Em um ano tão simbólico pelo aniversário de 40 anos do emblemático título paulista de 1977, o Corinthians não poderia homenagear melhor aqueles que “tiraram dos olhos do povo as lágrimas da humilhação” há quatro décadas. Jogadores, técnico e, principalmente, a Fiel Torcida jogaram juntos, em harmonia, culminando no surpreendente título do Paulistão Itaipava 2017 e no improvável título do Brasileirão desse ano.
Após ser taxado como “Quarta Força” e faturar o caneco estadual, mesmo com investimentos menores do que seus maiores rivais e com um técnico recém-promovido, o Corinthians iniciou o Campeonato Brasileiro sob desconfiança e com sua capacidade questionada, dada a dificuldade do torneio.
Na primeira rodada, um fraco empate contra a Chapecoense, mas, à partir daí, Carille e seus comandados arrancaram, de forma invicta e incisiva rumo ao título do primeiro turno, com um futebol extremamente cirúrgico e uma defesa sólida e treinada, que não dava chance aos adversários, que quase não errava, batendo o até então temido Grêmio na Arena rival, vencendo seus três maiores rivais e tornando-se ainda mais letal fora de seus domínios. A equipe do “estagiário” terminou o primeiro turno de forma invicta, chegando à segunda maior sequência invicta do clube em 107 anos de história e sob aplausos da Fiel, que, àquela altura, já fazia as contas por um eventual heptacampeonato brasileiro no final da temporada.
A “lua de mel” do Timão com o Campeonato Brasileiro não foi perfeita, pois o time, em um natural processo de oscilação no segundo turno, perdeu jogos e pontos valiosos, com um desempenho abaixo do apresentado ao decorrer da temporada e chegou à despertar fortes doses de receio em seus torcedores, como nas derrotas para Santos, Bahia e Ponte Preta, até mais um divisor de águas na temporada.
O rival Palmeiras, em ascensão, era visto cada vez mais de perto pelo retrovisor alvinegro, que derrapava de forma preocupante, mesmo sem largar a ponta, alcançada ainda na quinta rodada. Quis o destino que ambos se enfrentassem na reta final do torneio, justamente no ano do Centenário do confronto.
Mais uma vez chegando como desacreditado por, pelo menos, 77% da imprensa, o Corinthians abriu a sua casa para surpreendentes e surreais 32 mil fiéis que, em uma demonstração única de amor e apoio, deixou claro que, pra passar por cima do Corinthians no dérbi, o rival teria que suar sangue e enfrentar um exército de guerreiros trajados em preto e branco. No dia seguinte, “com sangue nos olhos” e jogando “o jogo da vida”, o Timão bateu o badalado rival por 3 a 2, convincente e sob os olhares e vozes de 46 mil loucos, recuperou a moral e deslanchou novamente rumo ao maior objetivo da temporada. Nos jogos seguintes, jogadores criticados e muito questionados ao longo do ano, como Giovanni Augusto e Kazim, marcaram em duas vitórias consecutivas por 1 a 0 e deixaram o Timão com nove dedos na taça.
Podendo ser campeão, o Corinthians sofreu um gol do Fluminense no primeiro minuto de jogo, mas, como não havia acontecido em nenhum jogo do Brasileirão, virou a partida com raça, atitude e dois gols fulminantes do artilheiro e antes “apedrejado” Jô e, com um gol de Jadson, já no fim do jogo, oficializou a Proclamação da República Popular do Corinthians, dando início à festa de 30 milhões de loucos do bando, espalhados pelo Brasil e pelo mundo. O Corinthians é, finalmente e de fato, campeão brasileiro de 2017!
Como em 1977, um elenco julgado como limitado, questionado e apedrejado lutou contra tudo e contra todos os que não acreditavam, calou bocas e triunfou ao final. Nunca foi fácil e nunca será! O título brasileiro conquistado pelo Corinthians estará “eternamente dentro dos nossos corações”, mas deixando claro que “teu passado é uma bandeira e teu presente é uma lição”, como em 1977. Como em 2017! “És do Brasil o clube mais brasileiro”, sem fax e canetadas.
“O bando de loucos pirou de vez! O Corinthians quebra marcas e pinta o sete!”
De fato os humilhados serão exaltados, começamos o ano como quarta força, com muitos dizendo que só nos restava lutar contra o rebaixamento, tai a resposta aos corneteiros e antis, o ano está acabando e hoje somos a primeira força do futebol brasileiro.
Há certos timecos que acreditam que tem (certo timeco com torcedores que amam ralar em uma laminha) ou que terão (acham que são hexa, mas na verdade são penta) essa honra. De fato, um ano espetacular.