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Com custo alto e sem dinheiro dos CIDs, Arena atrapalha situação financeira do Corinthians, segundo Superintendente de crédito do Itaú

Bruno Teixeira / Instagram

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Nem Naming Rights equilibraria as contas da Arena Corinthians

Por Meu Timão

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Após a divulgação do estudo “Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros”, realizado pelo Itaú BBA, o Meu Timão entrevistou Cesar Grafietti, autor do análise, para conversar sobre as finanças do Corinthians.

Abordando as finanças da Arena Corinthians, o Superintendente de Crédito do Itaú BBA acredita que a engenharia financeira não funcionou do jeito planejado e que o clube acabará tendo que tirar dinheiro do futebol para pagar o financiamento das obras da construção do estádio em Itaquera.

Confira abaixo parte da entrevista cedida ao Meu Timão:

Cesar Grafietti acredita que o Corinthians terá que tirar dinheiro do futebol para pagar as contas da Arena Corinthians.

A Arena Corinthians, recém-construída, está ajudando ou atrapalhando as finanças do Corinthians?

- Claramente, atrapalha. Por um lado, você imagina que está trazendo mais receitas para o clube. Tem o programa de sócio torcedor, o estádio está sempre cheio, enfim. Em compensação, do programa de sócio torcedor, eu imagino que o clube deva ficar com uns 15 ou 20% de tudo o que arrecada. Todo resto, mais a bilheteria, mais a publicidade do estádio, é para pagar a conta do próprio estádio. Traz mais renda, mas o clube não está vendo essa renda. Então, ele prejudica o clube. O Corinthians poderia estar tendo uma receita de R$ 100 milhões a mais, porque está direcionando o dinheiro para o estádio. Eu acho que até menos do que isso, mas era uma receita que poderia estar compondo os custos. E, além disso, como a dívida é maior que a capacidade de geração de resultado do estádio, ele vai começar a tirar dinheiro de caixa do clube, para pagar a dívida do estádio em algum momento.

Hoje, com a bilheteria e com as receitas que o estádio gera, é impossível pagar o financiamento do próprio estádio?

- É isso. O que eu tenho lido, eu vi o fundo que controla o estádio, porque o estádio não está dentro do balanço do clube, o clube segregou. Então, tem um balanço que é público para ver e gera 60% da necessidade agora que nem é a necessidade total. O clube ainda está num crescimento do volume de pagamentos de dívidas, as dívidas vão começar a vencer mais fortemente agora no segundo semestre. Não estava conseguindo gerar, apesar de todo o sucesso que é a bilheteria. Acho que é uma sensação minha, que o modelo que foi criado foi um modelo que acreditou muito que viria a CID da prefeitura, que, na verdade, não aconteceu. E, também vendeu-se a ideia de que teria um Naming Rights fabuloso, em um volume que não era real nem fora do Brasil. Nem na Inglaterra ou nos Estados Unidos têm volumes tão grandes, além do custo final do estádio que foi muito caro.

Se o clube vender os Naming Rights hoje, dá para aliviar a situação?

- Hoje não alivia. Eu lembro muito bem do projeto, a gente chegou a olhar aqui. Os jornais, enfim, a imprensa publicava o tempo todo sobre isso. Falava-se que receberiam R$ 200 milhões de Naming Rights, mas, em nenhum lugar do mundo, você recebe uma quantia dessa à vista. Você faz um contrato de longo prazo e esses 200 milhões estão diluídos em dez anos de contrato.

Então, mesmo se vender os Naming Rights por R$ 20 milhões anuais, o Corinthians terá que tirar dinheiro do clube para pagar a conta do estádio?

- Sim, o custo ficou muito caro. O custo do estádio ficou muito maior do que a nossa capacidade, a nossa eu digo do Brasil, de gerir uma dívida de R$ 1 bilhão com o custo que ela tem. Uma dívida de R$ 1 bilhão, com um custo financeiro de 15 a 20% ao ano, só em custo financeiro nessa brincadeira está falando em R$ 200 milhões.

O custo financeiro seriam os juros?

- Sim. Ainda que um pedaço dessa dívida seja subsidiada por juros mais baratos do BNDES, no total, você tem uns R$ 100 milhões só de juros. Com isso, é impraticável pagar uma conta. Por isso, sempre me pergunto e falo que estádio não é um bom negócio. Ele é um bom negócio no sentido que a torcida vai, a torcida se empolga. Mas, nos custos que os estádios foram feitos no Brasil e na estrutura financeira que o país tem, ele não é um bom negócio. Ele seria um bom negócio em um estádio mais simples, para 40 mil pessoas, para 30 mil pessoas, mas um estádio muito mais modesto que gastasse R$ 300 milhões, onde o clube bancasse um pedaço e tivesse o financiamento para fazer o resto. Mas, no custo que ficou, fica impraticável, não tem engenharia financeira que paga essa conta no Brasil.

A situação é preocupante para o torcedor?

- É. A gente tem alertado e, nesse último relatório a gente alerta bastante em relação a isso, justamente porque o modelo criado vai impactar fortemente o clube. Não é à toa que, se você pegar os elencos dos últimos dois ou três anos e comparar com o deste ano, o elenco do Corinthians é inferior, certamente.

Nos próximos anos, o elenco do Corinthians tende a ser pior?

- Tende a ser. Você vende jogadores, mas não contrata na mesma proporção porque precisa segurar o custo para pagar a conta do outro lado do estádio. É natural que seja assim.

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