O que o Augusto Melo tem feito pelo Corinthians Feminino?

Opinião de Maria Beatriz de Teves
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O que Augusto Melo tem feito pelo Corinthians Feminino?
Foto: Staff Images Woman / CONMEBOL
Um desabafo sobre o Corinthians Feminino...
Por muito tempo, o Corinthians Feminino foi sinônimo de hegemonia no Brasil e na América do Sul. Dominava tudo, colecionava títulos e consolidava sua identidade como referência no futebol feminino. Mas, aos poucos, essa supremacia tem se desmanchado. A pergunta que fica é: por quê?
A resposta é múltipla. Não só perdemos peças fundamentais, como Arthur Elias e Cris Gambaré, mas também o cenário do futebol feminino mudou. Clubes que antes não investiam passaram a olhar para a modalidade com mais atenção – ainda que o necessário esteja longe de ser feito. Cruzeiro, Palmeiras, São Paulo e outros times começaram a se reforçar de forma mais agressiva, encurtando a distância para o Corinthians.
Mas o que me incomoda, e me faz escrever este desabafo, é a falta de carinho que a atual gestão tem demonstrado pelo futebol feminino do clube. A gestão anterior tinha muitos problemas, mas ao menos Duilio confiava em Cris Gambaré e dava a ela autonomia para conduzir o projeto. Agora, a impressão é de que estamos à deriva.
O que Augusto Melo tem feito pelo Corinthians Feminino? Alguém já o viu falar sobre a modalidade? Nem quando questionado ele se aprofunda no assunto. Que projetos ele tem para o time?
A estrutura é um reflexo dessa indiferença. O time profissional feminino treina no CT da base. O CT principal não pode ser compartilhado? Impossível que não haja um planejamento que permita o uso adequado pelos dois times. Enquanto isso, o Cruzeiro oferece estrutura de ponta, o Bragantino tem um CT e alojamento próprio para as jogadoras… E o Corinthians? Continua tratando o futebol feminino como um apêndice sem prioridade.
A falta de transparência financeira também pesa. Para onde foi o dinheiro da venda da Tarciane? E da Dani Arias, vai para onde? Por que todos os meses as atletas enfrentam atrasos nos direitos de imagem? Até agora, nem uma reforma básica no Parque São Jorge foi feita, uma promessa de campanha que já virou piada.
Sobre o time dentro de campo, Lucas Piccinato tem cometido erros, e as críticas são justas. Mas ele não é o maior dos culpados. Se não há confiança no projeto nem um planejamento adequado, não adianta cobrar apenas o técnico. Se a estrutura e o suporte não melhorarem, qualquer treinador que vier depois dele também estará fadado ao fracasso. Jogadoras importantes saíram de graça – isso é culpa do Piccinato? Claro que não.
Mas também existem erros dentro de campo...
E quando falamos da equipe, o cenário é preocupante. O Corinthians fez nove contratações na última janela, mas quem carrega o time são as veteranas. Se não fosse Vic, o time não reagiria. Se não fossem Tamires e Zanotti no último jogo, já era. Depender de atletas que estão perto dos 40 anos não é sustentável. O jogo contra o Bragantino foi sofrível, e só vimos um poder de reação nos últimos dez ou 15 minutos.
Piccinato, se há um plano para o time, ele precisa aparecer. Hoje, ninguém sabe qual é a base da equipe, qual o esquema mais confiável ou sequer quem são as titulares. Como cobrar um futebol consistente se não há entrosamento? Quando chegarem as fases decisivas, uma Libertadores e, quem sabe, um Mundial no próximo ano, o Corinthians vai estar pronto?
O que me preocupa não é apenas perder um título ou outro, mas sim perder a identidade que o Corinthians Feminino construiu com tanto esforço. O clube não pode se acomodar na história de glórias passadas. Futebol é sobre presente e futuro. O que estamos fazendo para garantir um futuro para as Brabas?
A resposta, por enquanto, não parece animadora.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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