Hugo Miyazaki
Baita tópico(como sempre), parabéns
em Análise dos jogos > Análise tática Santos x Corinthians – uma aula de futebol para a...
Em resposta ao tópico:
Nesse jogo, aonde a mística da terceira camisa foi para o brejo (!), o time foi muito melhor do que no jogo anterior. Se forem olhar o Santos, apesar de ter praticamente reservas, o time não é ruim não – tem vários jogadores ali que foram destaques em suas bases, com alguns indo até na seleção – e o Kaio Jorge nem tocou na bola, um mérito total do time. Vamos aos detalhes?
PRIMEIRO TEMPO
Mancini, inteligentemente, colocou o time num 4-1-4-1 mesclado com um 4-2-4 na marcação-pressão e, por vezes, um 3-5-2 para obter superioridade numérica. Na defesa, os mesmos 3-5-2 ou 4-2-4 são mantidos, principalmente quando há contra-ataques, e por vezes havia duas linhas de 4 ou uma linha de 4 e outra de 5.
Notem a forte mobilidade dos jogadores do Corinthians. Ramiro trocava de posição constantemente, tanto com Gustavo Silva quanto com Gabriel Pereira; Roni e Gabriel faziam exatamente a mesma coisa. Mancini, de maneira muito perspicaz, soube aproveitar as características dos seus volantes, fazendo com que eles tivessem bastante mobilidade. Tanto João Victor quanto Lucas Piton apoiaram enormemente essa mobilidade entre os volantes, e nesse esquema com 3 zagueiros propiciou com que os jogadores jogassem próximos entre si. Não culpo Cauê nesse jogo porque o time foi armado para que os zagueiros e o meio-campo fossem móveis e atacando muito, e ele teve as suas chances e quase fez gol quatro vezes.
Esse mapa de calor é do Raul no primeiro tempo...e se queriam algum motivo pra mostrar que Raul Gustavo é para ser titular, esse jogo mostrou isso. Ele sai da defesa para o ataque criando jogadas, aproveitando os buracos e chutando a bola, cabeceou com perigo...e ainda conseguiu tirar uma bola da defesa após o rebote de Cássio, a dominando, girando para que o atacante não a pegasse, correu alguns metros e meteu uma bola longa certeira para o jogador! Raul ainda faria um gol no rebote após o chute de Jemerson...chapando de primeira em pleno ar, rasteira e no cantinho, numa finalização de centroavante! Esse aí ganhou a titularidade com tudo isso, não é possível!
E meu pai, que golaço de falta o Lucas Piton fez! No canto, rápida e precisa! Aliás, ele foi útil tanto ofensiva quanto defensivamente, participou muito com Ramiro, Roni e Gabriel Pereira. Acertaria 2 bolas longas de 3 e ganhou todos os poucos debates tanto pelo chão quanto aéreos. Hoje, sem dúvida, ele é o titular ao invés do Fábio Santos.
SEGUNDO TEMPO
No segundo tempo a pressão se manteve. Perigos foram criados com os meias, Raul virou o dono do meio-campo. As adições de Adson e Cantillo fez com que os ataques fossem mais acintosos em absolutamente todos os lados do campo. João Victor criou grandes perigos, Ramiro também. Roni, desde o primeiro tempo, foi extremamente essencial no revezamento de posições, e no segundo tempo até antes de sair, com as entradas de Adson e Cantillo, foi o que mais ajudou a construir jogadas. O jogo de com muita pressão e perigos de gol até o fim – diferente do futebol apresentado contra o River.
OUTROS DETALHES
Como vocês podem ver no mapa de calor, o Corinthians foi muito, mas muito mais incisivo em ataque do que aquele time contra o River – e um detalhe muito importante é que o time jogou muito mais compactado ao invés de jogarem afastados como foi no último jogo .
O que eu falei no mapa de calor se confirma com esse gráfico de posse de bola e o gráfico de passes por tempo. João Victor, Jemerson, Gabriel, Raul Gustavo, Lucas Piton e Ramiro foram os reais articuladores do time. Com Cássio pegando pouco na bola – ao contrário dos últimos jogos em que o time “titular” joga – e numa marcação alta com o time todo e jogando compactado, o time foi altamente efetivo.
Olhem a diferença desse mapa de interações entre jogadores com as interações do jogo contra o River-PAR. Se no jogo anterior a quantidade de passes entre os defensores era absurda - as interações entre os zagueiros passaram de 30 vezes! - nesse jogo a bola rodou bem mais entre o time.
CONCLUSÃO
Não vi nenhuma diferença entre o esquema do Mancini com o de Pep Guardiola no Manchester City, que também usa o 3-5-2. Raul Gustavo foi um monstro hoje, nem parecia que era zagueiro: aliás, hoje em dia, zagueiros armadores estão cada vez mais em voga e tem poucos jogadores que fazem assim. Ele, junto com Bruno Méndez e Danilo Avelar – que também são zagueiros armadores – podem fazer uma trinca de zaga que pode auxiliar e muito o meio-campo. Digo e repito: João Victor com certeza está merecendo a titularidade, bem mais do que o Fagner.
A panelinha recebeu uma aula de futebol. O jogo contra o River-PAR foi uma tentativa mesquinha, pífia e cínica de jogar a torcida contra o técnico, querendo dar a impressão de que o time não tem “padrão” – e de fato não tem: porque só agora temos um elenco bom a ponto de criar um padrão, graças aos rapazes, e ainda assim a maioria está fora de forma. Vencemos um dos nossos maiores rivais, que veio com time reserva – que não é um time ruim, como expliquei antes – e o Timão jogou muito melhor do que o time que empatou com o fraquíssimo River-PAR... Prova maior de que houve uma tentativa de panelinha no jogo de quinta-feira não há. A diferença de atuação foi gritante - e não foi porque era um clássico, pois o jogo de quinta foi vergonhoso, mas basta raciocinar que mesmo quem acha que os reservas do Santos são fracos, convenhamos que eles são muito mais difícil de serem derrotados do que o River-PAR, e contra eles o Corinthians mal chutou a gol e jogou de foram extremamente apática. A panelinha que fique de olho.
VIVA! VIVA!