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Do coletivo ao individual: entenda como a ausência da psicologia afeta o elenco do Corinthians

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Do coletivo ao individual: entenda como a ausência da psicologia afeta o elenco do Corinthians

Danilo Fernandes/Meu Timão

Na corda bamba das três competições que disputa (Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores), o Corinthians não vive a sua melhor fase. Aliado aos resultados, a atuação do elenco em campo escancarou uma fragilidade que atinge desde o individual ao coletivo da equipe corinthiana: o psicológico abalado.

O Meu Timão, então, conversou com João Ricardo Cozac, presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte e do Exercício. O especialista falou sobre como a ausência de profissionais da área no departamento médico do clube afeta o desempenho da equipe em campo em diversas vertentes, indo da "Renatodependência" aos jovens da base.

"Eu vejo o Corinthians nesta temporada como um time fraco e frágil, técnica, física e mentalmente, além de refém de alguns jogadores, que sem eles o time começa a desintegrar. Na parte psicológica, a ausência de um departamento de Psicologia do Esporte, que deveria estar atuante há muito tempo, tem tido efeito. Há mais de 25 anos, o clube não conta com o profissional da área", disse o especialista.

O Corinthians foi procurado pela reportagem e informou que o departamento médico do clube não detém de um psicólogo de esportes. O Timão, no entanto, explicou que "sempre que o departamento médico do clube identifica que um atleta precisa de acompanhamento com um psicólogo, ele é encaminhado a um profissional especializado para direcionar o melhor tratamento".

Renatodependência e a ausência da liderança em campo

João Ricardo Cozac citou alguns dos problemas da dependência do meio-campista Renato Augusto, que mesmo sendo um jogador influente em campo, não consegue ter sequência por questões físicas. Desde abril, o camisa 8 trata lesão no menisco.

"A questão do Renato Augusto me parece que tem duas análises importantes. Primeiro: o Corinthians é refém de um jogador que tem muita experiência e não tem mais a mesma disponibilidade física. É sempre muito perigoso você pautar a sua segurança e estabilidade coletiva em apenas um atleta. O Corinthians apostou muito nisso e em um jogador que tem muito talento, mas não tem mais a mesma disposição física que os demais", disse o especialista.

Um levantamento realizado pelo Meu Timão, aponta que o Corinthians tem melhor aproveitamento quando Renato Augusto está em campo. Sem ele, o time não conseguiu conquistar 30% dos pontos que disputou. Para o especialista, isso é um problema que demonstra a falta de liderança em campo e da revelação de novas referências na equipe.

"Isso também mostra que o time não tem lideranças ativas dentro de campo, porque equipes bem coesas, com boa capacidade motivacional, resiliência, resistência psicológica e emocional normalmente contam com referências e lideranças em potencial dentro de campo. E o Corinthians, hoje, além de ter um universo de desmotivação flagrante, é um time que não tem referências", disse.

"Mas isso precisa ser treinado, se isso não for legitimado dentro da própria equipe é muito difícil que novas lideranças possam emergir. Daí a importância do trabalho psicológico para organizar e ajudar, junto com o treinador, o estabelecimento de novos parâmetros e também líderes em potencial que estão ali de forma encoberta. O trabalho de psicologia poderia revelá-los", completou.

Jogadores pagam o preço pela desorganização institucional

O psicólogo também destacou que as trocas de treinadores distanciaram a equipe de uma estabilidade no treinamento tático, com durabilidade e confiança. Os jogadores, por sua vez, "pagam o preço" pela desorganização institucional.

"Sem dúvidas que as seguidas trocas de treinadores tiveram um papel fundamental na queda de rendimento do time. Quando você não tem uma estabilidade no treinamento tático e técnico, um modelo construído, que permanece e que há uma sequência, confiança dos jogadores, durabilidade e construção de método vencedor, ou minimamente de ser competitivo, as esferas psicológicas, emocional e até motivacional acabam sofrendo e pagam o preço pela desorganização institucional", explica Cozac.

Só nesta temporada, o Corinthians teve quatro técnicos diferentes: Fernando Lázaro, Cuca, Danilo, como interino, e o atual comandante Vanderlei Luxemburgo.

O treinador alvinegro, com pouco mais de 20 dias de trabalho, também passou a dar chances aos jovens da base. São os casos de Pedro, Wesley, Matheus Araújo e Felipe Augusto. O primeiro, por exemplo, foi desconvocado da Seleção Brasileira para a disputa do Mundial Sub-20 a pedido do treinador, mas chegou ao seu quinto jogo consecutivo sem ser utilizado.

João Ricardo disse que não há dúvidas que os jovens da base enfrentam problemas quando passam a integrar a equipe profissional. Muitas vezes são colocados em campo "numa fogueira" e colocados na pressão de render um bom futebol e, consequentemente, acabam perdendo a confiança.

"Não há dúvidas de que você expor jogadores, principalmente jovens, em momentos delicados da equipe é promover um clima de extrema atenção, expectativa e pressão em garotos que ainda não têm recursos internos para manejar e administrar todas as expectativas que são colocadas em cima deles. Um trabalho de psicologia poderia ajudar nessa transição mais pacífica e calma, bem adaptada entre a base e o profissional. Mas, o Corinthians insiste em não criar um departamento de Psicologia do Esporte, não se sabe muito bem por que, mas a própria Associação Paulista de Psicologia do Esporte ofereceu os seus projetos completos a instituição, e não teve nenhum retorno", destacou o psicólogo.

"Foram contactados o departamento médico do clube e a direção. Projetos robustos de treinamentos técnicos e psicológicos, de base e origem cientifica e sem nenhum retorno do clube. Então, essa questão dos jogadores da base, que chegam à equipe principal numa fogueira e já tendo que render, acabam perdendo a sua confiança pelo fato de não terem ainda um passado de resistência, resiliência e grandes provações na equipe principal. Muitas vezes eles nem reconhecem que isso seja possível", finalizou.

Veja mais em: Renato Augusto, Base do Corinthians, Vanderlei Luxemburgo e Departamento Médico.

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