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O Nosso Coringão Heroico!
Rafael Castilho

Rafael Castilho é sociólogo, especializado em Política e Relações Internacionais e coordenador do NECO - Núcleo de Estudos do Corinthians. Ele está no Twitter como @Rafael_Castilho.

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O Nosso Coringão Heroico!

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Opinião de Rafael Castilho

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O Nosso Coringão Heroico!

Elenco do Corinthians comemora gol de Garro no Dérbi

Foto: Danilo Fernandes / Meu Timão

E no meio da semana uma menina se levantou. Levantou-se com o queixo erguido, batendo no peito, mais precisamente sobre o escudo do Corinthians.

Um gesto que poderia ser meramente singelo, mas significou muito. Quem conhece o Corinthians, sabe que somos muito mais do que o acúmulo de matérias, moléculas e corpos físicos. O Corinthians é pura energia.

A menina levantou-se e não se intimidou frente à uma horda de odiadores, haters, brutamontes, marmanjos e valentões.

O Corinthians ganhou. Uma vitória que nos tempos de vacas gordas poderia parecer igualmente singela. Mas, na vida do corinthiano, a gente aprende que é preciso ter humildade.

A gente sente uma coisa intuitiva dentro do peito. Mais ou menos assim: quando a gente fica “desumilde” o castigo vem à galope.

Precisamos sim celebrar as pequenas vitórias. Nossa história está repleta dessas gigantescas pequenas vitórias. Ou, caso prefiram, dessas pequenas vitórias (ou beatrizes) gigantescas.

A energia mudou!

Sim, cometemos muitos erros como instituição. Estamos pagando nossos pecados. Mas, eis que de repente, um gesto simbólico transforma a ordem cósmica das coisas.

A camisa do Corinthians tem caráter, como diria um velho amigo meu. Não aceita desaforo. A bola que bate na trave e entra, com garra e com Garro, pode decidir sair, caso não estejamos fazendo a coisa certa.

A gente aprende muitas coisas como corinthianos. Como eu disse, aprende a ser humilde e muitas vezes modesto. Como corinthianos, aprendemos a ganhar de pouco. Evidente, aprendemos também a perder (e como aprendemos).

Todo corinthiano aprende a sofrer. Aprende a superar. A gente aprende a torcer para equipes de jogadores muitas vezes inferiores do ponto de vista técnico.

Enquanto outras torcidas gritam quase sempre “vamos ser campeões”, a maioria dos nossos gritos remete à luta. Vamos meu Timão, não para de lutar! Vai Corinthians, vai, não para de lutar!
Vai, torcida Fiel! A gente aprende a lutar. Aprende a ter raça.

A única coisa que o corinthiano não aprendeu é conviver com um Corinthians que não seja heroico. Que não jogue o jogo como a gente vive a vida.

Saber perder é muito diferente de aceitar a derrota! O Corinthians não aceita ser humilhado. Alguns comentaristas esportivos e outros faladores, praticamente exigem que o Corinthians se agache. Não nos submeteremos! Entendemos todos os erros, alguns imperdoáveis, que ocorreram em nossa instituição. Vamos trabalhar duro para restaurar o Corinthians. Mas não iremos nos rebaixar! Vocês não irão nos dobrar!

O Palmeiras queria nos humilhar. Em certo ponto do jogo, poderiam ter decidido a partida, mas preferiram “colocar na roda”. Fazer golaços. A torcida gritar “olé”.

O Corinthians vivia grandes dificuldades dentro do jogo.

Nos erguemos. Fomos para cima. Não paramos de lutar. Jogada do Mosquito pela direita, ele encontra o Yuri Alberto. Gol! Meu estômago doeu um pouco. Minhas pálpebras tremeram. Os lábios se serraram. Olhei para o relógio. Essa porra de transmissão agora resolveu imitar os europeus e marcar os noventa minutos corridos. Para quê? Fiz as contas. Equivalia a quarenta e um minutos do segundo tempo. Sejamos heroicos! Vamos pra cima!

Fomos pra cima. Contra-ataque dos porcos. Meu querido Cássio demorou, quando saiu da área fez a falta e foi expulso. Bom, esperava a chegada do gigantesco Carlos Miguel. Opa! Não pode mais fazer substituições. O que fazer?

Yuri vai para o gol, disseram. Não, Yuri prefere ficar na linha e tentar empatar o jogo. Yuri também foi tomado por um novo fluxo energético. Valente!

Foi o Gustavo Henrique. Parecia eu jogando no gol, quando na pelada tinha aquela briga pra revezar na posição de goleiro.

Estávamos com um jogador a menos. No lance seguinte o jogador do Palmeiras deu uma joelhada criminosa nas costelas do Yuri da Fiel. Foi muito sujo aquilo que vimos. O jogo estava prestes a terminar. Mas o árbitro precisou dar mais um desconto, pois o Yuri da Fiel teve de sair de campo imobilizado.

Falta para o Corinthians. Engoli a saliva como se estivesse engolindo um caroço de abacate. Pensei (falei?): “Chuta direto, chuta direto”. Ele chutou.

A bola percorreu o céu em câmera lenta. Na gaveta! Goleiro fez que foi, mas tirou as mãos. “Para que meus inimigos tenham mãos, mas não me toquem”. A bola bateu na trave. Percorreu a linha do gol no sentido inverso. Foi gol. Meu Deus do céu, foi gol. Sim, estava na rede. Gol do Corinthians. Gritei, chorei, me ajoelhei, agradeci a Deus. “Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge”.

Não dá pra prever o futuro. Quanto tempo levaremos para levantar um caneco. Mas os corinthianos e corinthianas em irmandade se dão conta que as boas energias novamente estão nos permeando.
Todos batemos no peito e reconhecemos o Corinthians. Campeão ou não, o Corinthians que aprendemos a amar.

O Coringão heroico!

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Coluna do Rafael Castilho

Por Rafael Castilho

Rafael Castilho é sociólogo, especializado em Política e Relações Internacionais e coordenador do NECO - Núcleo de Estudos do Corinthians. Ele está no Twitter como @Rafael_Castilho.

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