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Gafe de Rosenberg gera indignação e revolta
Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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Gafe de Rosenberg gera indignação e revolta

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Gafe de Rosenberg gera indignação e revolta

Rosenberg: cobrado e contestado

Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Publiquei ontem um artigo em que analisava as polêmicas declarações do diretor de marketing do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg. Você pode ler aqui.

Depois disso, recebi várias notas, mensagens e comentários sobre o episódio. Peço licença ao leitor para reproduzir aqui dois deles, um do Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo e outro do Movimento Toda Poderosa Corinthiana (MTPC), que reúne torcedoras do Timão.

NOTA DE REPÚDIO DO FÓRUM ONG/Aids SP

O Fórum das ONG/Aids do estado de São Paulo vem através desta nota repudiar a infeliz declaração do diretor de marketing do Sport Club Corinthians Paulista, Luis Paulo Rosenberg, divulgada ontem. Usando uma analogia, cita uma mulher com teste de HIV positivo para explicar o seu ponto de vista.

Em meio a tanto preconceito, discriminação e exclusão, sua declaração em nada colabora para a formação de uma sociedade mais tolerante e solidária. Ao contrário, ao verbalizar em forma de ironia seu ponto de vista, o dirigente soma o peso do estigma que acompanha diariamente um grande número de brasileiros e brasileiras.

Esquece-se Rosenberg que vivemos numa sociedade machista, onde a mulher muitas vezes é reduzida a objeto e onde lhe são negados diretos, inclusive ao prazer. Há mais de 30 anos, quando a aids surgiu, luta-se para que o preconceito não avance e que a vida com HIV seja possível, cercada de cuidados médicos e ombros amigos.

Lamentamos que o dirigente de um time com forte presença nas camadas mais simples da população, grupo onde a aids surge com força e onde ações de inclusão são mais necessárias, se utilize de exemplos deste tipo para explicar seu pensamento. Tal afirmação ofende e fere milhares de torcedores que vibram com o Timão, e que se superam cotidianamente no viver com HIV.

Esperamos que aqueles que representam o “orgulho dos desportistas do Brasil” tenham mais sensibilidade ao lidar com temas delicados que ainda causam dor e restrições.

Rodrigo Pinheiro

Presidente

MANIFESTO DO MOVIMENTO TODA PODEROSA CORINTHIANA

O Diretor de Marketing do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg, ao comentar as dificuldades que o clube enfrenta para vender os Naming Rights da Arena, fez uma infeliz e preconceituosa analogia citando uma mulher com um teste de HIV positivo.

Primeiro de tudo, Rosenberg comete uma enorme gafe conceitual! O teste de HIV identifica apenas a presença do vírus no corpo e não a presença da doença em si. A Aids pode vir a se desenvolver no futuro ou não.

Pessoas soropositivas ao HIV sofrem uma enorme discriminação na nossa sociedade que, por falta de conhecimento, as isolam e as tratam como contagiosas, menos capazes ou dignas de pena. O soropositivo ao HIV não é e não deve ser tratado como um grupo inferior da nossa sociedade ou como um “produto menos qualificado”.

Cerca de 37 milhões de pessoas em todo o mundo convivem com o vírus HIV e com a Aids, de acordo com a ONU. HIV não mata. O que mata é a ignorância e o preconceito.

Em sua infeliz analogia, o diretor ofende também as mulheres – enorme parcela da torcida corinthiana e à qual o clube tem dedicado inúmeras campanhas para combater o machismo. Ao tratar a mulher como esposa perfeita a ser aceita pelo marido pelos seus dotes, o diretor coloca a mulher na posição de objeto avaliado pelo interesse masculino.

Mais uma vez, somos tratadas de acordo com nossas qualidades, atendendo ou não às expectativas do homem, como um adorno ao casamento e à satisfação masculina. Em algumas regiões do mundo, as mulheres que sofrem violência são 1,5 vez mais suscetíveis a se infectarem pelo HIV. E como bem sabemos, os próprios parceiros são, muitas vezes, esses agressores.

A fala de Luis Paulo Rosenberg carrega uma enorme carga de preconceito e ignorância, reflexo puro do que vemos tanto na nossa sociedade quanto no alto escalão do Parque São Jorge.

Sim, Corinthians. Apoiamos e agradecemos as várias campanhas contra o machismo no futebol e a violência contra a mulher. Mas fazer a diferença na sociedade significa não apenas ajudar a conscientizar o seu público mas, acima de tudo, acreditar de verdade naquilo que se faz!

A fala de Luis Paulo Rosenberg é mais uma demonstração de que belos vídeos de YouTube e grandes peças de publicidade são apenas trabalhos para serem aplaudidos pelos seus parceiros de negócios. Se nem a própria diretoria consegue se livrar do preconceito – e nem mesmo tem vergonha de verbalizá-lo publicamente –, estamos doentes por dentro. E nenhuma hashtag vai salvar isso.

Esperamos uma retratação do Diretor Luis Paulo Rosenberg às mulheres e aos soropositivos ao HIV.

MTPC

Veja mais em: Luis Paulo Rosenberg, Diretoria do Corinthians e Naming Rights.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Coluna do Walter Falceta

Por Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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