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Quem precisa do Corinthians?
Rafael Castilho

Rafael Castilho é sociólogo, especializado em Política e Relações Internacionais e coordenador do NECO - Núcleo de Estudos do Corinthians. Ele está no Twitter como @Rafael_Castilho.

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Quem precisa do Corinthians?

Vítor Pereira deu dura resposta ao ser questionado sobre a sequência de seu cargo no Corinthians

Foto: Rodrigo Coca/ Ag. Corinthians

Quem precisa do Corinthians?

O técnico português recebeu apoio e carinho do torcedor corinthiano. Um apoio pouco ou nunca visto anteriormente.

Quem acompanha o Corinthians com mais atenção há algum tempo se recordará que nem o consagrado Tite teve apoio semelhante por parte do torcedor, em seus primeiros meses no clube.

Pois bem, o apoio do torcedor se deve, entre outras coisas, pela expectativa de que Vitor Pereira, não somente trouxesse inovações táticas e técnicas, mas que pudesse gerenciar e motivar um elenco de jogadores experientes, rodados, bem sucedidos, enriquecidos.

Muitos entendiam que Vitor Pereira, não só pudesse dar conta de um elenco de estrelas, e todas as vaidades e suscetibilidades que fazem parte do universo de gestão de profissionais deste tipo, mas que até mesmo pudesse superar uma provável, consequente e natural acomodação de jogadores em sua etapa final de carreira.

Alguns diziam que tais atletas já não precisavam mais do Corinthians, posto não tinham mais tanto o que conquistar e que haviam garantido o sustento de suas famílias para algumas gerações.

Verdade ou não, o fato é que alguns atletas repousavam em contratos muito favoráveis, que exigiam obrigações do Corinthians por longos anos, “haja o que hajar”, como diria um ex presidente histórico.

Essa expectativa não tem funcionado. Vitor Pereira não chegou a contar para valer com estes atletas, por diferentes razões, não necessariamente de sua responsabilidade.

Das contratações e grandes investimentos do Corinthians, praticamente nenhum apresentou resultados esperados ou desempenhou suas melhores potencialidades no campo de jogo.

Existem muitas especulações e interpretações, que não cabem aqui para serem mencionadas, mas é possível dizer que contratamos um time que não serviu para a ideia de jogo deste técnico e contratamos um técnico que, aparentemente, não converge com as características, possibilidades ou até mesmo interesses dos jogadores contratados.

Muito embora, Vitor Pereira tenha recebido apoio, pois os torcedores, até este momento, em sua maioria, entenderam que o técnico deveria ser incentivado a romper as zonas de conforto e eventuais acomodações no elenco, o português também recebeu críticas por supostamente não entender a grandeza de certos confrontos, ou de, pelo menos, não vencê-los. Traria com ele uma ideia de jogo, desde suas experiências anteriores, mas que guardavam também certo distanciamento com nossas particularidades.

O técnico já havia dito que trabalhava agora aqui, como já esteve em projetos de outros clubes e continentes. Que nossos clássicos eram mais um entre tantos outros confrontos gigantescos que ele participou pelo mundo. Magoou quando disse que se pudesse estaria no Liverpool. Que seu projeto pessoal era atuar da Liga Inglesa.

Os jogadores que são signatários de contratos milionários, sendo ou não aproveitados para o campo de jogo, estão com “os burros na sombra”. Alguns já se mandaram. Foram para o samba, voltaram para a Europa, mudaram para a praia. Alguns, dizem, saíram de nossa folha de pagamentos. outros, sabemos, foram, mas não foram. Continuamos pagando seus salários. Quanto a passagem deles pelo clube? Se deu certo, deu certo. Se não deu certo, paciência. Deixam um post nas redes sociais e vida que segue.

Agora, o nosso técnico deixa claro também que não teme perder seu cargo, pois tem muito dinheiro no banco, em suma, não precisa disso pra viver.

Muito embora esta seja a realidade prática de profissionais desse calibre, nem tudo o que se pensa precisa ser dito. Isso serve para todos os seres humanos da terra.

Essa frase não cairia bem em nenhuma circunstância, creio eu. Nem no almoço de família. Ainda mais depois de o Corinthians perder para o Palmeiras. Demonstra que, muito embora o técnico esteja consagrado, rico (como ele mesmo diz) e tenha jogado diferentes clássicos mundo afora, não sabe o que é um curinthia e parmera. Isso certamente cairá como uma bomba e, mesmo com o apoio que ainda recebe de muitos torcedores, isso ficará sempre no ar e será lembrado nas piores ocasiões. Mas, aparentemente, ele não está nem aí. Não muda nada para ele.

A pergunta feita pelo jornalista é indelicada e inconveniente, mas absolutamente presente na cultura do futebol brasileiro. Não há técnico que atue no futebol brasileiro que não esteja submetido a este tipo de situação. Muito bem, ele não está disposto a ouvir certos “desaforos” (será que é desaforo?), estaria em outro patamar?

Este caso do Vitor no Corinthians é ruim porque a arrogância não combina em nada com as tradições corinthianas. Ao contrário, a humildade é sempre valorizada nessa espécie de “ética corinthiana”.

Jogadores vêm e vão. E quando vão, em geral vão bem. A torcida não acredita mais que eles percam uma noite de sono por causa do Corinthians. Nosso técnico aqui está. Acredito que boa parte da torcida ainda o apoie. Mas, já deixou claro que se tiver que ir embora não muda muita coisa pra ele.

A pergunta que fica é: “Quem precisa do Corinthians?”.

Nois, né? Que sofre uma barbaridade, nem dorme direito. Nem tesão dá quando o Corinthians perde. E sempre vem alguém dizer pra gente: “deixa de ser trouxa, fica aí morrendo pelo Corinthians enquanto tá todo mundo rico”.

Viu porque essa frase do Vitor pegou mal?

Não é fácil ser Fiel. É muita provação.

Veja mais em: Vítor Pereira, Torcida do Corinthians, Dérbi e Corinthians x Palmeiras.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Rafael Castilho

Rafael Castilho é sociólogo, especializado em Política e Relações Internacionais e coordenador do NECO - Núcleo de Estudos do Corinthians. Ele está no Twitter como @Rafael_Castilho.

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