Efetivação de Carille reforça falta de convicção da diretoria do Corinthians
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Por Vinícius Souza
Fábio Carille foi promovido a treinador do Corinthians nesta quinta-feira. Embora o profissional ostente números superiores aos dos últimos dois técnicos do clube, Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira, o anúncio da diretoria do Timão escancara um problema já conhecido da torcida: a falta de convicção de quem comanda o departamento de futebol alvinegro.
Escolhido para substituir Tite no Corinthians, Cristóvão Borges durou menos de três meses no cargo. O técnico baiano acabou demitido no dia 17 de setembro, após a derrota por 2 a 0 para o Palmeiras na Arena.
Naquela ocasião, o presidente Roberto de Andrade garantiu que Carille permaneceria à frente da equipe ao menos até o término do Campeonato Brasileiro. “Queria informar que o Cristóvão Borges não trabalha mais conosco. O Corinthians vai manter até o fim do ano o auxiliar Fábio Carille”, disse o cartola corinthiano em entrevista coletiva.
Foi com Carille, aliás, que o Timão somou pontos importantes na Série A e venceu o Cruzeiro em Itaquera, abrindo vantagem no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil – com o triunfo parcial por 2 a 1, o time poderia empatar sem gols no Mineirão para avançar às semifinais. O auxiliar/técnico interino, contudo, não foi bancado por Roberto & cia. e voltou ao antigo cargo, dando lugar a Oswaldo de Oliveira, que posteriormente seria eliminado do torneio mata-mata.
Fato é que a diretoria do Corinthians tem pecado ao tratar assuntos de interesse da torcida com descaso. Ao anunciar a saída de Oswaldo, por exemplo, o próprio Roberto confirmou que apenas um nome estava previamente vetado a assumir o comando do campeão brasileiro de 2015: justamente o de Carille. “No momento, temos que trazer um nome (de fora), não que ele (Carille) não mereça”, declarou.
Desde então, alguns treinadores afirmaram ter sido procurados pelo clube paulista – Guto Ferreira, Jair Ventura e Dorival Júnior –, mas alegaram estar compromissados com suas respectivas equipes. O principal alvo, então, passou a ser o colombiano Reinaldo Rueda, campeão da Copa Libertadores da América e finalista da Copa Sul-Americana com o Atlético Nacional (COL).
O insucesso nas tratativas com Rueda, que provavelmente será operado e se ausentará de parte do primeiro semestre de 2017, fez Roberto de Andrade quebrar a palavra novamente. Com viagem marcada para os Estados Unidos nesta quinta, decidiu efetivar Carille. “Estancar o sangue”.
“Ele foi a opção imediata. Se um cara falar que eu mantive contato com qualquer técnico do país em nome do Corinthians, ele tá mentindo. Especulações acontecerem. Eu vejo do outro lado um camarada que tem carreira, família, dizerem que ele foi descartado. A gente não descartou nenhum, não houve procura. Não teve isso. Em uma semana tivemos isso, outra teríamos mais dez”, defendeu Flávio Adauto, diretor de futebol do clube.
Carille foi promovido sob a promessa de que terá tempo para desenvolver seus conceitos de jogo e implantar sua filosofia. De acordo com Adauto, independentemente dos resultados obtidos no início da temporada, o pupilo de Tite fica até o fim do Campeonato Paulista. Se depender de quem manda no Corinthians, contudo, é melhor não se ater a promessas...