Parceria Corinthians/BMG: fiasco anunciado ainda no lançamento
Opinião de Ana Paula Araújo
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Quando o time não se dá bem dentro de campo numa temporada, é normal que as coisas fiquem um pouco mais difíceis naquele ano. Mas quando o clube é gerido com amadorismo por uma década, também é normal que se chegue onde o Corinthians chegou: caos dentro e fora das quatro linhas.
O Meu Timão publicou uma matéria hoje sobre o número de contas abertas na parceria com o Banco BMG - principal patrocinador do Corinthians na temporada. Leia mais aqui. 30 mil foram os novos cadastros por meio do aplicativo "Meu Corinthians BMG". Para quem montou todo aquele alvoroço no começo do ano e até iludiu a Fiel quanto ao valor fixo do investimento do banco, pode-se dizer que a relação está sendo um verdadeiro fiasco. Mas por quê? Afinal estamos falando da torcida mais fanática desse país.
Engana-se quem pensa que é apenas pelos resultados do time de futebol em 2019, que certamente decepcionaram a todos. Essa bola de neve vem aumentando a cada ano, a partir do momento em que o torcedor se vê cada vez mais distante de obter esclarecimentos financeiros no que tange às receitas e os gastos do clube.
É basicamente o mesmo caso da baixa adesão ao Fiel Torcedor: você sabe para onde vai e no que é investido o dinheiro? Não se firma uma parceria sem confiança.
Além disso, muitos foram os outros vacilos do Timão e do BMG nessa empreitada.
- Falta de um aplicativo disponível no momento do anúncio da parceria
Para quem não se lembra, o aplicativo só ficou disponível para a Fiel 40 dias após a divulgação do novo patrocinador máster do Timão.
- Poucos detalhes sobre o valor fixo geraram desconfiança
Mais uma vez aquela história de falta de transparência. A torcida se sentiu iludida quando o real valor do patrocínio foi divulgado: apenas R$ 12 milhões pelo espaço mais nobre do manto alvinegro. Para piorar, os números só foram descobertos por meio da divulgação de uma ata e não por intermédio de dirigentes do clube ou do banco.
- Valor fixo que não condiz com o peso da camisa corinthiana
O Meu Timão fez uma matéria com um levantamento dos últimos patrocínios máster do Corinthians no Século 21. BMG é o parceiro que paga o menor valor fixo.
Pepsi (2000): R$ 20 milhões (R$ 63,2 mi nos dias atuais)
Samsung (2005): 9 milhões de dólares, equivalente a R$ 16,3 milhões (R$ 34,1 mi nos dias atuais)
Medial Saúde (2008): R$ 16,5 milhões (R$ 30,3 mi nos dias atuais)
Batavo (2009): R$ 18 milhões (R$ 31,3 mi nos dias atuais)
Hypermarcas (2010): R$ 38 milhões (R$ 63,2 mi nos dias atuais)
Caixa Econômica (2012): R$ 30 milhões (R$ 44,3 mi nos dias atuais)
BMG (2019): R$ 12 milhões
- O clube já embolsou R$ 30 milhões de adiantamento
O vínculo entre Corinthians e BMG é de cinco anos. Sendo que o Corinthians já recebeu os valores fixos de 2019 e 2020, além de R$ 6 milhões de lucros futuros. Ou seja, como fica a temporada que vem? Vai ter dinheiro para cobrir os gastos? Se nessa temporada o Timão vai amargar um déficit bem grande, além de aumento da dívida, imagina na próxima?
- Demora em lançar benefícios específicos para quem abrir uma conta
Cinco meses depois de anunciarem o vínculo, é que os parceiros lançaram um programa de benefícios para a Fiel. Era para ter desde o começo, não é mesmo?
- Falta de ações de marketing
No início fizeram um auê. Teve procura de camisa pela cidade de São Paulo e até live de divulgação, mas e depois?
- Demora em atrelar o Fiel Torcedor com o patrocínio do Banco BMG
Apenas em 2020, o Fiel Torcedor passará a ter descontos para quem tiver conta aberta no BMG. Ou seja, um ano ou mais após o lançamento da parceria.
- Falatório do presidente Andrés Sanchez
É fato que a torcida está cansada de promessas e frases de efeito. Mesmo assim, o presidente Andrés Sanchez prometeu um "presente" caso houvesse uma abertura de 200 mil contas no "Meu Corinthians BMG". Que presente? O torcedor quer algo concreto e está cansado de declarações irônicas, promessas vazias e por aí vai.
- O lucro vai demorar
Você sabia que o Corinthians só começa a lucrar quando houver a abertura de 60 mil contas? E isso porque está com saldo de negativo de R$ 6 milhões, adiantados em janeiro.
Rosenberg falou em entrevista que a projeção era que esse valor de adiantamento de lucros seria pago ainda esse ano.
“Provavelmente eu pago esse financiamento (de R$ 6 milhões) com o lucro de 2019. Eu preciso de R$ 18 milhões de lucro em 2019, uma coisa talvez gerada por 180, 200 mil correntistas”, concluiu.
Pegando o melhor cenário, que seria a abertura de menos contas (180 mil) para obtenção de um lucro maior (R$ 18 milhões), o valor que seria arrecadado com os novos correntistas até aqui (30 mil) é de R$ 3 milhões. Apenas 16.7% do previsto pelo ex-diretor de marketing corinthiano.
O Corinthians segue fazendo negócio com parceiros tal qual faz com compra e venda de jogadores: amadoramente. Até quando? A Fiel quer e merece mais.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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