Frustração do torcedor em Itaquera tem justificativa
Opinião de Walter Falceta
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1) A torcida corinthiana desembarcou do metrô sem muitos alardes. A derrota em Salvador machucou a Fiel, provocou erosão da confiança.
2) No estádio, porém, fez sua parte, pelo menos no primeiro tempo, soltando a voz no apoio aos comandados de Carille. As organizadas cantaram em uníssono.
3) Esse ânimo, no entanto, arrefeceu com o passar pesado dos minutos. Depois de algumas pontadas ofensivas, o Corinthians satisfez-se com a marcação baixa. O Grêmio assumiu protagonismo na linha que divide o gramado, impondo intensidade à disputa pela bola.
4) Fagner, com bravura, resistia às investidas, por vezes triplas, de Fernandinho, Cortez e Luan. O chute murcho frustrou a conclusão do ex-corinthiano Edílson. Jô animou a torcida finalizando rente à trave.
5) Veio o segundo tempo e a equipe mosqueteira deu mostras de interessar-se pela trama ofensiva. Logo, entretanto, desistiu da empreitada. Após os dez minutos, entregou a posse de bola novamente ao visitante, que adiantou sua linhas compactas ao meio da cancha. Luan e Ramiro carregavam a bola horizontalmente, apenas policiados pelos alvinegros. As bolas despachadas eram aparadas por Geromel, o mais recuado sentinela gaúcho.
6) O meio de campo corinthiano cumpria seu papel costumeiro. Jadson e Rodriguinho abusavam dos passes errados. Criatividade? Nenhuma. Isolado, Jô raramente era acionado, exceto em bicões da zaga. Nas raras vezes em que foi servido com qualidade, parecia desprovido da necessária explosão muscular.
7) Gabriel imprimiu algum dinamismo à marcação. Seu companheiro Maycon, no entanto, confirmou o paradigma recente. Hesitante, raramente apoiou a ação ofensiva. Quando o fez, abusou da imprecisão. De modo geral, o Corinthians repetia seu desenho semicircular de troca de bola, ao modo handebol.
8) Na metade do segundo tempo, a arquibancada ainda cantava, mas em modo trilha sonora, interrompida aqui e ali por alguma animação fugaz. Torcidas inflamam times, sim, mas a manutenção desse entusiasmo depende de reciprocidade. O Corinthians do segundo turno não energiza a torcida. Houve quem protestasse, mesmo silenciosamente. "Chuta, chuta, chuta uma que seja", berrou a moça de cabelo black power. Não chutaram. Pelo menos, não de forma calibrada em direção à meta gremista. Um cone no lugar do arqueiro Marcelo Grohe não decepcionaria o técnico Renato Gaúcho.
9) A partida terminou truncada e tediosa. Alguém adiantou a tarefa da quinta-feira: "agora, de novo, secar o Santos contra o Sport".
10) Contentes e risonhos apenas o fiéis que contraíram núpcias no gramado durante o intervalo. Ah, e também seus parentes e amigos.
11) O segundo turno corinthiano é melancólico. Até agora, são 10 jogos com aproveitamento de apenas 40% dos pontos. Em casa, 46%. Anotou apenas 7 gols, o equivalente a 0,7 por jogo. Já tomou 9.
12) O metrô serpenteou discreto no retorno. Ainda se crê no hepta, mas se evaporou o júbilo de acompanhar o futebol mosqueteiro. O povo sonha com alguma magia, modesta que seja. Deseja-se o título. E também o fim deste arrastado campeonato.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.