Tudo é permitido no Brasil desde que você não seja o Corinthians
Opinião de Heloisa Durand
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O recente episódio envolvendo uma cabeça de porco no Dérbi gerou uma verdadeira histeria – e a sensação é de que a reação exagerada tem muito a ver com o fato de envolver o Corinthians. Concordo que foi um ato nojento, mas nem perto do escândalo que dominaram manchetes e noticiários. Chegaram a falar em "prejuízo psicológico" para os jogadores, como se ver uma cabeça de porco fosse um evento traumático. Qualquer pessoa que já frequentou um açougue já se deparou com essa cena.
O que impressiona é o tratamento desigual. O Corinthians foi punido com portões fechados por conta de cânticos homofóbicos, mas no último Majestoso, em Brasília, ouvimos torcedores entoando frases como “Ronaldo saiu com dois travecos... Dinei desmunhecou, na fazenda de calcinha ele dançou”, e nada aconteceu. Recentemente, um torcedor do Palmeiras mostrou suas partes íntimas para uma torcedora no Allianz Parque, e o caso também foi minimizado.
Para completar, a polêmica envolvendo a Esportes da Sorte, patrocinadora de diversos times da Série A, foi tratada pela mídia como algo exclusivo do Corinthians, mesmo que outros clubes também sejam patrocinados pela empresa.
Ser um time grande como o Corinthians traz consigo o ônus e o bônus da visibilidade. Por um lado, a grandeza e a popularidade do clube atraem uma legião de torcedores apaixonados e patrocinadores importantes, e estar no centro das atenções garante relevância constante no futebol brasileiro. Mas, por outro lado, esse destaque tem um preço alto: o clube está sempre sob os holofotes, e qualquer deslize ou polêmica ganha proporções imensas.
Enquanto os rivais passam por episódios que rapidamente são esquecidos, tudo o que envolve o Corinthians vira um espetáculo. Esse peso da camisa faz com que o time receba um julgamento implacável da mídia e das entidades esportivas. Afinal, ser um gigante é saber que, junto com a glória e a influência, vem uma cobrança que nem sempre é justa.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.