Mauro Kac
No bojo dos devaneios de Rosenberg sobre a contratação de Balotelli, um fato passou meio desapercebido que foi a situação financeira do clube.
Embora seja de conhecimento geral a dificuldade financeira que o clube vive há anos, Andrade, o último presidente, passou os três anos de sua gestão cortando despesas e equilibrando as finanças, e o resultado final é que ele provavelmente conseguiu dobrar a divida que recebeu de Gobbi, que já tinha conseguido dobrar a dívida que recebera do próprio Sanchez.
Segundo Wesley Melo, novo responsável pelo departamento financeiro do clube, o fluxo de caixa é negativo em 8 milhões ao mês o que projetaria um aumento do endividamento até o final do ano em mais de 100 milhões, algo insustentável.
Wesley afirma ainda que a saída seria o aumento de receitas através de novas parcerias, algo que no momento parece inviável.O cenário para as receitas é de diminuição. Os novos contratos de TV que vigorarão a partir de 2019 deverão reduzir as receitas em cerca de 30%, e o cronograma de desembolso é pior, devendo impactar o fluxo de caixa mais ainda.
Embora eu acredite que a não contratação de Pablo tenha se devido mais a lambanças de seu agente, a não renovação de Balbuena acende uma luz vermelha de outra natureza. Deve ser basicamente devida à falta de dinheiro e não a intransigência dos agentes como o noticiário às vezes sugere.
Circulou uma informação de que a pedida era de 4 milhões de euros de luvas, algo imediatamente desmentido por Balbuena, e posteriormente pela diretoria.
Indispor o jogador com a torcida não irá forçá-lo a assinar por qualquer valor.
Se temos dificuldades para renovar contrato com um zagueiro que tem jogado muito e quer permanecer no clube, imaginem qual deve ser o problema real.
Estamos entrando em março e nada ainda do balancete de 2017.
Esta informação deveria estar disponível antes da eleição.
Só viemos a saber dos estouros orçamentários de Andrés Sanchez e Mário Gobbi, e dos atrasos de salários depois da eleição de Roberto de Andrade.
O pior é que ninguém explica o endividamento.
Certeza uma só - não se deve à Arena.
Embora suas receitas sejam retidas para o pagamento do financiamento, a maioria dos clubes brasileiros tem menor endividamento e fluxo de caixa melhor do que o Corinthians, sem contar com receitas de jogos - o Flamengo joga em um estádio menor que a fazendinha e nem sempre lotado, e o São Paulo joga sempre em um Morumbi vazio.
O estatuto do clube deveria exigir em anos eleitorais, a entrega de balancete prévio em janeiro, para que os eleitores no mínimo saibam a situação real do clube antes de votarem.