Meu Timão

O ano de 2013 foi um desastre, horroroso? Se formos pensar em títulos, não. Ganhamos dois, em cima de rivais, Paulista e Recopa.

Mas se formos pensar em futebol apresentado, foi fraco, muito fraco, principalmente após a saída do Paulinho. Parece que após sua transferência, ele levou junto nosso meio e ataque, mostrando o quanto era diferenciado, um craque.

Paulinho era a nossa engrenagem. Marcava forte, conduzia a bola do meio ao ataque e chegava como elemento surpresa à frente. Ele fazia o esquema funcionar.

Após sua saída, tudo se tornou previsível. Nos tornamos manjados. Ficaram vários buracos na transição da bola do meio ao ataque. É como se o Paulinho ligasse todos os jogadores da frente. Agora sem ele, todos estão distantes uns dos outros, sem aproximação.

Tite tentou achar um novo Paulinho. Guilherme é um ótimo jogador, mas tem característas distintas. Guilherme é mais de cadência, de posso de bola, diferente do Paulinho, que fazia o jogo correr mais. Tite insistiu no esquema, mesmo sabendo que sem o Paulinho, era um esquema previsível. Até hoje, meses depois sem ele, ainda não mudou. Então, resolveu apelar pra defesa. Trancou completamente o time. Apostou em jogadas isoladas, em míseros contra-ataques. Não temos jogadas trabalhadas. Só chutões, lançamentos e um sólido sistema de defesa. Já os nossos sistemas de criação e ataque não existem. São os 10 jogadores de linha antes do meio campo, é atacante marcando lateral, meia armador voltando pra marcar volante adversário. Um time que joga na defesa, de forma pequena e covarde, esperando uma bola.

Às vezes, quando se instala uma pressão sobre o elenco e a comissão técnica, Tite resolve fazer o que detesta: atacar e colocar o time pra frente. Logicamente, quando resolve fazer isso, melhoramos, fazemos gols. Mas aí, no segundo tempo, Tite volta a sua obsessão defensiva e recua o time. Muitas vezes, como foi domingo, perdemos pontos por isso.

Pra mim, Tite não é mau técnico, pelo contrário. Ele somente se tornou irritantemente teimoso, além de perder uma das suas maiores virtudes: a coerência. Se tornou sem critérios, contraditório, confuso. Está completamente perdido.

Respeito muito o Tite. Conquistou tudo aqui, todos os títulos possíveis. Estará sempre na história do clube, mas gostaria de uma nova filosofia de trabalho. Gostaria de ver novamente meu time jogando futebol, atacando, sem medo, com vontade de vencer. Cuca, Mano, Abel, Bielsa ou Oswaldo de Oliveira são nomes que eu aprovaria.

Quanto ao Pato. Muitos acham ele um craque, outros um perna-de-pau. Pra mim, nenhum, nem outro. O altíssimo preço pago de 40 milhões fez com que ele chegasse com o status de fora de série, coisa que ele não é. Mas Pato também não um pereba, caneleiro. Ele tem recursos. Pato não é centroavante, é um segundo atacante. Tanto que os melhores jogos dele no Brasileirão foi atuando nessa posição, com o Guerrero de referência, contra Bahia e Flamengo, em que ele fez dois gols em cada jogo. Ele é rápido, habilidoso, de explosão, arranque, mas precisa de companheiros ao seu lado. Aí vem muito o porque dele ainda não conseguir mostrar tudo que pode: o esquema defensivo do Tite. Em muitos jogos, Pato tinha que marcar, armar pra ele mesmo e receber a bola sozinho lá frente, já que seu companheiro de ataque e o meia que tinha que lhe servir estavam marcando os laterais adversários. Pato é sim bastante prejudicado pela formação ultra defensiva atual. Após o pênalti contra o Grêmio, parece que sua trajetória no clube acabou. Ele bateu de maneira irresponsável? Sim. Tem sua parcela de culpa? Claro. Mas nem de longe é o principal responsável pela eliminação. O pegaram pra Cristo. Esqueceram do Emerson mais uma vez expulso, cavada pra fugir da responsabilidade de bater o pênalti. Esqueceram da obsessão defensiva do Tite e suas incoerências, deixando Renato Augusto no banco, depois de ter tido várias vezes que precisava dele, segurando o time nos dois jogos, em 180 minutos, sendo que o Coritiba domingo precisou só de 5 pra fazer dois gols contra eles. Esqueceram de tudo, menos do Pato. Ele deverá ir embora ano que vem. Uma pena, pois sairá sem mostrar tudo o que pode e de maneira injusta.

Quanto ao Mário Gobbi, um comando pífio. Trouxe jogadores fracos, alguns com aval e a pedidos do Tite, como Ibson e Maldonado, não teve pulso pra tomar rédeas nos momentos em que se exigia mudanças, dando ouvidos várias vezes aos jogadores quando os mesmos nada faziam pra melhorar, e não foi uma só uma vez, vendendo ilusões pra torcida com incontáveis pactos, todos frustrados. Uma direção omissão, conturbada, sem pulso.

O ano ainda não acabou, pois nos resta chegar aos 48 pontos pra fugir do rebaixamento. Isso, de forma deprimente, foi o que nos restou pra esse fim de ano. Claro que eles vendem a possibilidade de chegar a Libertadores, coisa que acompanha os jogos e vê o futebol que estamos apresentamos, não cai nessa outra ilusão que estão vendendo.

Pra 2014, é necessária uma grande reformulação. Dispensas como Ibson e Maldonado, vendas como Emerson e reforços, não só pra chegarem e serem titulares, como também pra compor elenco. Além de um novo treinador, um nova filosofia de trabalho. Uma pena não podermos também termos novamente Andrés Sanchez no comando do clube.

Para o ano que vem, é preciso mudar muita coisa. Continuar do jeito que está, isso não pode acontecer.