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Opinião de Beatriz Maineti
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Fabinho Soldado caracterizou a fala de Vitão como 'infeliz', mas não repudiou o que foi dito
Foto: Wanderson Oliveira / Meu Timão
Desde o último sábado, quando o Corinthians venceu o Internacional por 4 a 2 na Neo Química Arena em uma partida protagonizada pela arbitragem, um aspecto do pós-jogo tem martelado na minha cabeça. Após o apito final, jogadores e dirigentes do clube gaúcho saíram do gramado afirmando terem sido prejudicados, acreditando piamente que a equipe de arbitragem teve um impacto direto no resultado.
O futebol brasileiro é cheio de situações como estas. O time derrotado assume uma postura vitimista, defendendo que o fracasso no gramado foi ocasionado única e exclusivamente por interferência da arbitragem. Na Neo Química Arena, especialmente por uma fama injustificada atribuída ao Corinthians nos anos 2000, isso é ainda mais comum.
No sábado, o zagueiro Vitão, do Internacional, teve uma fala considerada “infeliz” por Fabinho Soldado, executivo de futebol do Corinthians. Em entrevista à emissora detentora dos direitos de transmissão da partida, o jovem jogador disse:
“Aqui (na Neo Química Arena) é sempre assim. Nosso time vinha de uma sequência muito boa, mas infelizmente aqui dentro a gente sempre tem que jogar contra 12. É 11 contra 12 nessa porcaria”.
Polido e político, Fabinho Soldado não quis entrar em detalhes sobre a fala do jogador. Em entrevista, o executivo parece até cauteloso demais ao abordar o tema. Não é papel dele responder diretamente a um jogador adversário insatisfeito com o resultado e com a atuação, é verdade, mas será que não é papel dos dirigentes do Corinthians defender verdadeiramente os interesses do clube?
Não é a primeira vez que o membro de um time adversário do Corinthians explora essa narrativa falsa de que o clube é beneficiado pela arbitragem. Não é a primeira vez, também, que o silêncio da diretoria do clube ensurdece quem espera uma resposta. Os representantes da instituição Sport Club Corinthians Paulista se calam diante das injúrias.
Há quem diga que é para não dar mais holofotes para um incidente “isolado” e não chamar mais atenção para o fato. Casos como este, porém, se tornaram comuns; quase uma muleta para as equipes que não conseguem performar na Neo Química Arena. A cada novo acontecimento deste tipo, o silêncio do Corinthians mantém a porta aberta para que isso continue a se repetir.
É preciso proteger o Corinthians de falsas afirmações e de acusações levianas. O clube não pode se esconder atrás de posicionamentos omissos e esperar que a fumaça se dissipe porque, apesar de isso acontecer momentaneamente, a falta de ação dos dirigentes corinthianos dá aos demais adversários a sensação de que qualquer ação desse tipo não causará nenhum efeito colateral.
E, atualmente, não causa. Renato Gaúcho, após o jogo pelo Campeonato Brasileiro em 2024, deu declarações semelhantes, mas também não ouviu nada em resposta. Agora, Vitão seguiu sua vida normalmente sem ser cobrado diretamente pelo clube por acusar o Corinthians de ganhar de forma ilícita a partida.
O silêncio não vai mudar esta situação. Pelo contrário, vai dar mais pano para quem se dispõe a difamar o Corinthians.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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