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Empresário esclarece dívida com Corinthians e relembra saída de graça de ex-lateral da base

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Em meio as dívidas do Corinthians com empresários, uma que retomou os holofotes nos últimos dias foi a relacionada ao lateral Rael, ex-jogador da base do Timão. Em entrevista exclusiva ao Meu Timão, Maurice Cohen, representante do atleta, esclareceu detalhes sobre a pendência e a passagem do jogador pelo Parque São Jorge.

Antes de entrar no mérito dos valores, o empresário, de 33 anos, aproveitou para relembrar todo a relação construída com Rael pré-Corinthians. A parceria se iniciou há 11 anos, quando o lateral, à época durante um teste no Athletico-PR, se encontrou com Maurice, que também começava a trilhar sua história no futebol. Rael passou pelo time de juniores de Santos, Portuguesa Santista e São Paulo, mas foi dispensado devido à mudança de gestão nos clubes.

Com a falta de sequência nas equipes de maior expressão, o empresário optou por um caminho diferente. A oportunidade da vez foi em 2016, junto ao Noroeste, do interior de São Paulo, agremiação pela qual o lateral se destacou e chamou a atenção do Avaí. Emprestado ao clube catarinense, ele chamou a atenção do Timão após colaborar para a eliminação do Corinthians na Copinha de 2018, justamente para o Avaí.

"Um dos projetos que mais me agradou foi o Avaí, um diretor chamado Diogo me ligou, gostava do Rael, contava com ele para a reta final do Catarinense. O empréstimo deu certo, ele se destacou, foi campeão Sub-20, no ano seguinte, fez uma bela campanha com o Avaí na Copinha, inclusive jogou contra o Corinthians e eliminou o Corinthians. Foi aí que ele chamou a atenção do mercado e do Corinthians, especificamente. Fui procurado e surgiu um dilema. Ele era do Noroeste, emprestado ao Avaí, e o Avaí detinha uma opção de compra, talvez o caminho mais saudável seria seguir esse caminho natural, tinha moral lá, ia subir para o profissional, era um caminho bem legal", iniciou Maurice.

"Por outro lado, era um sonho meu que ele estivesse no Corinthians. Balançamos, mas optamos pelo Corinthians. Mas tinha um problema: ele era vinculado ao Noroeste e não queriam liberar de jeito nenhum, tinha que ser em definitivo. Pelo Avaí, tudo bem, teve um novo empréstimo, iam ganhar uma parte, então precisava só chegar a um acordo e negociar o valor. Mas o Corinthians não tinha o dinheiro à vista, então me ofereci para fazer o empréstimo, e lógico, o Corinthians cederia porcentagem em uma futura venda e seria bom para todos. O Corinthians tinha interesse no Rael", disse.

O negócio, porém, não era viável financeiramente, naquele momento, para o Corinthians. O Noroeste exigia R$ 300 mil à vista para negociar o atleta. Para não perder a oportunidade, Maurice e seu irmão, Denis Mandelbaum, emprestaram R$ 150 mil cada um ao Timão, à época presidido por Andrés Sánchez. O contrato de mútuo estabelecido entre as partes ficou nome de Denis, que realizou a transferência do valor.

"Meu irmão sempre acompanhou minha trajetória no futebol, sempre admirou meu trabalho, confiou que meus jogadores pudessem dar frutos. Sempre que ele pudesse participar, ele gostaria, e esse foi o caso do Rael com o Corinthians. Ele quis entrar junto comigo, então eu dava metade e ele dava a outra metade do dinheiro. Só que o mútuo precisava ficar no nome de um dos dois, eu fiz a transferência para ele, e ele fez a transferência da conta dele para o Corinthians. O mútuo ficou registrado no nome dele", lembrou.

Anos se passaram e o valor não foi pago. De acordo com o empresário, a dívida não inclui juros, correções e multas, ou seja, o débito continua na casa dos R$ 300 mil, mesmo que o prazo tenha se encerrado para quitar. Maurice Cohen afirmou que foi um pedido dele para não haver correção, apesar de sugestão do próprio ex-presidente, que também criou expectativa pelo desempenho de Rael. Esse foi, inclusive, o único contato com Andrés, já que as principais trocas ocorriam com o departamento da base. Ele e o irmão aguardam o pagamento do valor.

"Partiu de nós. O Andrés chegou e perguntou: 'você não vai querer colocar nada de juros, correção? Pode colocar', e falei que não, estava tranquilo. Na verdade, as pessoas falam: 'é louco de não colocar'. Mas na minha cabeça, eu tinha tanta convicção que o Rael daria um bom retorno financeiro ao Corinthians, que ia virar negociação dele, seguir e abrir espaço no profissional. Não era minha intenção, eu já tinha a segurança que se não desse certo, uma hora esse dinheiro, sem juros e correção, ia retornar para mim. Eu corria esse risco, mas como falei, eu estava começando, queria demonstrar essa confiança para o Andrés, de que eu estava ali para ajudar o clube, não quero explorar o clube, estou para somar, trazer jogadores de qualidade. Foi essa minha visão na época, talvez tenha sido inocente, mas só por isso não coloquei. Inclusive, lembro perfeitamente que ele virou para mim e falou 'é, se esse jogador for metade do que estão falando, é dinheiro certo no caixa'. Falei que podia ter certeza de que era, mas infelizmente não foi bem assim que seguiu a história. Minha intenção era das melhores", relembrou Maurice.

"Eu acho que só tive contato nesse dia. Depois, querendo ou não, o Rael foi meu primeiro jogador em time grande, numa etapa mais velha, Sub-20, próximo ao profissional, não tinha o contato tão próximo com a diretoria, até evitava. Eu tinha um contato mais sólido com a base, Nei (Nujud, ex-diretor), e (Fernando, ex-gerente da categoria) Yamada, construí uma relação boa e era com eles que eu tinha contato", concluiu.

Início promissor, mas...

Com o negócio selado, Rael estreou no Sub-20 do Corinthians em 2018. Ele foi treinado na maior parte do tempo por Dyego Coelho e Eduardo Barroca, realizando 56 e 30 jogos, respectivamente, dos 91 totais na base, com 11 gols marcados. Além da lateral esquerda, o jogador ganhou destaque atuando também no meio-campo, tanto pela faixa central quanto pelos lados. Em 2019, uma sequência positiva foi interrompida por uma lesão no treino, que tirou espaço de Rael não só no fim da temporada, mas para a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2020.

"A história é a seguinte. Ele iniciou o ano (2018) o treinador era o Coelho, ele teve uma dificuldade de adaptação, querendo ou não a exigência é muito maior, parte física, mas rapidamente ele superou e conquistou o espaço no time. Depois vieram outros treinadores, acabou mudando de posição com o próprio Barroca, virando um meia, no Corinthians ele foi mais um segundo volante e não lateral-esquerdo como hoje. No Campeonato Brasileiro Sub-20 ele teve um destaque, mas quando chegou na reta final do Paulista, teve um azar a uma pequena lesão no dedinho do pé, no treino, uma microfratura no dedinho do pé. Ele ficou afastado, a lesão o tirou da reta final do Paulista e também da Copinha, a última que ele poderia disputar. Quem entrou no lugar dele foi o Roni (atualmente no Atlético-GO), que era reserva, mas ocupou o lugar dele, teve um bom destaque, subiu no profissional e seguiu a carreira dele", afirmou.

"O Rael deu um pouco de azar naquela ocasião de não estar no momento e hora certos, se ele tivesse jogado a Copinha, fatalmente teria mais oportunidades no profissional. Ainda assim, eu acreditava que recuperado da lesão ele teria um espaço, mas acabou não acontecendo. Fiz parceria com outra empresa, tinha força no Corinthians, me recomendaram um empréstimo ao Oeste, e foi bom para ele. Ele seguiu a carreira, o contrato não foi renovado e o futebol tem dessas coisas", complementou Maurice.

Rael sequer chegou a estrear entre os profissionais do Corinthians. No início de 2020, foi emprestado ao Oeste para disputa do Paulista, cujo término coincidia com o fim do vínculo junto ao Timão. Não houve renovação de contrato. Aos 24 anos, Rael rodou por alguns clubes, como Paraná, América-RN, Cianorte e Inter de Limeira. Agora, está disputando a Série A2 com o XV de Piracicaba. A passagem pelo Parque São Jorge se tornou um aprendizado para Maurice, que ainda crê na qualidade do lateral para se provar em alto nível.

"Para nós foi um aprendizado muito grande, um divisor de águas. Chegar ao alto nível do futebol profissional e passar aquele muro para chegar aos grandes clubes, é uma outra situação, são várias que envolvem. Aprendemos muito, sempre acreditei na qualidade do Rael, acredito até hoje, tudo que vivemos foi um aprendizado, do que fazer diferente. O Rael segue a carreira dele, ele não está em clube de evidência nesse momento, mas num momento próximo tem tudo para estar no futebol brasileiro ou até em outros mercados, tem situações na janela do meio do ano para fora do Brasil. São situações que nos fazem crescer", ressaltou.

"Agora o foco é terminar a A2, uma fase decisiva, com o XV de Piracicaba. Esperar a fase final e terminando o campeonato, vamos definir o futuro dele. Estamos abertos a todas as possibilidades, se tiver um bom projeto no Brasil e acharmos que vale buscar algo aqui, vamos analisar com carinho. A princípio, a prioridade é buscar algo para fora", finalizou o empresário.

Veja mais em: Base do Corinthians e Diretoria do Corinthians.

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