Meu Timão

Aproveitando que consegui um teste de 30 dias do Instat – na qual eu consegui os dados para fazer a análise tática dos jogadores da base – e levando em conta que eu não tenho dim-dim pra fazer uma assinatura anual que é quase 5.000 reais (:D), resolvi exercitar a minha cachola e fazer uma análise tática do Corinthians Feminino! Vamos ver como foi?

ABORDAGEM ESTRATÉGICA

O esquema usado por Arthur Elias foi um 4-4-2 alternando para um 4-5-1 ou 3-5-2 para obter superioridade numérica, e defensivamente era um 4-4-2 e um 3-5-2 ou 3-4-2-1 em situações de contra-ataque com as jogadoras jogando bem próximas justamente para gerar superioridade numérica em defesa, dando pouco espaço para a Ferroviária.

Passes rápidos, algumas triangulações e muitas bolas longas certeiras eram a chave das meninas. As linhas de defesa e meio-campo jogavam bem próximas entre si, com superioridade numérica e posicional o suficiente para gerar quebras de linha pelos lados.O grande “incômodo” foi no fato de elas errarem aqueles passes-chave e passes de ataque perigosos, que foram muitos: sem exagero, era pra ser uns 30 a 0 se elas acertassem pelo menos 70% daqueles passes-chave e passes de ataque.

FINALIZAÇÕES

Observem que o poderio de finalizações do time é enorme. No jogo todo, o Corinthians finalizaria 18 vezes, sendo que desses, 13 foram chutes perigosos e 10 foram a gol. A grande maioria foi dentro da área, e são finalizações certeiras, principalmente de fora da área. A principal finalizadora foi Gabi Zanotti com 3 chutes; Adriana, Gabi Nunes e Victória somam 2 finalizações de cada, e Tamires com Ingryd somam 1 cada.

CRUZAMENTOS

Uma coisa que chama atenção nos cruzamentos é o nível de precisão: desses, apenas 4 foram errados. O resto foi bloqueado de alguma forma, e dos cruzamentos, 3 foram a gol e 1 deles foi certeiro. Quem assistiu o jogo notou que as meninas falharam muito em acertar passes e cruzamentos-chave, em lances que poderia ser uma goleada de mais de 20 gols caso os lances dessem certo, tamanhas foram as quebras de linha e falhas de recomposição da Ferroviária. É preciso aprimorar esses passes-chave, porque os próximos jogos não perdoarão caso tais falhas aconteçam.

ATAQUES POSICIONAIS

Esses números de ataques posicionais são muito interessantes por um fato muito específico: a participação da Andressinha, Poliana, Gabi Zanotti e Adriana nesses momentos. Andressinha e Gabi são duas volantes que também atuam como meias de criação, e a Poliana, zagueira do time, tem forte participação ofensiva, com as duas construindo suas jogadas com as laterais e a Gabi Zanotti. Pra que vocês tenham noção, a grande maioria dessas criações foram feitas pela Andressinha e pela Poliana.

Como eu disse no início, o time joga em um 4-4-2 alternando para 3-5-2 em ataque para obter força numérica...pois bem, Guardiola, o criador do termo “ataque posicional”, vem fazendo muito isso no Manchester City. Klopp usou um esquema parecido por muito tempo no Líverpool, com a diferença que o esquema principal dele é o 4-3-3. Tal movimentação adotada pelo Corinthians gerou constantes quebras de linha das meninas da Ferroviária, fazendo com que as nossas meninas triangulassem e explorassem muito os buracos adversários, principalmente com as bolas longas da Andressinha e Poliana.

PRESSÃO

Notem o quanto o Corinthians pressiona em ataque. Marcação-pressão é a característica mais forte de Arthur Elias, que gosta do jogo agressivo. A pressão foi mais do que isso, em alguns desses pontos houve mais de um lance.

POSSE DE POLA

Vejam só como as participações das três citadas acima contribuem para a fluidez de ataque do time. As três, juntas, são praticamente a alta do time para fazer a transição da defesa para o ataque de modo a obter superioridade numérica e posicional.

CONCLUSÃO

Arthur Elias deu uma aula de jogo posicional, assim como deu várias vezes ano passado. As nossas meninas formam um time a ser batido devido a imprevisibilidade delas, e elas com certeza darão conta do recado. Gostaria de ver a Andressinha jogando um pouco mais à frente, para que o time não dependa só da Gabi Zanotti. Ela é bastante precisa para infiltrações tanto quanto a Gabi. No mais, os próximos jogos serão uma lição para muito marmanjo por aí – principalmente o do time principal.

VAI CORINTHIANS!