Zagueiro do Corinthians fala sobre luta antirracista no futebol e revela caso em que foi vítima
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Por Meu Timão
O zagueiro Cacá, mesmo sendo um dos jogadores mais caracterizados pelas risadas e brincadeiras em entrevistas no Corinthians, também tem motivo pra falar sério quando o assunto é racismo. Em um bate-papo na Corinthians TV, o jogador revelou que já foi vítima e espera que as ações antirracistas sejam cada vez mais rigorosas.
"(Deveriam implementar no futebol) a mais rigorosa possível (medida antirracista). Acho que tinha que levar bem a sério isso. Deveriam tratar isso mais como um crime, um crime pesado. Acho que acabar é bem difícil, mas acho que (tem que) diminuir, né? (O papel do jogador na luta antirracista) primeiro é não cometer nenhum ato, um contra o outro. Um jogador branco não cometer nenhum ato racista com um jogador negro. Apoiar mais essas causas. Fazer o possível para poder atingir mais pessoas para não cometer esse tipo de crime. Para mim é um crime", opinou o zagueiro alvinegro.
A entrevista foi ao ar no último sábado. Em meio a diversos papos sobre sua vida, que puderam mostrar sua trajetória na vida e no futebol, Cacá revelou que já sofreu racismo fora do campo, com um agravante de ainda estar ao lado do filho pequeno no momento.
"Também já tive um caso assim. Eu, que sou negro, vi de uma forma racista o que a pessoa fez comigo. Estava com o meu filho e aí tinha uma família, assim, na frente. Uma família de... eram brancos, e tal. Um homem, uma mulher e uma criança. Eles estavam na frente para entrar no elevador. Aí o elevador abriu e eu estava vindo com o meu filho, bem atrás deles. Eles começaram a andar para entrar no elevador” iniciou a contar sobre o ocorrido.
“Aí o rapaz olhou para trás, viu eu e meu filho vindo. Ele parou a mulher e o filho dele, uma criança, foi para o lado e deixou eu e meu filho entrar. A gente entrou, e eles não entraram. Ficaram parados. A gente foi, usou o elevador, desceu, e eles não entraram no elevador. Eu fiquei nervoso ali na hora. Já penso em um monte de coisa. O sangue ferve. Sim (pelo filho). Meu filho tem três anos. Na hora, ali, o sangue ferveu, mas eu tento manter a calma para não explodir", afirmou o zagueiro.
O Corinthians, vale lembrar, tem como tema principal na nova campanha com a Nike, justamente a luta antirracista. Os uniformes I e II do Timão, já anunciados oficialmente e utilizados pelos jogadores em campo, são caracterizados inclusive com um distintivo por dentro da gola com um punho cerrado em preto e branco ao lado do ditado “Tamo Junto e Misturado”, em referência a uma união pela causa.
A numeração, por trás do uniforme, também tem uma tipografia representativa, com os Adinkras Hene e Dwennimmen, originários de Gana. Por fim, a campanha em si tem como slogan principal a frase “Nossa história é uma página em preto”, em homenagem aos atletas e funcionários negros que fizeram e fazem parte da construção do clube.
Segundo Cacá, medidas como a campanha do Corinthians com a Nike devem ser apoiadas. Para o zagueiro, o incentivo à luta antirracista precisa estar bem direcionado desde a infância para que as crianças já tomem consciência da importância dessa causa.
"É como eu falei. Ser mais unido. Apoiar mais esse tipo de causa. Incentivar outras crianças a não fazer isso. Tem que ir logo nas crianças, que vai ser o futuro nosso, no Brasil e tal. Atingir mais crianças para não cometer esse tipo de ato", concluiu o jogador na entrevista.