O que a dívida com a União nos comprova?
Opinião de Jorge Freitas
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700 milhões e um primeiro lugar disparado entre os clubes que mais devem para o Estado brasileiro.
O Corinthians parece se afundar em dívidas, mesmo após um período repleto de títulos e, principalmente, de vendas de jogadores.
O número se torna ainda mais chocante quando se deixa de contabilizar os débitos que o clube tem para quitação do estádio, outro elefante difícil de se pagar.
Mas o que tudo isso nos indica?
Indica que não há mais espaço para amadores na gestão profissional de clubes. O Cruzeiro está aí para mostrar o que se acontece quando se tem incapazes no comando de grandes instituições do futebol.
O Corinthians é governando há tempos por uma cúpula despreparada, incapaz de diminuir as dívidas do clube e, muito pior, nada transparente.
A cada negociação do clube, pairam inúmeras dúvidas e nem mesmo o corinthiano mais inocente é capaz de acreditar nos números apresentados pelo clube.
Num mês em que Joaquin Phoenix ganhou o Oscar por interpretar o Coringa, é o corintiano quem é feito de verdadeiro palhaço.
A venda de Jô está engasgada até hoje, quando se desfizeram do melhor jogador do Brasil e tentaram divulgar cifras não verdadeiras.
Depois veio a parceria com o banco BMG, num acordo frustrante, que tentaram nos vender como grande negócio do século, e a criação de um time sub-23, absolutamente inexplicável pelo tanto que gasta e pelo pouco que faz.
Agora, como se fôssemos idiotas, justificam que a eliminação na pré-Libertadores não afeta o orçamento do clube.
A diretoria alega que a dívida não é deste montante, mas não deixa de ser vergonhoso o caminho tomado por um clube que há 10 anos almejava ser um dos maiores do mundo.
O atual presidente, que voltou sobre a desculpa de que resolveria o enorme pepino do estádio, chega a seu último ano repleto de negócios mal executados e com dívidas que atrapalham a força do Corinthians perante seus rivais.
Acostumados com Dualib, que usufruiu do clube até o seu limite, o corintiano viu em Andrés Sanchez um Messias, que com o tempo se tornou o chefe da equipe que endividou ainda mais o clube.
E sabe o que ganhamos com isso? Elenco abaixo do que o clube merece, eliminações vexatórias e um sentimento de que somente a fé da torcida pode reverter essa situação do clube.
O futebol brasileiro vive há mais de 100 anos com amadores no poder. Pessoas que alcançaram o topo do clube não por competência e conhecimento, mas por tempo de clube e suposta paixão.
O fundo está aí. Se é 700 ou não, a dívida existe. O estádio é caríssimo. O Corinthians precisa, com urgência, de rotatividade em sua diretoria. Não pode um mesmo grupo governar por tanto tempo. Mas também não adianta colocar outro apaixonado sem a menor noção de gerenciamento.
O clube precisa de alguém competente, que saiba de fato administrar dívidas e reorganizar a instituição. Ser corintiano não deve ser a principal característica para o presidente de um clube.
Competência, conhecimento, visão e caráter vêm muito antes disso.
Que possamos aprender para as próximas eleições.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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