32 minutos do segundo tempo. Edílson recebe a bola e começa a fazer embaixadinhas, com direito até a passar ela pelas costas. Junior, lateral do Palmeiras, tenta acertar um chute, mas Edílson se esquiva. Paulo Nunes vai para cima e uma enorme briga generalizada se forma no gramado do Morumbi. Confusão controlada e o Corinthians campeão do Paulista.

Essa cena, que todo corinthiano já assistiu no mínimo umas mil vezes desde 20 de junho de 1999, é uma das minhas preferidas no futebol.

Não, antes que alguém levante essa possibilidade, eu não gosto de violência. Gosto de irreverência. Gosto de provocações, dessa rivalidade sadia que existia no futebol nas décadas anteriores. Gosto de quando Corinthians x Palmeiras era sinônimo de jogos super disputados e não terminavam em mimimi.

Corta para 2018.

26 minutos do segundo tempo, Ralf desarma Dudu na grande área e o árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza sinaliza pênalti de maneira equivocada. Discussões, reclamações e mais uma confusão generalizada. Depois de oito minutos, o juiz volta atrás e a partida segue. O final todos sabemos: mais um título paulista do Corinthians.

Um mês depois e esse Dérbi não acabou. O Palmeiras ainda estuda se tenta uma nova tentativa de impugnação da final - eles alegam ter ocorrido interferência externa na decisão do árbitro.

Um mês depois e as duas equipes vão entrar em campo novamente. E é aqui que eu queria chegar. Ou melhor, é ali, no domingo, dia 13 de maio, às 16h, na Arena.

O Corinthians precisa ser inteligente.

O Corinthians precisa ser o mais inteligente dentro e fora de campo.

O Palmeiras com certeza chegará para o jogo ainda com o último clássico entalado na garganta. Os jogadores vão entrar no jogo como se a partida fosse outra final. O clima, definitivamente, não será o esperado para uma quinta rodada do Campeonato Brasileiro. E o Timão não pode se deixar levar por isso. Tem que manter a filosofia: mais um jogo, três pontos e concentração.

Carille e toda a comissão técnica precisam preparar o emocional dos jogadores escolhidos para entrar em campo. Principalmente nomes como Romero e Gabriel, que costumam ser mais esquentadinhos e podem cair na pilha dos palmeirenses.

A sequência complicada nos últimos jogos (que ainda depende do resultado da partida contra o Vitória nesta quinta) também é um motivo para se ter mais cuidado no preparo emocional dos atletas.

É clássico. É Dérbi. É sempre diferente, mas o último embate entre as duas equipes faz com que esse próximo seja ainda mais diferente.

E os cuidados também não ficam restritos aos jogadores e comissão técnica do Timão. A Fiel também precisará fazer sua parte. Primeiro lotando a Arena - o máximo possível (sei que os valores dos ingressos não estão favoráveis). Depois apoiando por 90 minutos. E, por fim, sem confusões fora do estádio. Como sabemos bem, a torcida única não vem impedindo brigas e até mortes em dias de clássicos.

Aquela cena de 1999 foi, apesar da parte violenta, sadia. Alguns daqueles jogadores que brigaram são amigos até hoje. O futebol permitia aquela rivalidade. Hoje isso não existe mais, infelizmente. Hoje as coisas são decididas em tribunais e acabam incentivando problemas fora dos estádios.

Então, para este domingo, eu só posso torcer que o futebol seja o grande destaque do Dérbi. Que a inteligência prevaleça. E que o Corinthians saiba ser superior e se portar dentro de campo com a grandeza que se espera do time alvinegro.

O Dérbi de oito de abril não acabou. Provavelmente acabe neste domingo.

E eu espero que termine com um final ainda mais feliz para todos os corinthianos.

Vai, Corinthians!

Veja mais em: Dérbi.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.