É possível criticar Tiago Nunes sem pedir a volta de Ralf, Carille ou Jadson
Opinião de Luis Fabiani
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O trabalho de Tiago Nunes no Corinthians, ainda que em um momento de transição, foi péssimo. A falta de convicção, misturada com os resultados que não vêm, culminaram em sua demissão. É fato: o Corinthians não está bem e teve pouco brilhantismo sob seu comando.
Para os torcedores mais conservadores, o erro maior foi a troca do estilo de jogo. A manutenção do "estilo Carille" foi frutífera, mas sempre a curto prazo. O time de 2017 segurou a barra até agosto, mas dali em diante, fez campanha digna de rebaixamento. O time de 2018 fez boas partidas na reta final do Campeonato Paulista, mas se perdeu no restante do ano. Em 2019, não fosse um lançamento de almanaque de Junior Sornoza no Majestoso, provavelmente teríamos trocado de treinador antes do meio do ano.
A memória seletiva é perigosa nisso. Nos prendemos aos títulos e nos esquecemos da turbulência que se mostrou presente nos anos das conquistas. E com o fraco 2020 de Tiago Nunes no Corinthians, o impulso de boa parte dos torcedores é pedir a volta dos pilares dos anos de conquistas, como Ralf, Jadson e o próprio Fábio Carille.
É importante que o torcedor entenda o seguinte: não há apenas um método de conquistar títulos. O insucesso de Tiago Nunes não deveria inviabilizar que o Corinthians fosse atrás de outro treinador com mentalidade agressiva. Caso contrário, viveremos apegados à à ideia conservadora e pouco promissora se projetarmos um longo prazo.
Virar a página é o termo certo. É desapegar da geração vencedora da última década e começar a projetar um futuro. Para traçar um paralelo com a Europa, podemos ver um Barcelona que foi extremamente vitorioso há dez anos, mas que não adaptou sua filosofia e hoje é um exemplo de atraso técnico e administrativo em relação às outras potências europeias.
O raciocínio tem que parar de ser retroativo e visar o futuro. As contratações de peso do Corinthians costumam ser de nomes que fizeram sucesso no clube no passado. Não que sejam jogadores fracos, mas seria mais interessante pensar na formação de outra geração no clube. Projetar novos nomes, novos estilos e uma nova cara.
O time agressivo e vitorioso dos anos 90/00 uma hora virou a página. O time vencedor e reativo, cujo ciclo se iniciou em 2008, uma hora terá de virar também. A mudança pode não ser agora, mas hora ou outra virá. E é importantíssimo que o torcedor entenda isso.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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