Eliminação: escassez de talentos inviabiliza cultura de jogo
Opinião de Walter Falceta
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1) Primeiramente, parabéns ao grupo que envergou o manto sagrado no Maracanã. Atuação digna. Paixões à parte, no entanto, convém uma análise desta eliminação. Faz tempo que o Corinthians encontra enormes dificuldades quando precisa balançar as redes adversárias. Este time foi projetado para se defender vigorosamente e aproveitar estrategicamente os erros do adversário.
2) Nestas oitavas de final da Copa do Brasil, contra o Flamengo, fez o primeiro jogo em casa e sentiu o peso deste encargo. Ineficaz no ataque, tomou um gol na etapa derradeira da partida.
3) No jogo de volta, no Rio de Janeiro, não foi diferente. Exigiu-se da esquadra mosqueteira protagonismo no ataque. Novamente, se viu ineficácia. E, mais uma vez, no cerrar das cortinas, os fiéis sofreram ao ver vazada a meta de Cássio.
4) Para que a vitoriosa cultura de jogo estabelecida desde 2008 funcione, é preciso que a equipe constitua uma defesa sólida, um meio de campo criativo, além de força ofensiva lépida e decisiva.
5) Carille se vira, porém, com uma defesa modesta, cujo miolo agrega um zagueiro dado a bicudas e outro constantemente hesitante, ambos limitadíssimos no jogo aéreo.
6) O meio de campo vive de lampejos de um Sornoza, como na finalíssima do Campeonato Paulista, e do voluntarismo de volantes esforçados, como Urso e Ralf. O brilho de Jadson se apagou faz tempo.
7) Na linha de frente, o empenhado (e quase sempre solitário) Love parece sentir o peso da idade. Perdeu em mobilidade e agilidade. O leitor se lembrará de falhas bisonhas da retaguarda flamenguista que não foram aproveitadas pelo comando de ataque. Clayson, frequentemente emparedado pelos adversários, no setor esquerdo, pouco colabora para alterar este quadro.
8) Nada disso desmerece o empenho dos alvinegros nesta noite molhada de terça-feira, no Maracanã. Ressalto novamente: fizeram um jogo digno. E dominaram o Flamengo em longos momentos da peleja, especialmente no primeiro tempo.
9) Se nos viesse um gol salvador de Boselli ou Gustagol, estaríamos elogiando a esperteza de Carille. Falhou, porém, a tentativa. Portanto, vale notar que a saída de Sornoza e Urso desmontaram o meio de campo corinthiano e permitiram o avanço rubronegro, premiado com o gol de Rodrigo Caio.
10) Fica a pergunta: que futebol de qualidade nos apresentou Boselli até agora? Sua virtude é a força, a técnica ou o trabalho de pivô? Gustagol fora da área parece pouco capaz de contribuir para a trama ofensiva. Os dois, mais Love, mal municiados, compuseram um linha tripla de ineficiência no fim do embate do Maracanã.
11) Há um longo caminho pela frente na estruturação de um time que valorize a tradicional cultura de jogo que já nos rendeu tantos títulos. Evidentemente, exige-se o empenho de Carille, mas também de Andrés Sanchez e sua diretoria de futebol, até agora incapazes de premiar o apoio da formidável torcida corinthiana.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.