Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, participou nesta terça-feira de um painel na Brasil Futebol Expo - feira e congresso de futebol que acontece nesta semana. Ao lado de outros mandatários de clubes do Brasil, falou sobre o papel de gestor no futebol brasileiro e sem papas na língua, afirmou que o modelo da SAF não funcionaria no Corinthians.

De acordo com o UOL, Andrés foi perguntado sobre a SAF no futebol e as consultorias financeiras que o Corinthians contratou, além das dívidas do clube.

"No futebol, roubo é roubo. Quem rouba tem que pagar, ser expulso, ser preso, o que for. Tem empresa por aí afora, tudo muito profissional, empresarial, e todo mês alguém é demitido porque estava roubando. O Corinthians mesmo tem 700 funcionários, alguém vai roubar. É da cultura do país e é assim que funciona", cravou o ex-presidente ao falar sobre os modelos de SAF no futebol brasileiro.

Andrés não se disses contra a SAF, mas que no Corinthians não funcionaria porque, segundo ele, em clubes maiores "a pressão é outra e isso interfere". O ex-mandatário ainda defendeu o seu último mandato e falou da dívida bilionária do Corinthians.

"Fazer no Bragantino é uma coisa, mas no Santos, no São Paulo e no Corinthians é outra. Sou consultor do Cruzeiro e falo para o Ronaldo: a vida está boa hoje, quero ver no ano que vem, porque a cobrança é outra. Ele é o dono, se não põe dinheiro, não pode nem sair na rua em Belo Horizonte", lembrou o presidente de sua relação com o dono do Cruzeiro, Ronaldo Fenômeno.

A discussão do painel girava em torno das responsabilidades fiscais e financeiras que um projeto no modelo SAF exige, detalhe que Andrés não disse ser um diferencial.

"O compliance quem tem que fazer sou eu, o presidente do clube. Aquelas auditorias, o raio que o parta, quer receber R$ 1 milhão por mês. Aí você pega o balanço do Corinthians hoje, e todo mundo fala que não pode contratar um jogador, porque tem R$ 1 bilhão de dívida, a situação é ruim e não pode contratar ninguém. Aí, se o time vai mal, a mesma pessoa diz que precisa contratar porque o Corinthians está ruim", desabafou o ex-presidente.

"Futebol é sem fins lucrativos, gente. O Corinthians tem que estar devendo sempre. Se tiver R$ 100 milhões na conta, vai gastar na bocha, na natação, na peteca, tudo aquilo. Fora os associativos, que tem campeonato associativo", disse Andrés ao criticar a relação com o clube social.

Andrés foi questionado em dado momento sobre as contratações que fez em seus mandatos como presidente - aquelas questionadas pelos torcedores.

"O jogador ganha R$ 1,5 milhão na carteira, aí vai embora e entra na Justiça por equiparação salarial, adicional noturno e tudo. O Corinthians contrata jogador... até hoje eu ouço nomes, Luan, Defederico, as p... que pariu. Você acha que é o diretor ou o presidente do clube é que quer contratar? É a p... do treinador! Quando o presidente contrata alguém que o técnico não quer, na primeira derrota ele diz que contratou alguém que ele não queria".

Andrés finalizou sua participação questionando supostos benefícios de um projeto de SAF, lembrando as discrepâncias financeiras na recuperação judicial e prazo de pagamento de dívidas para clubes.

"Sou a favor que o clube também possa fazer recuperação judicial. Não sou contra a SAF, mas a SAF tem dez anos para pagar as dívidas. No Corinthians tem processo há 18 anos, e o cara não recebeu até hoje. Se tivesse recuperação judicial, ele receberia. O Corinthians ficou sete anos sem receber um centavo com bilheteria, e a conta um dia chega, e chegou. Tem que pagar o estádio, o CT, tudo isso. O único lugar em que cai dinheiro do céu é na igreja, em outros lugares não", finalizou.

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