Bruno Machado
Tem que aproveitar o nosso coringa...pelo que demonstra, não vai ficar muito tempo no futebol brasileiro!
em Bate-Papo da Torcida > Filosofia de jogo - Xadrez do Antonio Melo
Em resposta ao tópico:
Encontrava-me circunspecto em meu escritório a filosofar sobre o esporte bretão. Antes de entrar num pensamento criativo, com o propósito de definir o modo de jogar do esquadrão alvinegro, sob a batuta do Senhor Antonio Oliveira. Na entrevista de apresentação dele no CT, sábado de carnaval, de modo transparente, ele jogou uma provocação aos entrevistadores e ao público. Destacou a palavra organização como de fundamental importância na definição de uma formação estratégica.
Procurei cercar-me de informações quanto ao trabalho do Antonio Oliveira. Os analistas definiram a formação em número de três (defesa, meio-de-campo e ataque), ou quatro (coringa, defesa, meio-de-campo, ataque e coringa). Mais adiante esclarecerei o meu raciocínio a propósito de tal apresentação e ferramenta de análise.
SÃO JORGE DEFINIU O DESTINO - No Cuiabá, o coringa era o Raniele. Vamos convir, São Jorge definiu o destino. O Raniele foi escolhido pelo CIFut (Centro de Inteligência do futebol do Corinthians). O Nano era o treinador da gestão RT, estava trabalhando com visível má vontade. Não sei como foi a tomada de decisão, mas o fato que que contratamos o Raniele.
Tormentosas conversas de bastidores, contratações e descontratações, especulações de todas as ordens, aconteceram na diretoria e na mídia. Deu na teia ou na telha, como preferirem, trazer o Antonio Oliveira, técnico que utilizava o Ranieli como coringa, acabou sendo contratado para dirigir o time na temporada 2024. Podem cravar, as partes vão cumprir o contrato. Vaticino que dará bom.
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O esquema do Antonio Melo, pelo que eu observei, não se prende à linha horizontal representada por defesa, meio de campo e ataque. Ele tem uma definição de estratégia assemelhada ao do enxadrista, com a riqueza da possibilidade de movimentos das peças. Vamos entender o que estou falando com exemplos.
VERTICAL E HORIZONTAL – Há muitas variações na movimentação das peças, ou seja, as jogadas são conduzidas pelo posicionamento do coringa. No campo o que vou falar é bastante visível.
Na televisão, não dá pra perceber, em campo é bem visível. Observei que o Ranieli desempenhou a posição de Coringa. Como as câmeras focam as jogadas em que a bola está, não se percebe o que os jogadores fazem enquanto não são focalizados. Percebi no campo ao observar o movimento do conjunto da equipe, que o Ranieli corre em linha vertical, complementando as linhas horizontais. Seu jogo aparece muito, porque ele corre só em reta e sempre vai complementar as linhas de defesa, meio-de-campo e ataque. Na horizontal, já dá para notar na televisão, o posicionamento do coringa, permite uma movimentação mais livre para as linhas horizontais, por facilitar a posse de bola, pois os jogadores antagônicos, que se embatem nas linhas defesa nossa-ataque deles, defesa deles ataque nosso, meio-de-campo x meio-de-campo, estão sempre com o coringa próximo. O Ranieli acompanha as jogadas das linhas horizontais. Capicci?
DIAGONAIS – As jogadas diagonais, diversamente daquelas em que as linhas e o coringa estão definidos, sempre são focadas pelas câmeras de televisão. A bola anda em diagonais, raramente em horizontais ou verticais. As principais são as triangulações, mas os passes diagonais são os que fazem a transição. Neles o coringa está presente, para vigiar a movimentação da bola em quebras de linha. No papel de triangulador principal, quem joga é o Garro. Ele tem bastante habilidade para cumprir o papel.
Os gols do Corinthians no confronto contra a Portuguesa de Desportos saíram de jogadas horizontais e verticais. O Wesley fez um passe horizontal que encontrou o Fagner. Ele dribla o beque da Portuguesa, que não tinha outra alternativa, que não fazer a falta. Falta claríssima. O árbitro estava muito perto do lance e marcou sem pestanejar. Não sei se o VAR chamou ou não, porque o ângulo de visão do juiz o permita ter visão do fato. O Maycon bateu e marcou. Na vertical foi a jogada do segundo gol. O passe ao Yuri veio de um cabeceio certeiro do Maycon para o nosso atacante, que quebrou a linha defensiva da Portuguesa e ficou cara a cara com o goleiro, acertando a pontaria na finalização.
A intensidade do time, por fim, outro fundamento destacado sempre por Antonio de Oliveira, se dá em decorrência da movimentação do coringa. Vocês podem indagar se o coringa tem pulmão e pernas pra acompanhar a movimentação da equipe. Cravo que sim, porque ele anda eu uma linha reduzida e única, a vertical.
Acho que entendi o que é futebol moderno. Nunca tinha visto o Corinthians jogando deste jeito.
Não sei se vai dar certo. Quero crer que sim.