e tem de agradecer por não ter tomado mais do Flamengo
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Por Tomás Rosolino
O Corinthians atuou como visitante na noite desta terça-feira, na Neo Química Arena, pela ida das quartas de final da Libertadores da América. Em todos os aspectos, do pré-jogo com uma inaceitável proporção de ingressos cedidas ao Flamengo, até o apito final, com o adversário preferindo tocar a bola em vez de tentar fazer mais.
Pontuar os quatro mil ingressos dados a flamenguistas é necessário porque o Corinthians, principalmente esse Corinthians, sobreviveu até aqui por causa do ambiente criado pela torcida. Ficou ridícula a cena de 2/3 do setor Sul cedidos a flamenguistas e a diretoria merece todas as críticas porque não terá esse visual no Maracanã. Era óbvio desde o começo.
Soma-se a isso o fato de o estádio estar totalmente elitizado, com várias pessoas claramente desacostumadas a frequentar partidas. Outra escolha da diretoria, que pode celebrar os R$ 5 milhões obtidos em renda nessa noite - uma classificação valeria R$ 12 milhões.
Em campo, o time até começou bem para quem não tinha Willian, referência técnica, e sem um meia armador. Depois de uma pressão inicial encaixada, porém, a maior qualidade do Flamengo jogou o Corinthians para trás e o cenário poderia ter ficado pior já aos 15 minutos, não estivesse Pedro em uma péssima jornada.
Arrascaeta, muito inteligente, conseguiu se safar da marcação corinthiana nos breves momentos em que o exigido alto nível de concentração baixava, fosse em uma bola rebatida ou roubada. Logicamente, seu golaço saiu em um lance assim, com a bola batendo no cotovelo de João Gomes e ficando à feição para um belo chute.
Sair atrás deixou o Timão desnorteado como há muito não se via. O plano de Vítor Pereira sofreu o que Mike Tyson gostava de dizer: "todo mundo tem um plano até tomar um soco na cara". O soco, adaptado ao futebol, foi o 1 a 0.
Para piorar, nem mesmo a entrada de Róger Guedes e Giuliano conseguiu fazer o time ter posse de bola no ataque, ainda que o camisa 9 tenha sido provavelmente o melhor jogador de ataque do clube em campo. De quebra, veio o segundo cruzado: Rodinei, teoricamente o mapa da mina corinthiano, passou fácil por Fausto, Balbuena escorregou e Gabigol teve total liberdade para fazer 2 a 0.
Com a contagem aberta e prestes a ser nocauteado, o Corinthians tem de agradecer a certa displicência do adversário - talvez respeito - que preferiu tocar a bola no seu campo de defesa e atacar apenas em oportunidades muito boas. Ainda assim, até o final do jogo, foram apenas chances claras a favor do Flamengo.