Meu Timão

Sei que o brasileiro típico não gosta de um esporte específico. Ele gosta é de ganhar. Quando temos um brasileiro alcançando o topo no skate, todo mundo passa a acompanhar a modalidade. Se formamos um selecionado de respeito no vôlei, a mídia logo corre para fazer cobertura de torneios regionais e nacionais dos times que disputam.

Com o futebol não é diferente. A questão é que nesse espaço, porém, vejo que se reúne um grupo considerável de pessoas que não só são apaixonadas pelo Corinthians, mas também gostam bastante de futebol. Partindo dessa premissa, eu lhes pergunto:

- Vocês sentem prazer quando assistem um jogo desse Corinthians atual?

Pergunto porque vez ou outra acho muito fácil perder uma tarde vendo um jogo do Bayern, por exemplo, ou do Liverpool. Equipes cuja dinâmica permite que sejam frequentes os lances que tornam o futebol um esporte tão admirado: triangulações, infiltrações, chances de gol, roubadas de bola, tabelas bem executadas, contra-ataques letais, etc.

É claro que esses times são pontos fora da curva, mesmo porque contam com um poderio financeiro com os clubes desse lado do mundo sequer sonham, mas não precisamos nos esforçar muito para encontrar exemplos no Brasil.

O Corinthians de 2015 tinha um futebol de encher os olhos. O Cruzeiro de 2013/14 também era bacana. O Flamengo do Jorge Jesus dispensou comentários.

Eu não me recordo de um jogo sob o comando do Sylvinho no qual eu tenha pensado 'caramba, como é legal ver um jogo de futebol'. A burocracia dos atletas, todos guardando posição sem efetivamente executar uma função, os passes sem objetivo, a falta de ritmo, a ausência de participação ativa nas jogadas,... Tudo caminha para transformar a experiência de ver uma partida em uma verdadeira tortura.

Nunca antes na minha história de torcedor - e olha que eu passei por cada agrura - eu me peguei pensando em vários outros assuntos enquanto estava na frente da TV com o Corinthians jogando: o passeio no parque com o cachorro, a louça que eu tenho que lavar, o seguro do carro que eu não lembro se paguei, o medicamento que fiquei de pegar na farmácia. Qualquer outro tema parece ser mais merecedor do meu foco que a estratégia que o Sylvinho vem tentando emplacar sem sucesso desde que chegou ao Parque São Jorge.

Duílio, você quer modernizar o clube? Quer profissionalizar de vez a gestão do Corinthians? Quer transformar o time de futebol em uma máquina de arrecadar dinheiro? Então pense no esporte como um produto. Esse que você está deixando o Sylvinho nos entregar não pode ser considerado nem de quinta categoria.

Abraços, Fiel.