Vinícius Martin
Excelente tópico! Finalmente alguém lúcido pra explicar melhor que não estamos simplesmente vendendo o estádio.
A melhor parte, na minha visão, é conseguir ter uma administração séria e responsável para o estádio, visto que os CNPJs não se misturam (do clube e da NQA).
Mesmo com as possíveis desvantagens levantadas pelos colegas, ainda assim vejo um negócio extremamente interessante. E com certeza vou comprar cotas.
em Bate-Papo da Torcida > Explicando a Arena na bolsa de valores
Em resposta ao tópico:
E é até bom para quem não conhece, aprender um pouco o que todo brasileiro deveria ter que é educação financeira. Eu não sou da área, sou de TI, mas sou um investidor (bem modesto). Compro ações, de empresas que pagam dividendos.
Primeiro, é uma ótima ideia que eu não sabia que seria possível, a Arena na B3 (sigla da bolsa de valores brasileira). Se tivesse feito isso em 2014, já teríamos quitado o estádio.
Provavelmente será FII que é a sigla de fundo imobiliário. Mas a Arena seria algo novo na bolsa brasileira, pois, em geral, FIIs pagam dividendos de aluguéis e arrendamentos para quem compra as cotas. A maioria dos grandes shoppings do Brasil estão na bolsa.
No caso da arena, seria uma mistura de FII com ações mesmo, com IPO. Os dividendos viriam dos valores arrecadados na bilheteria e nos aluguéis de espaços comerciais.
Agora explicarei como que funciona, para vocês não acharem que estamos vendendo a Arena para outro dono.
Quando você coloca um imóvel na bolsa, é como se dividisse ele em milhares ou milhões de pedacinhos. Como não dá pra pegar um tijolo e levar pra casa, é emitido um papel que vale por esse pequeno pedaço.
É assim, por exemplo, que nasceram os papeis de agropecuária nos EUA na década de 1910 (se não estou enganado). O dono da fazenda vendia a colheita futura em pequenos pedaços. Por isso que vocês veem papéis de milho, soja, boi gordo na bolsa de valores. Aí usava esse dinheiro pra plantar e fazer a colheita em si. Às vezes, os donos dos papéis esqueciam de trocar eles dinheiro e o agricultor levava o milho até Nova Iorque, em frente a bolsa de lá. Isso aconteceu algumas vezes, é sério kkk. Um monte de caminhão cheio de milho em frente a bolsa. Hoje, não mais, claro.
No caso da arena, não são títulos para executar e sim uma parte societária. Quem compra as cotas, passa a ser sócio da arena. E as cotas, em geral, começam baratinhas. Menos de 5 reais cada uma. E não sobem muito mais que isso. A Petrobrás por exemplo, no papel PETR4, está R$35,76 na cotação de hoje. Cada cota ou cada papel, custa 35 reais. Você pode abrir uma conta em qualquer corretora e comprar um ou vários papéis da Petrobrás agora, por um dos muitos apps. Eu uso hoje o da Toro, mas já usei Empiricus, NuInvest. É muito fácil de comprar e vender.
Então eu, você, e todo torcedor corintiano pode ser cotista. A gente pode se juntar e comprar a arena se a gente quiser e se tiver dinheiro pra isso. Essas cotas ficam disponíveis na bolsa, para qualquer um comprar.
E qual a vantagem de ser cotista? Primeiro, que com certeza o papel vai valorizar, porque a arena dá muito lucro. Pra bolsa, é um baita de um negócio. E eles brincam com valorização e desvalorização diariamente. São os chamados day traders. Compram e vendem ações e FIIs o dia inteiro.
Segundo, paga dividendos. E como que são os dividendos?
Imagina que a arena faturou 200 milhões em 2024. O custo operacional dela foi de 120 milhões (impostos, administração, folha de pagamento dos funcionários, melhorias, pagamento da Caixa). O lucro foi de 80 milhões. Desses 80,25% é distribuído entre os cotistas. E quem recebe não paga imposto. A maioria das empresas que pagam dividendos, trabalham com esse percentual de 25% do lucro anual.
Ou seja, 20 milhões de reais serão divididos entre os cotistas todo ano. Os outros 60, ficam para o clube.
E para o Corinthians, qual a vantagem?
Esses papeis serão comprados por nós, ou por quem quiser comprar. Todo o dinheiro arrecadado vai para o Corinthians. E ele precisa ficar com no mínimo 51% das cotas, senão ele perde o controle da arena. O maior cotista, geralmente, administra o fundo. Se arrecadar 400 milhões, quita o acordo com a Caixa praticamente.
E que vantagem o corintiano tem nesse negócio? Primeiro, quem administra o fundo é uma das grandes financeiras, como XP, BTG Pactual ou até um banco mesmo.
Para entrar na bolsa, a Arena vai precisar atender a uma série de regras de gestão que obrigarão a profissionalização. Não vai ser Duílio, André Negão, Augusto Melo ou Andrés que vai administrar o fundo.
Outra coisa, tem que criar um conselho de cotistas. Quem tem mais cotas, ganha lugar no conselho. E nenhuma mudança drástica é aprovada sem passar pelo conselho. Se quiser construir uma roda gigante, o conselho vai precisar aprovar. O presidente do Corinthians vai ter que montar um projeto e convencer o conselho de que aquilo é uma boa.
Ou seja, eu só vejo vantagens.
Nós, pobres torcedores, podemos ser donos da arena. Uma pequena parte, mas donos. E isso pode ser um aditivo a nossa aposentadoria. Eu invisto pra isso, no mercado o pessoal chama de carteira previdenciária quem investe pra poder ter renda no futuro, quando aposentar.
O Corinthians vai levantar dinheiro pra quitar de vez ela.
E o corintiano vai ter um espaço cada vez melhor pra ver o jogo, além de uma boa gestão obrigatória, do patrimônio do clube.
Só vejo vantagens.
Espero ter sido claro na explicação e não ter falado nenhuma besteira, pois não sou da área.
