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Acabou o dinheiro, e daí?
Bruno Teixeira Rolo

Mestrando em Gestão do Esporte, entende que o futebol vai além das quatro linhas e gosta de analisar o comportamento do torcedor e sua relação com o clube de coração.

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Acabou o dinheiro, e daí?

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Acabou o dinheiro, e daí?

Corinthians vive situação financeira complicada

Foto: Bruno Teixeira

Para quem acompanha as notícias do Corinthians além do campo, notou que assuntos relacionados a finanças do clube vem pautando a imprensa há bom tempo, e não é para menos. Muitos jornalistas perceberam a eminência de um cenário de insolvência que estava sendo criada no clube diante aos resultados financeiros apresentados nos balanços e gestão de ativos do clube. Agora diante da eminente crise econômica que o país se encontra, insegurança e falta de perspectiva futura sobre a condução do futebol nacional, as recentes declarações do clube apresentam o seguinte cenário: O DINHEIRO ACABOU E ESTAMOS DIANTE DO PIOR ENDIVIDAMENTO HISTÓRICO DO CLUBE.

O futuro incerto que nos resguarda é um debate que quero deixar para vocês nos comentários, deixem suas opiniões por lá. Neste momento vou me ater aos fatos conhecidos da situação financeira e econômica que mais me preocupam, as dívidas reconhecidas em balanço do clube social, a dívida da Arena Corinthians declarada pelo credor e o orçamento para o ano de 2020.

As dívidas reconhecidas em balanço publicados até meados de 2019 dão conta de um total acumulado de R$ 626 milhões, sendo que ainda resta a publicação dos resultados do segundo semestre, que conheceremos em breve. As dívidas da Arena Corinthians declaradas pelo único credor, de acordo com declarações oficiais do clube, dão conta de um valor em setembro de 2019 era de R$ 536 milhões. Por fim, o orçamento gerencial para 2020, aprovado pelo conselho, apresentam uma estimativa de superávit de R$ 40 mil, sustentado por R$ 66 milhões em transações de atletas, meta esta batida com a venda do Pedrinho ao Benfica.

O risco de insolvência, como visto nesta matéria, que outrora era tema de debate entre jornalistas e por vezes pautava entrevistas com a diretoria do clube, começa a ser assunto frequente nas declarações. O chamado “modelo Flamengo de gestão”, que nada mais é do que dar ênfase a sustentabilidade econômica frente aos anseios dos conflitos de interesses internos, começou a ser defendido como lema para candidaturas da oposição e até mesmo a ser rebatidos pela situação.

O que nos cabe avaliar neste momento, é que até o final deste ano o Corinthians estará diante DO MAIOR DESAFIO DE GESTÃO desde a derrocada era Dualib, de acordo com a análise feita por Carlos Aragaki, sócio da área de Esporte Total da Consultoria BDO. Lidar com a imprevisibilidade da retomada das atividades de treinamento e jogos, receitas já deficitárias em decadência por forças de mercado, lidar com o dilema de se desfazer de mais atletas para faz levantar mais recursos financeiros enfraquecendo ainda mais o elenco, credores veem agora uma oportunidade de tentar bloquear algum ativo do clube sob o risco de insolvência futura, e tudo isso diante de uma forte pressão política na aprovação das contas de 2019 e eleições no final deste ano.

Ao encontro do que se ventila pelos grupos de oposição, que o “modelo Flamengo de gestão” é o caminho para salvar as finanças do Corinthians, acrescento que diferentemente do clube carioca, o Timão possui um diferencial pouco explorado por esta e por gestões anteriores, seus ativos e sua localização privilegiada. Agora você já deve estar pensando em me xingar nos comentários dizendo que quero vender o Parque São Jorge ou me desfazer da Fazendinha ou aterrar a piscina, não é isso que penso, aliás nem tenho o mérito de sugerir algo neste sentido pois não sou sócio do clube e qualquer opinião minha neste sentido seria como interferir onde não fui chamado.

Ao longo da última década ficou evidente a todos os corinthianos e principalmente aos rivais que o somos imbatíveis em montar elencos campeões, criar ídolos e comissões técnicas vencedoras de verdade. As dificuldades que apresentei acima servem para defender e enaltecer as qualidades do clube acima de tudo, e não encobrir algumas características das quais não temos vocação, tais como a exploração comercial e sustentável dos nossos ativos, como Arena Corinthians, Parque São Jorge e Centros de Treinamentos, fontes de receita estratégicas sob qualquer cenário econômico. Como dito nas colunas anteriores aglomerações são desafios agora.

Para o futuro ciclo da gestão do clube, que virá da oposição ou situação, deixo minhas recomendações para que diante de problemas e cenários dos quais exige competências e habilidades específicas para lidar com mercados distantes dos interesses dos nossos acionistas e torcedores, a solução eficaz de gestão está em entregar para terceiros a tutela dos ativos, impondo metas e cobrando taxas de retorno sob resultados projetados. Estamos diante de uma sociedade cada vez menos tolerante a gestão de retóricas, e retóricas são incompatíveis aos fatos. Vai, Corinthians.

Veja mais em: Diretoria do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Coluna do Bruno Teixeira Rolo

Por Bruno Teixeira Rolo

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