Ele é do Corinthians, já jogou na Venezuela e relata caos no país: 'Nunca saía de casa'
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Por Lucas Faraldo
País onde o Corinthians está hospedado nesta semana de treinos e decisão pela Copa Sul-Americana, a Venezuela já abrigou recentemente um atleta que hoje defende o Timão em outra modalidade: o ala/armador estadunidense Kyle Fuller, do basquete alvinegro.
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Em contato com a reportagem do Meu Timão, Fuller foi convidado a relatar o que vivenciou nos anos de 2016 e 2017 na terra presidida pelo polêmico e violento Nicolás Maduro. A realidade encontrada por lá era bem diferente da experimentada até então pelo jogador seja em sua recente vida em Los Angeles, nos Estados Unidos, ou até na difícil infância no Peru.
"Quando eu cheguei na Venezuela, estava muito diferente (do que eu sou acostumado). O país estava numa briga muito grande, sabe? Todas as pessoas estavam em briga contra a polícia, contra o presidente... Estava muito feio quando eu estava lá", contou Fuller, descrevendo os atritos que se intensificam a cada ano no país vizinho; recentemente, um mês antes de o Corinthians desembarcar lá, venezuelanos foram atropelados por tanques de guerra e fuzilados pelas forças militares durante protestos pela renúncia de Nicolás Maduro.
A situação econômica da Venezuela também ajuda a entender o cenário caótico relatado por Fuller. Quando o americano naturalizado peruano chegou ao país para defender as cores do Toros de Aragua na principal liga venezuelana de basquete, a inflação estava em quase 200% ao ano. Ao sair do país 12 meses depois rumo ao Novo Basquete Brasil, o ala/armador deixou para trás uma nação afetada por aquele mesmo índice então disparado em 700%.
"Não tinha pão! Estava muito difícil para pegar comida... Dinheiro lá não vale nada. Estava muito diferente para mim (do que eu sou acostumado)", reforçou.
Imagem de Fuller com fãs mirins na Venezuela em 2017
No fim das contas, o cenário não era muito diferente do encontrado ano passado pelos comandados de Fábio Carille na visita feita à Venezuela para enfrentar o mesmo Deportivo Lara, mas pela Libertadores. Como já reportado aqui no Meu Timão, os jogadores eram aconselhados a não deixarem o hotel por motivos de segurança. O policiamento era forte. A crise humanitária batia na porta: na calçada da frente, prostitutas se vendiam por 5 dólares.
"Eu nunca saía. Nunca, nunca. Estava muito perigoso. Sempre que eu ia para jogo, tinha polícia comigo, sabe? Estava muito feia a situação... Nunca podia sair de casa, especialmente à noite", lembrou Fuller, destacando claro que a rotina de treinos e jogos pela equipe venezuelana pela qual jogava era mantida dentro do possível:
"Os treinos eram normais, os jogos muito fortes, joguei contra caras igual Nate Robinson, da NBA. Então tinham caras muito bons lá. Mas o país estava muito mal", concluiu, citando o estadunidense ídolo do New York Knicks e ex-NBA entre 2005 e 2015.
NBA, NBB, Estados Unidos, Brasil... Realidades todas muito (mas muito!) diferentes da vivenciada já há um bom tempo pelos vizinhos venezuelanos. Vai, Corinthians! Mas "vai, Venezuela!" também. Timão e Lara se enfrentam nesta quinta à noite pela Sul-Americana.