Entenda por que o corinthiano deve se preocupar com a situação de Lincoln, do Flamengo
Opinião de Luis Fabiani
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Um garoto que desde cedo era monitorado por Barcelona, Manchester City, e outros gigantes europeus, que colecionou artilharias pelas categorias que passou, e que era constantemente convocado para seleções de base, carregava, com razão, uma enorme expectativa de quem o acompanhava. Lincoln, no auge de seus 15 anos de idade, era constantemente comparado com jogadores de sucesso na sua posição, e via seu nome ser cada vez mais pedido no elenco profissional.
Não tardou para que os pedidos da torcida fossem atendidos. Em 2017, ainda com 16 anos, foi chamado para suprir a ausência de Paolo Guerrero, suspenso após o famoso caso de doping. Lincoln virou profissional aos 16 anos, com 1 ano de sub-17 e alguns meses de sub-20. E essa foi sua categoria de base. Desde então, o atacante não desceu mais para os juniores. Passou os três anos seguintes tendo raras oportunidades no time profissional.
Quem acompanha diariamente os jogos de categorias de base, sabe o quão importante é a competitividade. Nos jogos, são notadas as deficiências que serão corrigidas posteriormente por treinadores, auxiliares ou preparadores. Portanto, o Flamengo abriu mão da competitividade - e de uma potencialização de um de seus grandes talentos - para atender um pedido da torcida de ver Lincoln entre os profissionais.
O nome de Lincoln, após três anos ociosos no profissional, voltou a ganhar evidência recentemente, ao ser rebaixado para o elenco Sub-20 do Flamengo. Tardiamente, buscaram corrigir algumas deficiências do atleta que deveriam ter sido corrigidas lá atrás. É uma aula de como não evoluir um atleta de alto potencial, já que 3 anos de sua etapa de formação foram desperdiçadas.
Mas Luis, como isso impacta o corinthiano?
O Corinthians, à beira de um colapso financeiro, tende a olhar com mais carinho para a base em 2021. Buscar atletas nas categorias de base é um movimento certeiro, mas que exige muita cautela para obter sucesso. Na realidade, o jovem jogador que não der uma resposta imediata em campo, dificilmente se firmará na equipe profissional. E são raríssimos os casos de jogadores como Xavier, que são alçados à equipe de cima já em condições de tomarem conta da posição que disputam.
O Corinthians hoje é protagonista nas competições Sub-20 que disputa. Além disso, possui 3 atletas que recorrentemente estão nas convocações da Seleção Brasileira de mesma categoria. Mas num cenário hipotético, onde vão mal nas primeiras partidas no profissional, já seriam emprestados a outros clubes ou devolvidos às categorias inferiores.
E justamente aí que entra a necessidade de possuir uma equipe Sub-23 que funcione plenamente. Ali seria uma primeira experiência profissional do atleta, sem pressão externa e com cautela para corrigir o que há de ser corrigido.
Não podemos "Lincolinizar" os jogadores que vem da nossa base. A normal empolgação da torcida há de ser substituída por processos eficazes de formação. O final da crise do Corinthians passa, em partes, por uma boa utilização de seus ativos.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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