A 'dica' de Tiago Nunes que ajudou Mancini a vencer São Paulo e Internacional
Opinião de Luis Fabiani
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"O CIFUT, que a gente chegou ali e, infelizmente, estava sucateado em relação a informações e também a muitas questões que a gente vinha precisando".
A frase acima foi dita por Tiago Nunes, em entrevista ao Bandsports, em março. O ex-treinador do Timão, no cargo há pouco mais de dois meses, notava uma deficiência crônica do Corinthians. O CIFUT (Centro de Inteligência do Futebol), que outrora fora uma enorme vantagem do alvinegro em relação aos outros clubes, tornou-se defasado, tanto na captação de atletas, como nos estudos de futuros adversários do clube.
A declaração, no período em que foi dita, me deu um gatilho para refletir nas outras oportunidades que o Corinthians enfrentou outras equipes sem qualquer tipo de estudo prévio. Quem não se lembra da vexatória derrota para o Del Valle, que envolveu o Corinthians num jogo de posse e velocidade?
O recado ali estava dado: seria necessária uma reformulação no departamento se o Corinthians quisesse voltar a competir em alto nível. Esta só seria feita meses depois, sob a tutela de Vagner Mancini, que aproximou seus analistas de desempenho ao gramado. O Corinthians passou a se tornar competitivo pela forma que estuda seus adversários e se adapta a diferentes contextos.
Os triunfos contra Internacional e São Paulo não se sustentaram na sorte. Foram jogos altamente estudados pelo Corinthians, que inclusive, trouxe variações táticas interessantíssimas para ambos os jogos. Contra o rival estadual, foi notável o desconforto de Fernando Diniz ao ver que Vagner Mancini sabia das (muitas!) fraquezas do São Paulo. A marcação alta individual, somada com a polêmica titularidade de Léo Natel, deram ao Corinthians uma condição inesperada de protagonista do jogo. Ponto para Mancini e ao CIFUT, que souberam estudar com atenção um adversário difícil.
Em outro momento, para vencer o Internacional, Mancini tomou a ousada decisão de oportunizar Matheus Davó no time titular. O atacante, que nunca havia atuado como titular, marcou o gol da vitória e ajudou taticamente naquilo que o time propunha - entregando mobilidade e poder de pressionar alto seu adversário.
O processo é fundamental para que o Corinthians profissionalize a maneira que enxerga o futebol. Profissionais competentes, com condições de trabalho favoráveis, naturalmente entregarão um bom retorno ao clube. Mancini, sabendo das limitações de seu elenco, soube trabalhar o extracampo muito bem. Se hoje o Corinthians é competitivo contra equipes melhores, boa parte desse mérito esta no método de trabalho de atual comandante alvinegro.
Ainda veremos se Mancini saberá usar o departamento na montagem de seu elenco para a próxima temporada. Se mudou a tônica de repatriar ídolos do clube por premissas puramente emocionais, espero ver um Corinthians certeiro e inteligente no mercado da bola.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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