Renan Martins
Uma pesquisa contratada pelo estádio aponta para a renda mensal do torcedor que o frequenta – um corintiano que não tem origem na elite, mas na classe média
Depois que divulgou uma pesquisa sobre o perfil de torcedores, na noite de terça-feira (3), a Arena Corinthians causou pânico com as faixas de renda de seus frequentadores. Mostra o infográfico produzido pelo estádio, com base nos dados apurados pela agência Armatore após 12 mil entrevistas, que 31% dos corintianos têm renda entre R$ 3.520 e R$ 8.800 mensais, por exemplo. As cifras pegam mal por um punhado de fatores. O brasileiro tem um salário mínimo de míseros R$ 937, o Corinthians se autointitula desde sempre o 'time do povo', e a própria arena está localizada num bairro pobre da periferia de São Paulo, o de Itaquera. A narrativa pega fácil, mas se apoia em dados interpretados equivocadamente. A pesquisa da Armatore não aponta para a elitização da Arena Corinthians.
O maior equívoco, em partes porque o infográfico corintiano não expôs esse dado, é não esclarecer que a renda apurada na pesquisa é familiar, não individual. A cidade de São Paulo tem em média três pessoas por família. Logo, daquela faixa de renda mencionada no parágrafo anterior, os valores estão entre R$ 1.173 e R$ 2.933 por pessoa. A diferença para o salário mínimo nacional já não é mais tão gritante assim. ÉPOCA repetiu o cálculo em todas as faixas de renda para que se tenha uma noção mais clara do quadro. Na realidade, a pesquisa indica que 55% dos entrevistados têm rendas entre R$ 587 e R$ 2.933 mensais, enquanto só 12% ganham mais do que R$ 5.867 por mês, esse sim um senhor salário para a realidade do trabalhador brasileiro.
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em Bate-Papo da Torcida > "A Arena Corinthians foi elitizada? Uma leitura atenta do...