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A história sem graça de Vampeta e a base do Corinthians
Jorge Freitas

Colunista esportivo do portal 'No Ângulo', este internacionalista é mais um louco do bando e busca analisar o Timão com comprometimento com a realidade e as necessidades do maior clube do planeta.

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A história sem graça de Vampeta e a base do Corinthians

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Opinião de Jorge Freitas

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A história sem graça de Vampeta e a base do Corinthians

Base do Corinthians merece mais cuidado

Foto: Bruno Lopes / Agência Corinthians

Com frequência, sempre que vejo a falta de oportunidades para jogadores da base corinthiana no time principal, lembro-me imediatamente de uma entrevista que Marcos André, o Vampeta, concedeu ao jornalista e narrador André Henning para o Esporte Interativo e que pode ser vista integralmente em seu canal no Youtube.

Hoje presidente do clube Audax, o Velho Vamp já se aventurou como treinador do Nacional e conta essa história a partir do minuto 7 da entrevista. Ao ser perguntado como surgiu a oportunidade de se tornar técnico, o ex-volante conta que recebeu um convite de seu parceiro Freddy Rincón, então treinador do sub-20 corinthiano, que estava de saída para ser auxiliar de Vanderlei Luxemburgo no Atlético-MG.

Segundo as próprias palavras do baiano, Rincón disse: "Vai lá, me ajuda, quebra essa daí para mim" ao convidá-lo para assumir o Nacional-SP, clube, que, até então, mantinha parceria com o Corinthians para o uso de jogadores da nossa base, cujo salário do treinador era pago pelo Timão. Na época, após assumir a equipe, em entrevista ao GE, o jogador ainda disse: "Achei uma boa. Vamos ver se dá certo e se tomo gosto pela coisa"

Enquanto na Europa vemos grandes jogadores estudando para se tornar treinador (recentemente, Pirlo defendeu sua tese para que recebesse a licença da UEFA antes de assumir a Juventus), no Brasil, a base é feita, muitas vezes, de cabide de emprego a ex-jogadores, como se a habilidade com os pés fosse suficiente para formar atletas para a equipe profissional.

Embora refira-se a 2010, a história de Vampeta é tão grave que começamos a perceber quantos possíveis bons jogadores podem ter sidos desperdiçados por falta de um treinador que realmente soubesse gerenciar uma equipe de base, cujo principal objetivo não deve ser ganhar títulos, mas sim construir o futuro do clube, tanto dentro quanto fora de campo, mais especificamente nas finanças.

Em outras palavras, quantos bons jogadores tiveram falha no aperfeiçoamento de fundamentos enquanto Vampeta via se "tomava gosto pela coisa" ou com outros que assumiram sem estarem devidamente preprados?

Não quero criticar diretamente o jogador, que tantas alegrias deu para o clube, mas sim demonstrar o verdadeiro desdém com a base do clube ao empregar pessoas sem credencias para formação de atletas que, de fato, deem retorno à equipe no profissional.

Atualmente, aliás, vemos uma mudança nas diretrizes de contratação de jogadores brasileiros pelos clubes europeus. Se antes, vinham buscar os craques do profissional, agora preferem pegar os melhores da base, com o objetivo de terminar a formação em solo europeu, já que por aqui os jogadores chegam ao profissional com graves deficiências em sua formação (veja a dificuldade em encontrar um interessado para as compras de Pedrinho e Cebolinha ao contrário de Rodrygo e Vinícius Jr.).

Com tanto descuido, é impossível se perguntar quantos péssimos jogadores foram e são contratados (nem preciso citar nomes) sendo que a base poderia formar atletas de mesmo nível ou acima com custo infinitamente mais barato se tivesse somente gente capacitada trabalhando o tempo todo?

Infelizmente, no Brasil, a tendência é acreditar que quem é craque com as pernas sabe tudo de futebol e de gestão. Aliás, quantos ex-jogadores se aposentam e ganham imediatamente cargo de gerência sem apresentarem qualquer capacidade para a função, muitas vezes com a justificativa de que possui boa relação para ser ponte entre elenco e diretoria?

Na verdade, a “amizade” acaba sempre prevalecendo sobre o conhecimento.

Vampeta, mesmo com todas as suas qualidades e boas histórias, nunca apresentou credencial nem preparo para ser treinador de juniores. Tampouco Rincón. E isso é só um exemplo de inúmeros casos que acontecem no nosso futebol atualmente.

Em 2018, ao contratar o jovem volante Wendel do Fluminense, Jorge Jesus (este mesmo), então treinador do Sporting, disse “tem muito a aprender porque vem de um futebol onde os jogadores são muito evoluídos, mas taticamente têm muito a aprender na Europa”, numa clara indicação de que aqui não se formam futebolistas, mas sim chutadores de bola.

Trocando em miúdos, para nossos cartolas, quem faz pão consegue conduzir uma padaria sem o menor dos problemas.

Veja mais em: Base do Corinthians e Ídolos do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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