Imagina como seria se você tivesse Fábio Carille como seu chefe no trabalho
Opinião de Mayara Munhoz
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Acredito que a maioria aqui, independente de gostar ou não do Carille, tem o seu próprio trabalho. Temos as nossas rotinas, escalas, salários e atribuições. Vivemos a nossa vida, além de torcer (e passar nervoso) com o Corinthians.
Imagina, então, se você tivesse um chefe como Fábio Carille. Um superior que ao ver o trabalho dar errado encontre culpados em todos os cantos, menos nele mesmo. Um superior que prefira jogar a responsabilidade nas costas dos mais jovens a tentar entender o erro como um todo.
Imagina, então, se você está se esforçando ao máximo para aproveitar as poucas oportunidades que tem de demonstrar o seu potencial e o seu chefe diz que o que falta são pessoas que não estão ali no seu trabalho. Pessoas que estão na concorrência.
Imagina, então, você inicia um projeto com seu chefe elogiando todos, destacando o potencial e até chamando de "o melhor com que já trabalhou". O desenrolar não dá certo e ele muda o discurso, passa a criticar a expôr dizendo que faltam peças e equilíbrio.
Eu comecei a escrever essa coluna assim que o jogo contra o São Paulo terminou. Deixei para encerrar nessa segunda-feira até para dar tempo de pensar se não estava sendo dura demais com Carille após mais uma coletiva vergonhosa.
Na manhã dessa segunda-feira, então, nosso repórter Rodrigo Vessoni publicou uma matéria mostrando que o ambiente no Corinthians não é dos melhores justamente por conta das declarações de Carille.
A apuração mostra o que já me parecia óbvio e o que tinha motivado essa coluna: não é confortável trabalhar em um ambiente comandado por alguém que não assume os próprios erros e prefere fazer declarações desse tipo.
Como que o treinador pode dizer que o elenco não tem jogadores que pisam na área e que, por isso, Boselli, que sempre foi artilheiro onde passou, não consegue jogar. Pior ainda, como pode citar outro nomes que estão em outros clubes. Imagina o cara que tá ali, que sabe que faz o trabalho, vendo seu chefe citar quem ele acha que faz melhor.
“Rodriguinho em 12 jogos no Cruzeiro fez oito gols, cara que incomoda, Roger Guedes, que não estava jogando na China, jogadores agressivos. Nossos jogadores são todos de armação, poucos pisam na área, estou achando que isso vai também da característica e perfil".
Eu nem vou entrar no mérito de ficar debatendo ponto a ponto de tudo que considero errado. Mas, vamos falar apenas do pisar na área, então. vamos falar de Pedrinho. O jovem vem sendo constantemente convocado para a Seleção Olímpica. Lá, com Jardine como técnico, ele joga centralizado - posição que sempre deixou claro que prefere jogar. Na Seleção, Pedrinho faz gol, dá assistências e ainda tem tempo de sobra para mostrar suas habilidades distribuindo dribles.
É claro que um treinador é quem sabe melhor sobre o seu time e sobre suas peças. Jornalistas e torcedores só podem fazer uma análise do que pensam e acreditam. Por isso, minha análise aqui não é sobre o que Carille faz com o elenco dentro de campo e como o Corinthians tem jogado mal.
O meu ponto é com o ambiente que o treinador está criando dentro do CT. Não sei se ele acha que porque o presidente do clube é o rei da ironização em entrevistas, ele pode sair fazendo o mesmo. Pode até ser. Mas o que sei é que tudo que é dito por Carille na frente das câmeras reflete dentro do grupo.
Quer exemplo melhor que Vital? O jogador vinha em alta, titular e fazendo ótimos jogos. Foi apontado como o culpado na Sul-Americana, em uma partida que, para mim, foi um dos poucos que se salvou, e o desempenho caiu. Isso é um reflexo natural da situação criada pelo treinador.
O próprio Carille, aliás, falou na coletiva após a derrota de ontem que alguns jogadores estão sem confiança e que precisam retomar. Será que o treinador não pensa que parte da confiança do grupo pode ser minada quando ele despeja críticas sobre o elenco?
Se o time está jogando mal, a culpa é de todos. Do treinador e dos jogadores.
Se o time não está fazendo gols, a culpa é de todos. Do treinador e dos jogadores.
Se o time caiu fora da Sul-Americana, a culpa é de todos. Do treinador e dos jogadores.
Afinal, é um trabalho feito em conjunto. Ninguém entrou sozinho dentro do campo, jogou os 90 minutos e fez o que queria fazer. Foi todo um trabalho em conjunto.
E é bonito comemorar títulos, quebrar recordes e se destacar. Mas também é bonito assumir erros e trabalhar junto para dar a volta por cima.
O ano está acabando, o título do Brasileiro já é algo que podemos descartar e a briga pela Libertadores está ficando mais complicada.
Agora é a hora de fechar o grupo, reunir forças e dar a volta por cima.
Agora é a hora do treinador se unir ao elenco, assumir seus erros e manter a postura que um chefe tem que ter.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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