Citadini diz que Arena Corinthians não existiria sem Copa e não crê na venda dos naming rights
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Por Meu Timão
Uma das causas do momento de instabilidade financeira pelo qual o Corinthians passa está relacionada à dívida superior a R$ 1 bilhão referente à construção de seu estádio, a Arena, palco da Copa do Mundo de 2014. Para Antonio Roque Citadini, ex-vice-presidente do Timão, o débito exorbitante existe porque o clube aceitou abrigar a abertura do Mundial sob as condições impostas pela Fifa. Por outro lado, segundo o conselheiro, não haveria Arena Corinthians sem que a principal competição de futebol do planeta acontecesse em Itaquera.
“Eu defendi que o Corinthians deveria aproveitar o Mundial para ter o estádio. Sem o Mundial, o Corinthians não teria estádio”, disse Citadini em entrevista ao programa No Ar com André Henning. “Não é verdade. O Corinthians só teria chance de ter esse estádio se tivesse acoplado a Copa do Mundo. O Corinthians não faria o estádio se ele não tivesse corrido o risco dessa abertura da Copa do Mundo”, complementou o cartola.
“A verdade é que depois da Copa do Mundo tivemos uma grande reversão disso. São problemas que não são do Corinthians, são do país. O país hoje tem pouco investimento, a economia não cresce, o torcedor sem dinheiro, porque tem problemas de emprego, e esse problema atinge o Corinthians”.
Candidato de oposição nos últimos pleitos presidenciais, Citadini segue influente nos bastidores do clube e diz saber o motivo dos problemas financeiros da Arena – o Timão discute com a Caixa Econômica Federal um novo modelo de gestão do estádio, bem como a renegociação das parcelas mensais, hoje na casa de R$ 5 milhões.
“O estádio está lá. Nós precisamos resolver o problema. Quais são os três problemas básicos do estádio? Primeiro: o Corinthians precisa levantar o que está no contrato e não foi feito. Hoje a própria construtora (Odebrecht) reconhece que está faltando alguma coisa. Segundo: O que foi feito errado. Tem coisa errada, como tem nos outros. Olha o colapso que vive o Maracanã. E, terceiro, obras que o Corinthians questiona os preços. Essas três coisas, o clube precisa, em algum momento, colocar isso no papel, e notificar a construtora. O Corinthians precisa fazer isso, e é ai que eu digo que o atual grupo de dirigentes não tem condições para resolver essa questão”, criticou Roque Citadini.
O ex-vice corinthiano também tocou em um assunto delicado: os naming rights (direitos de nome) da Arena, avaliados em cerca de R$ 350 milhões, nunca adquiridos. Sincero, Antonio disse não acreditar que alguma empresa comprará o nome do estádio.
“O Corinthians tem a CID’s, que vai garantir o pagamento quase total de toda a despesa. Falemos do BNDES. O BNDES tem um empréstimo através da Caixa, que tem um plano de negócio feito, daquela época, de mais ou menos R$ 400 milhões, em número redondo, e esse plano de negócio foi para as ‘cucuias’, porque o país mudou, aquilo que era para entrar não entrou, o naming rights não vendeu e não vai vender. Nesse país não vai. Eu sou realista, torço para vender amanhã, mas quem é a grande empresa que aparecer?”, questionou.
“O que o Corinthians precisa fazer, e a Caixa quer fazer agora, é refazer o plano de negócio de uma forma, com a realidade atual, que ele sustente o empréstimo”, concluiu.
Novas regras – Há cerca de um mês, Corinthians, a Arena Corinthians e a Caixa Econômica Federal chegaram a um importante acordo referente à reorganização operacional do estádio alvinegro. Um novo contrato, com tetos de gastos e valores a serem destinados ao pagamento de despesas do empreendimento, substituirá o atual, sem condições de ser seguido à risca pelo fundo que administra a Arena, BRL Trust.