O início da gestão de Augusto Melo no Corinthians foi criticado pelo economista Cesar Grafietti, que concedeu entrevista exclusiva ao Meu Timão na última sexta-feira, no quadro Papo com Vessoni, no YouTube.
O especialista apontou o risco financeiro pelas contratações do Corinthians na primeira janela de transferências de 2024, além do fato do clube ter pagado as multas rescisórias da Pixbet, devido ao acordo com a Vaidebet, e também da demissão do técnico Mano Menezes, que somadas ultrapassam o valor de R$ 50 milhões.
“Quem garante que pagou menos com as contrações após as saídas? Gastou 130 milhões em contratações além do salário, essa é uma dívida perigosíssima que se não for paga vai para a Fifa, vai virar transfer ban, vai virar problema, essa não é a melhor forma de gerir, ainda mais para um clube que começa o ano com uma dívida de 1,2 bilhão de dívidas para pagar. Tem outros lados, novos contratos de publicidade, aumentou receitas, está se movimentando para trazer boas receitas. Tudo tem o lado bom e ruim, o lado ruim do contrato com a Vaidebet é que vai ter que pagar a multa para a Pixbet, aquele valor todo não é aquele valor todo. Já demitiu o Mano (Menezes), e tem um valor grande para pagar nele. Já começou gastando o que não deveria”, criticou Cesar Grafietti - confira a entrevista completa abaixo.
Maior patrocínio master do Brasil , o acordo entre Corinthians e Vaidebet tem alguns contrapontos na visão de Cesar Grafietti. Devido a empresa não ter tanto reconhecimento do mercado, o clube alvinegro tem dificuldades em solicitar a antecipação do dinheiro com bancos.
“Quando você faz alguns contratos, o clube de futebol precisa antecipar dinheiro o tempo todo porque no começo do ano você arrecada pouco, os Estaduais pagam um pouco menos, você começa a receber uma parte do Campeonato Brasileiro em dezembro (do ano anterior). Quando você faz um contrato com um parceiro que o mercado não conhece, fica mais difícil de antecipar esse dinheiro. O Corinthians fechou o contrato com a Vaidebet, mas quem conhece a Vaidebet ao ponto de ir lá e antecipar esse dinheiro? Você tem o risco de uma empresa de pagar ou não, isso pode acontecer com a Vaidebet ou qualquer outra empresa, como as Americanas que quebrou e era de capital aberto, não é um problema com a Vaidebet, é o problema do mercado não conhecer uma empresa que é sediada em Curaçao e o mercado não vai querer antecipar com esse risco”, analisou o economista, que ainda citou a negociação pelos direitos de transmissão como um exemplo.
“Da mesma forma que o clube demora para assinar um contrato com a Globo, quando você precisa antecipar esse contrato, você bate no banco e o banco te antecipa na hora. Agora você vai assinar com a ‘Zezé TV’, como você vai antecipar esse dinheiro? Ninguém conhece e não antecipa. Pode até antecipar, mas os juros vão ser maiores, esse é outro ponto que precisa ser considerado quando você faz contratos com esses parceiros não tão tradicionais, você pode fazer, mas terá outras dificuldades”, exemplificou.
O Corinthians ainda negocia os direitos de transmissão para as próximas edições do Brasileirão. No entanto, o prazo dado por Augusto Melo para a concretização do negócio encerrou na última semana .
Interferência política
Cesar Grafietti acredita que a pressão no começo de temporada do Corinthians pode ter interferido no trabalho de Rozallah Santoro, atual diretor financeiro do clube. Segundo o economista, a busca por resultados imediatos por parte da diretoria se sobressaiu sobre a análise técnica de um especialista.
“Conhecendo o perfil do Rozallah (Santoro), ele deve estar tentando colocar um pouco de ordem na casa, mas ele está dentro de um ambiente político, onde o político acaba ultrapassando o viés técnico. ‘Ah, tem que contratar, o jornalista tá reclamando aqui, a torcida dizendo que o time tá mal, outro jornalista dizendo que o técnico tá mal e tem que mandar embora’”, iniciou.
“Tudo que acontece em um ambiente político nervoso, muitas vezes ultrapassa o conhecimento técnico. Há sinais de melhora, mas há comportamentos tão complicados ou ruins como os de sempre, precisa de um equilíbrio. O Corinthians precisa parar e traçar um plano para um caminho para sair dessa situação e ir para uma melhor, fazer mais do mesmo não vai ter um resultado diferente e olhando os adversários sempre melhorando”, completou.